quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Maradona: o Deus e o homem

Não tenho o costume de falar muito de futebol por aqui. Em mais de uma década acredito que dá para contar nos dedos as vezes que assim o fiz. Mas a questão, desta vez, é deveras relevante:

Morreu o mito Diego Armando Maradona, que “com a bola foi um Deus; sem a bola, foi humano”, como muito bem definiu Paulo Roberto Falcão (outro mito, o da camisa 5 Colorada).

Acho que além das palavras de Falcão eu não preciso ir. Todos os amantes do futebol (e mesmo os que não o são) sabem quem foi e o que jogou Maradona; assim como todo mundo sabe o que ele enfrentou em sua vida de “normal”, sem a bola.

Corrijo-me, aliás, no tempo verbal: Maradona é e sempre será. Não à toa que mesmo os seus rivais mais acalorados, lamentaram sua morte (vide a homenagem do River Plate), e assim o farão por bastante tempo. A genialidade de Diego ultrapassa a fúria da realidade, afinal, Maradona é um ser superior; uma entidade. Nem todos param uma nação: pois a Argentina parou e assim permanecerá por um tempo. Seus compatriotas choram a sua morte e o mundo lamenta, afinal, quem fica não chega aos pés de quem vai. Neste mundo superficial, vai sobrando pouca coisa em que possamos nos agarrar para ter fé em seguir em frente. Mesmo no futebol.

Aproveito para parabenizar o Sport Club Internacional, pela justa homenagem ontem a noite, deixando as membranas do Beira Rio nas cores da Argentina.

Obviamente, não julguei começar o tema de hoje com tema diverso.

Meus sentimentos à família, aos amigos e ao povo argentino e aos amantes do futebol de verdade.

Vá em paz e obrigado por tudo, Maradona!




***

Com esta postagem termino também novembro.

Será que o final do ano e o espírito natalino farão do final dessa porcaria de 2020 algo menos pior?

Confesso, a esperança é pequena.

Que venha dezembro!

terça-feira, 24 de novembro de 2020

O romantismo se vai aos poucos

Nunca escondi aqui que venho duma família com certa relação com a política, mais precisamente a política de São Francisco de Paula. Era um bebê ainda e tinha as atenções do meu pai divididas com uma campanha eleitoral; cresci, pois, num ambiente eleitoral e assim foi, pelo menos, até  ano de 2004. Depois foi arrefecendo, quando em 2008 eu manifestei pela última vez minhas predileções, já sem o mesmo ímpeto de antes. Nunca fui filiado a partido algum, todavia. Meu pai, há anos deixou a vida partidária e, inclusive, sequer mais vota em São Chico, e isso já faz tempo.

Perdi (ou perdemos) a embocadura de forma tamanha, que o resultado das eleições em São Chico esse ano me surpreendeu bastante. Não tanto o vencedor, mas a diferença para com o segundo colocado.

Enfim.

A realidade é que mais claro ainda eu já fui aqui, do quanto sou saudosista. Não acho que eu tenha largado a política, mas sim ela que me largou. Sei lá, mas ainda acredito num romantismo que hoje certamente já não mais existe. Do tempo que as pessoas ainda acreditavam num propósito e lutavam por uma ideologia. A meu ver, data vênia, politica e ideologia hoje em dia sequer coabitam mais.

Disse tudo isso como prelúdio para expressar aqui meu lamento pelo falecimento de Sérgio Bandoca Foscarini da Silva, o Bandoca. Vereador em São Chico por quatro oportunidades e prefeito da minha cidade entre os anos de 2001 e 2004. Não nos alinhávamos no pensamento ideológico na maioria das vezes; tampouco, admito, alguma vez fui seu eleitor. Mas reconheço que fora um homem público dedicado a sua causa, um apaixonado por São Chico de Paula, como ele mesmo se referia, e como disse em algum comentário em rede social, admirado por adversários e correligionários políticos, ao mesmo tempo, o que é para poucos, convenhamos.

A meu ver, Bandoca era um político por profissão. E extremamente competente nisso. Para ele, a política não começava às vésperas de um pleito, mas se dava a cada novo dia. Quem, afinal, podia não gostar de ser chamado de "meu negrinho" ou "minha negrinha" cada vez que era avistado por ele?

