terça-feira, 24 de março de 2009

Revolução

Sim eu sei, deveria ter postado um texto ontem e não o fiz. Não há uma obrigação real, mas sim moral frente a isso. Tive os meus motivos, não vale a pena trazer a tona os mesmos e segue o baile gauchada. Como de costume, gosto de me envolver em polêmica. Não pelo desejo de chamar a atenção, mas sim por ter opinião formada sobre a maioria das derrocadas sociais que afligem o nosso povo no dia-a-dia. Ontem aconteceu mais um destes exemplos: uma professora fora agredida por uma aluna, em Porto Alegre, dentro das dependências da escola. Sofreu a educadora traumatismo craniano frente a violência aplicada pela tal aluna, está hospitalizada e segundo entrevista a um periódico da capital, não mais voltará a lecionar no estabelecimento, palco do ato de selvageria. O mesmo veículo de comunicação questionou a agressora, que afirmou não estar arrependida em virtude das ofensas morais que diz ter recebido. Ora, não entrarei no mérito, contudo, creio que por pior que fossem as palavras o ato não se justifica. O respeito na relação professor aluno é imprescindível acima de tudo.
Por coincidência, obra do destino, ou qualquer outra descrição a cargo da inteligência de vocês, caros leitores, parece que há um caso semelhante ocorrendo em uma novela da Rede Globo de Televisão, faixa das vinte e uma horas. Digo parece, porque não acompanho novelas e seria leviano da minha parte querer opinar sobre tal fato. Contudo, antes de começar a escrita deste texto, tratei de me informar sobre a tal novela. No folhetim entitulado “Caminho das Índias” (será que Pedro Álvares Cabral participa?), há um grupo de jovens comandados por um tal de Zeca, bando de arruaceiros que não possui um mínimo de pudor e agride dentre tantas pessoas, os professores da escola em que estudam. O baderneiro chefe do bando, tem respaldo familiar para cometer os seus delitos, principalmente do seu pai (que parece ser um conceituado advogado) contemporizador das barbaridades cometidas pelo indivíduo. Vejam bem caros amigos, o quão enriquecedor da cultura do povo brasileiro são as novelas. As pessoas tem o privilégio de ter no Brasil a maior indústria noveleira do mundo. Aliás, nem sei como o nosso país ainda é considerado um estado de terceiro mundo.
Alguém por acaso discorda da minha modesta opinião, de que certamente esta aluna da nossa capital foi acossada pelo sentimento de que passaria impune a agressão que fizeste para a sua professora? Acho que não né? Tenho certeza que não! O fato é que estas novelas infelizmente distorcem a realidade que vive o povo brasileiro. Os pobres nem são tão pobres, tudo é motivo para festa e os problemas se resolvem em um piscar de olhos. Aí alguém vai gritar que a novela pode ser considerada uma obra ficcional. Concordo. Porém, num país como o nosso, onde o povo utiliza-se (para nossa bancarrota) da televisão como maior instrumento de lazer, educação e cultura, deveria haver uma maior preocupação, por parte dos autores de novelas, frente ao conteúdo exposto e a forma como este é mostrado. Eu sei diferenciar o certo do errado, vocês leitores também, mas nem todos tiveram oportunidades na vida e tem a habilidade que nós temos. Quando que o interesse vai deixar de ser apenas comercial e financeiro? Eu mesmo respondo: nunca!
É chegada a hora da revolução cultural deste país. Onde o livro se torna a principal fonte de riqueza intelectual, onde o professor seja a classe mais bem remunerada do país, onde o aluno utilize-se da escola apenas para aprimoramento da sua inteligência e não delinqüência. É chegada a hora de lembrarmo-nos da onde viemos e sabermos para onde vamos, e que certamente não será a televisão que nos mostrará o caminho.

Abraço e uma boa semana a todos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Campeiro.

Vagando pela internet deparei-me com seu blog. Não consegui visualizar seu perfil (problemas da minha máquina) contudo, quero dar-lhe os parabéns pelos temas abordados e pela maneira que desenvolve-os. Somos conterrâneos lá de São Francisco de Paula e identifiquei-me na forma de exaltar nossa terra. Meu nome é Léo Ribeiro e escrevo trabalhos para diversos artistas regionais. Dentre algumas obras de minha autoria estão: Gaúchos do Litoral e Brasil de Bombacha; além de alguns livros de poesias editados. A você um abraço e continue nesta causa do tradicionalismo puro e autêntico.

Léo Ribeiro