segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Da ação a ser tomada

Quando as coisas teimam em bater a nossa porta, é porque há algum fundamento mais objetiva em tal visita. Quando as situações se repetem de forma mais intensa e matreira é porque algum ensinamento devemos tirar de tudo isso. A época era final do ano de dois mil e oito, início de dois mil e nove. Utilizo-me deste espaço para fazer quase que um apelo a todos vocês leitores deste blog, na esperança que minhas linhas traçadas ganhem a imensidão e sirvam para que alguma coisa mude. A mais ou menos um ano, ou um pouco mais, tratei aqui do absurdo natural que estava assolando nosso patrícios lindeiros, o povo do estado de Santa Catarina. Chuvas torrenciais, cidades embaixo d'água. Morros vindo abaixo, casas soterradas. Vítimas fatais. Recordo-me que no ato eu pedi para que todos nós puséssemos nossa consciência em funcionamento passando a dar um pouco mais de atenção para a mensagem que a natureza estava querendo nos passar. Passaram-se os meses, o povo catarinense ainda reconstrói suas casas e sua vida, contudo, a natureza ainda tenta nos avisar que ela precisa de socorro. Os acontecimentos agora também são no Rio Grande. Cidades alagadas, destruídas pela fúria dos ventos. Pontes vindo abaixo sob a força da água. Vidas que se perdem. Até quando? Até quando? Questionamento repetido, mas que, ainda assim, não tem resposta. Se não se sabe o porque começou, deve-se ter uma idéia, afinal, se só tiramos é evidente que o vazio se prospera e depois fica muito mais difícil de se repor.
No dito texto mencionado, não ausentei os nosso amigos catarinenses da culpa. Isso porque, o ímpeto comercial imobiliário o transformou em personagens sedentos pelos frutos financeiros originantes, de tal forma que, na falta de espaço para o crescimento, começou-se a invadir as encostas dos morros transformando o que antes era mato em lotes e terrenos, por fim, casas. Na maioria dos casos, belas casas por sinal. O resultado disto também atende pelo nome de desgraça. Mas este problema não é exclusivo do estado de Santa Catarina, e a realidade está aí nos mostrando isso. Na virado do ano, começo deste corrente, vimos um tremendo e triste soterramento de uma pousada no litoral fluminense, mais precisamente na cidade de Angra dos Reis. Como nunca tive o privilégio de conhecer tal cidade, não posso dizer que a própria construção contribuiu para o desfiguramento do morro de tal forma que o mesmo parcialmente tenha desmanchado-se frente a adversidade do clima. O que há de ser dito, porém, é que independente ou não da “responsabilidade” da construção da pousada frente ao acontecimento, vidas se perderam e isso é o que tem que ser levado em consideração. Até quando o nosso poder público vai continuar sendo omisso, não fiscalizando e proibindo este tipo de construção em encostas? Sei que talvez a realidade do nosso país acabe transformando isso num problema social em virtude do déficit habitacional declarado que possuímos, no entanto, alguma medida tem que ser tomada. É inadmissível ter que aceitar o choro do rapaz lamentando a perda de sua mulher. Recém casados e em lua de mel. Este choro não dever ser taxado por pena e sim por ação. E é o agir que se espera neste momento.
Pra completar o texto desta semana, uma vez que em virtude de compromissos profissionais não poderei escrever nesta sexta-feira, reforço o apelo que fiz nas linhas anteriores deste sob a necessidade de termos consciência que a natureza e de todos nós, e assim sendo, há uma necessidade ainda maior de exercermos um papel de zelo perante ela. A realidade tem nos mostrado que as bruscas mudanças climáticas que vêm nos assolando nos últimos tempos se devem muito a omissão e ao desdém de cada um de nós. Não é hora de dizer que a maior culpa é do fulano ou sicrano, é hora de dizer o que eu, você, enfim, nós, faremos para tentar reverter a bancarrota natural que nos aflige. Demagógico e utópico este meu pensar? Não. Nada em nossa vida, repito, nada em nossa vida vem de mão beijada. As nossas vitórias geralmente vêm a base de muito esforço e suor e, inevitavelmente, partem dum primeiro passo. É chegada a hora da conscientização mútua da necessidade do primeiro passo. Afinal, não tem outro jeito!
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Forte abraço e uma boa semana a todos.

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