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Encolheram nossa comida! (06/01/2012)
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Seja bem vindo. Entre que a casa é sua, puxe um banco e vá sentando que aqui o mate está sempre quente!
Os dias tem sido escaldantes na porção mais ao sul do Brasil. Enquanto chove as buais em parte do centro do país. Enquanto agora parece que chove também às pencas nas planícies do Rio da Prata. Nossos vizinhos, Uruguai e Argentina.
O certo é que o que menos devemos tentar é aguentar ultimamente são das coisas do clima. A questão é como suportar todo este calor senegalês.
Obviamente morando em Novo Hamburgo já vi disso pra pior, pasmem. A questão é que não lembro de tantos dias a fio da mesma forma. Ontem caminhei ao sol do meio dia pelas ruas pouco arborizadas e muito concretadas de Novo Hamburgo e foi uma experiência daquelas que eu não gostaria de repetir mais.
Pior é que há promessa de pelo menos mais dois dias terríveis pela frente, sendo os dois últimos foram de bater recorde histórico.
Faz-se o que para fugir disso quando não há muito para onde correr?
Pois então, não sabemos. Eu não sei ao menos.
A questão nesses dias escaldantes é buscar sobreviver.
Viver, entretanto, não está nada fácil.
Boa semana a todos.
Mais uma vez, pelo segundo ano consecutivo, não fosse a pandemia, fatalmente estaríamos aqui falando da edição 2022 da mais tradicional festa de padroeiro que temos em São Chico, a Festa da Várzea, localidade que fica às margens da RS 474 (Rota do Sol), no entroncamento com o caminho a Bom Jesus.
Se teve alguém que conheci que não era muito apegado às coisas materiais da vida era o Sr. Afonso Gil da Silva, meu avô. O Vovô como chamávamos e sempre será lembrado com saudosismo e saudade, afinal, era uma figura ímpar em todos os sentidos. Sobre a falta de apego, veja-se, de quando eu me conheci por gente teve sempre o mesmo carro: um Chevette Ouro Preto 1982. Suas vestes eram bombachas sem floreios, camisa sempre de manga comprida e arremangada no calor (mania que peguei já que não uso camisa de manga curta). Um chapéu pra lida, mais judiado, e outro pra andar na cidade. Mas sempre os mesmos e iguais.
Enfim, um homem que tinha tudo o que realmente importava e que detinha valor, sem precisar se aparecer para ninguém.
Mas a coisa mudava um pouco de figura quando se tratava do cavalo dele, nomeado pelo mesmo de Baio. Era o seu xodó. Tinha uma estrebaria somente sua e nunca dormia ao relento. Era um animal bom de lida e muitíssimo bem cuidado. Eu e o Maicon, meu primo, tínhamos medo até de chegar perto dele. E o Baio parecia também em nada gostar que alguém lhe encilhasse à montaria, senão o próprio Vovô. Ambos tinham uma sintonia fina e sabiam o que era preciso fazer a cada nova campereada.
Depois do falecimento do Vovô, há quase 16 anos, poucos se aventuraram a montá-lo. Seu destino acabou sendo vagar pelos campos do Boqueirão a esperar o fim de sua jornada.
Pois bem.
Soube agora, pasmem, que o Baio ainda está vivo! Esta foto, dele já não tão dourado como era, afinal, o tempo é implacável com todos nós, inclusive com ele, foi tirada pelo Tobias, meu outro primo. Mas foi o Maicon que me mandou, lembrando de algumas boas histórias daquele tempo bom, poxa, e que tempo maravilhoso mesmo foi aquele que, infelizmente, não voltará mais.
Mas vendo sua imagem, deu pra matar um pouco da saudade do Vovô.
Quantos anos vive um cavalo? Eu achei que era por volta de 30. Mas, o Baio tem que ter bem mais que isso. Engraçado é que quando éramos pequenos tinha também a Baia, uma égua que nem dava mais montaria de tão velha que estava. Morreu com muito mais de 30 anos também.
Seria a água ou aqueles campos da Fazenda Boqueirão que tornam a vida mais longeva?
Não sei! Só sei que quem passou por lá certamente será eterno!
Saudade lá de Fora...
Boa semana a todos.
Pois vejamos que este BLOG DO CAMPEIRO chega ao seu 15º ano de existência, mais firme que palanque em banhado. esta, por exemplo, é a publicação de nº 1248.
