terça-feira, 9 de outubro de 2018

Embocadura à política

O Brasil, no último domingo, vivenciou mais um episódio democrático em sua história, amparado pela nossa Constituição Federal que, na sexta-feira - dia 05, completou 30 anos de vida. Não sem, vez ou outro, sofrer ameças de sumir por algum ralo, ao bel prazer de quem sonha em comandar o país fazendo de conta que sob égide de uma democracia.

Pois em nível de eleição presidencial, vamos ao segundo turno com o país quase que dividido ao meio, por ideias antagônicas e perspectivas diferente para o país. Há também uma aversão muito acentuada contra um lado, por culpa dele mesmo. Ora, quem planta vento quase sempre o que colhe é tempestade. Mas, do outro lado, as divergências também se apresentam, justamente sob a suposta ideia de que o risco à democracia é latente e aos direitos constituídos a duras penas pelo ideal de liberdade política e social. Comunga a tudo isso, se é que é possível, uma histeria quase generalizadas, com cada qual falando isso ou aquilo, como se o mundo (ao menos para o Brasil) fosse acabar ao final do segundo turno, que pelo que ouvi dizer será no dia 28, agora de outubro.

E o que eu penso sobre tudo isso?

Bom, vou chegar lá, mas não sem antes recuperar um pouco da minha realidade para com a política.

A relação que tenho com a política vem desde o ventre da minha mãe, afinal, enquanto ela aguardava meu nascimento meu pai coordenava campanha política. Óbvio que meu engajamento para com ela não podia cair muito longe do pé, tendo se aflorado no ano de 1998, quando passei a entender melhor o que tudo significava e a formar minhas convicções, inclusive, partidárias.

E por aí foi, ao longo do tempo de escola, se consolidando o meu interesse para com a política, que teve seu ápice nos últimos dois anos de colégio, quando enfrentei o peso das urnas numa disputa pelo grêmio estudantil. Com a chegada à faculdade, a bem da verdade pensei, a expectativa era de que minha relação com a política ganhasse novos contornos e que eu fosse, afinal, adentrar no mundo partidário.

Mas isso não aconteceu; pelo contrário. Aliás, cumpre referir aqui que nunca fui filiado a partido algum. E chego, hoje, um tanto quanto feliz por isso.

Como dizia, na faculdade, ao invés de adentrar em definitivo para a política, e aí se insurge a partidária, acabei por fazer o contrário: deixei adormecer o meu gosto particular por ela. E isso fez eu perder a embocadura para a coisa, inclusive para falar.

Essa dificuldade eu já havia notando ao longo dos tempos, se acentuando nessa eleição de agora que é a mais acirrada dos últimos tempos. Nota-se que o voto para Presidente e Governador decidi já defronte à urna. Para deputado, um voto foi na opção menos perniciosa e o outro por um compromisso moral que tinha para com um candidato, e eu não esqueço dessas coisas. Para o Senado votei pela perspectiva de renovação, e talvez tenha sido os votos menos difíceis de decisão.

Perdi a embocadura para tratar de política. É a mais pura verdade.

Tanto o é, que já ao longo da apuração acabei por fazer um comentário infeliz a um amigo, desnecessário, enfim. E a realidade é tão latente que, somente ontem, um dia após o fato, compreendi o que eu realmente queria dizer. Já tarde, todavia, afinal, algumas coisas ditas só o tempo pode conduzir ao esquecimento, ainda que minha intenção não tenha sido apontar esse ou aquele, senão eu mesmo, falar da minha perspectiva...enfim. Tampouco quis ofender ele ou qualquer pessoa que fosse.

Mas, a verdade, é que perdi a embocadura para tratar de política.

E, com isso, entendo que não detenho condições de opinar sobre o segundo turno para as eleições presidenciais e estaduais. E, portanto, não o farei. 

Evitarei, a partir de agora, tratar do tema. Ao menos com argumento de autoridade. E se for insistido, vou educadamente pedir desculpas revelando que preciso seguir minha vida, o que sempre fiz sem depender da política e, por isso, vou me abster de qualquer comentário.

E é bem melhor assim, pois, de tudo o que mais importa na minha vida, a política hoje em dia não faz mais parte.

Boa sorte ao Rio Grande e ao Brasil.

Abraço a todos.

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