segunda-feira, 14 de maio de 2012

O sistema é bruto

A visita que fiz ao Presídio Central, sexta-feira, serviu para eu constatar algo que já suspeitava: está ruim, mas não é essa desgraça toda que pregam por aí. Imagino que o melhor seria desativá-lo, certamente, mas há soluções paliativas que podem melhorar um pouco a situação do estabelecimento prisional. Primeiro, que por ser cadeia pública, deveria receber apenas condenados em aguardo do trânsito em julgado, ou seja, decisões que não cabem mais recurso. Pelo que constatei, sendo assim, sobrariam vagas no Central, que hoje possui cerca de 1200 “leitos”. Partiríamos do pressuposto que, dentro de sua capacidade, melhoraríamos as condições dos apenados de forma substancial, atendendo os anseios sociais de cada e, consequentemente, da sociedade que clama por melhores condições da casa.

Nesse sentido, é que sou contra às constantes tentativas de alterar dispositivos legais de modo a majorar as sanções criminais. Uma pena mais alta só deixará o criminoso mais tempo na cadeia e não, o fará refletir acerca de sua conduta negativa. Depois, que se construam novos presídios. Nunca fui a favor. Sempre achei que criminalidade se diminui com educação, mas, por vezes temos que passar por cima de algumas idéias ou convicções em prol de um bem maior. Ou então, pra evitar que a idéia de desgraça seja completa.

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Falando nisso, a eventual aliança entre PCdoB e PP em Porto Alegre é bastante insólita. De um lado, um esquerdista defensor da classe trabalhadora, com posições até então radicais; de outro, um direitista defensor dos proprietários, com posições até então conservadoras. Afinal, tal união tem como dar certo? Ao ser entrevistado pela Rádio Guaíba, o Deputado comunista Raul Carrion, pareceu aderir à inóspita realidade brasileira de que “eleição não é momento de ideologia, mas de política”. Ta bom, é por aí mesmo. São Chico que o diga: poderemos ver em 2012 alianças impensáveis e inacreditáveis. Mas podemos e devemos ficar tranqüilos, afinal, a culpa é do sistema.

Grata surpresa é a Senadora Ana Amélia Lemos. Seus anos como jornalista em Brasília lhe deram uma habilidade que poucos têm: a de política. A política Ana Amélia, ao propor e defender esta aliança estranha com o PCdoB, busca na verdade, não uma posição de vice para seu partido numa chapa liderada pela cobiçada Manuela D’ávila, mas sim, os votos que a jovem Deputada poderá lhe proporcionar em 2014, quando será candidata ao Governo do Estado. É simples assim. Aliás, é também simples assim concluir que no Brasil, política não é uma questão de ideologia e perseverança, mas sim, apenas e tão somente, de poder e da busca por ele. É Senhor, olhai por nós cidadão de bem, porque aqui, o sistema é bruto.



Abraço e boa semana a todos.

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