Em 14 anos (começamos em 2008, inclusive) este espaço passou por algumas transformações editoriais, muitas advindas de novas realidades que surgiam. O foco principal ainda é falar da cultura e música gaúcha, além de coisas e causos do Rio Grande velho.
Mas ao longo do tempo também falamos das mazelas da vida e também não se deixou de criticar esse ou aquele, quase sempre políticos. Precisamos falar de política. Eu preciso voltar a falar de política, após mais de 3 anos.
Talvez este espaço volte a abordar do assunto vez ou outra. Talvez.
A volta gradual dos fandangos (agora com o freio de mão mais puxado em razão do novo aumento dos casos de covid) também movimentará ainda mais este espaço gaudério. Noticias e novidades do meio musical pampeano (inclusive das bandinhas) será abordado por aqui sempre que houver assunto.
Coisas do cotidiano e que sejam relevantes ao povo deste espaço, igualmente.
Enquanto vemos dessa (a política) e de outras possibilidades, siga nos acompanhando por aqui.
Puxe um banco e sente que a casa é sua! O mate? Este está sempre quente!
Boa semana a todos.
Já estão abertas as porteiras de 2022 e eu poderia vir aqui traçar planos e metas para o ano vindouro. Mas, não vou. O mundo já não nos mais permite pensar com tanto afinco no futuro e, particularmente, também já cansei de fazer projeções para minha vida. Não adianta ficar sonhando muito, quando a realidade que nos contorna não permite ir muito além do amanhã.
Chego a conclusão, e isso não foi hoje, apenas estou rememorando, que quanto mais simples é a vida, melhor. Vejamos o simples ato de tomar um copo de cerveja num boteco qualquer. Até isso hoje precisa duma cerimônia quando, não vai muito, bastava passar na frente, estar com sede e pedir uma estupidamente gelada. ficar ali bebendo com o livre pensar povoando, indo longe mesmo sem sequer se mexer na cadeira ou no banco junto ao balcão. Aliás, sequer se fazem mais botecos com os bancos juntos ao balcão. É velho demais. Sequer temos botecos raiz, é de se dizer.
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Eu sou velho e prefiro me sentir assim. Aproveito das modernidades, admito, mas gosto mesmo de carro antigo, de costumes e gostos antigos. Eu sou antigo. Ou saudosista. Chamem como quiser. Mas sou e ponto final.
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Mas, voltamos ao que interessa: a cerveja num boteco qualquer. Lembrei agora do velho Tertúlia em São Chico, 18 anos recém chegados, e eu já podia sentar numa mesa do mais antigo e tradicional bar de São Chico (ainda aberto) e pedir uma cerveja. Apenas pedi uma ao carismático Sarrafinho, famoso garçom, que na maior "cara de pau" me trouxe uma marca ruim - hahahaha. Figuraça!. Tanto faz, bebi igual, mas também aprendi: não basta pedir uma cerveja num boteco qualquer. Tem que ser "A" cerveja.
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Sou um apreciador de cervejas, porém algumas marcas tradicionais nossas eu não tomo mais. E já adianto que não fui eu que fiquei chato, foram as cervejas que pioraram. E muito!
Lástima!
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Numa dessas de beber uma cerveja num boteco qualquer, lembro-me de ter hospedado num hotel no centro do Rio de Janeiro. Pouco falam do centro do Rio sem ser de forma pejorativa, mas é só mais um como outro qualquer. Era um bar de esquina, tradicional e histórico. Tinham mesas, é bem verdade, mas fui direto para o balcão. Na época os cariocas tinham uma marca preferida que felizmente não era a minha, o que me dava maior chance da minha predileta estar mais gelada, afinal, saía menos. De fato estava estupidamente gelada. Aliás, cerveja bem gelada não é uma iguaria fluminense. Definitivamente não é. Mas aquela estava e com isso não foi uma cerveja que tomei. Foram muitas.
Certa altura da noite que já havia caído, experimentei o galeto da casa, outra guloseima que os cariocas apreciam. Espetacular! Ou eu estava já bêbado para sentir o gosto real. Mas prefiro pensar que era espetacular.
Não sei como cheguei de volta ao hotel, mas era próximo.
Só sei que, e podem me chamar de saudosista, talvez neste momento eu até nem queria estar tomando uma cerveja num boteco qualquer, mas naquele boteco do centro do Rio de Janeiro.
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Mas pra isso, preciso voltar a beber antes.
E matar a saudade duma cerveja num boteco qualquer.
Bom 2022 pra todos.
Abraço e boa semana.