O exemplo do que vos falo está nas palavras do Dr. Décio Colla, que além de médico é um grande político da cidade, talvez o maior "rival" do Bandoca, no que tangia a projeto político:

"BANDOCA

QUANDO CHEGUEI AQUI HÁ 52 ANOS ATRÁS VOCÊ ERA UM GURI DE 17 ANOS, ESTRABULEGA, HUMILDE, ALI DO CIPÓ, FILHO DO BANDOCA DO ARMAZÉM. E JÁ PROMETIA, ERA METIDO, FALAVA GROSSO E ALTO E ESSE GURI CEDO ENTROU PARA A POLÍTICA, COM UM FORTE APELO POPUPLAR QUE O NORTEOU POR TODA SUA VIDA, SEMPRE SE LEMBRANDO DE AJUDAR O PRÓXIMO. QUE BOM QUE FOI ASSIM.
POLITICAMENTE SEMPRE FOMOS ADVERSÁRIOS, ADVERSÁRIOS MESMO, MAS SEMPRE FOMOS LEAIS E NÃO TEM COISA MAIS LINDA QUE SER LEAL, NUNCA PRECISAMOS DE SUJEIRA OU DESLEALDADES. QUANTAS VEZES PERDEMOS OU GANHAMOS SEMPRE EM JOGO LIMPO. DIFERENTE DOS TEMPOS DE HOJE QUANDO A TECNOLOGIA NA MÃO DE MAUS E O EXCESSO DEDINHEIRO EMPORCALHAM E INVERTEM RESULTADOS.
E HOJE PERDEMOS VOCÊ. NUNCA NO INÍCIO DA MINHA VIDA PÚBLICA, QUANDO AINDA BEM JOVEM E INEXPERIENTE,IMAGINEI QUE CHORARIA POR UM ADVERSÁRIO POLÍTICO, MAS HOJE CHOREI POR VOCÊ BANDOCA QUANDO RECEBI A NOTÍCIA E A FUNCIONÁRIA QUE CUIDA DA MINHA CASA GRITOU CONSTERNADA “ O TIO DÓCA? “. “TIO DÓCA” QUER DIZER O HOMEM HUMILDE DO CIPÓ, O QUE SE PREOCUPA COM OS OUTROS, O QUE PROTEGE, E AJUDA. AÍ O TEU VALOR, UM SER HUMANO E ADVERSÁRIO LEAL. É UMA PERDA MUITO GRANDE PARA TODA SÃO FRANCISCO.
TRISTE PARA NÓS,MAIS TRISTE E DOLOROSO PARA OS FAMILIARES ACOSTUMADOS COM SUA VOZ DE COMANDO QUE AGORA SILENCIA. MAS UMA COISA NOS CONFORTA, FOI RECEBIBO PELO SEU PAI E PELA SUA FILHA TÃO AMADA, CERTAMENTE DE BRAÇOS ABERTOS COM AQUELE SORRISO LINDO E DOCEQUE VAI SABER CONDUZÍ-LOEM DIREÇAO À LUZ E À
PAZ.
UM GRANDE ABRAÇO À FAMÍLIA QUE, NESTE MOMENTO DE TANTA DOR, TEVE A GRANDEZA DE DOAR OS ORGÃOS, COROANDO COM ESTE GESTO O TIPO DE VIDA E DE ENTREGA QUE ELE SEMPRE TEVE AOS SEUS SEMELHANTES."


E com estas belas palavras do Dr. Colla, reitero meus sentimentos à toda família do Bandoca, por esta triste perda.

Penso que com o falecimento do Bandoca, mais certo estou eu que o romantismo que rondava a política (a velha é claro) se vai aos poucos.

Imagino, pois, também, que no que tange a política, parece que eu segui a minha vida e ela foi ficando pelo caminho.

Em suma, preciso registrar que a realidade é de se lamentar.

O tempo passa e a vida está cada vez mais implacável.

Implacável!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Novos dias para ser feliz

Finado o pleito eleitoral na região onde mais convivo (sinos, paranhana e hortências), lembrando que não há segundo turno em nenhuma cidade dessas, parece que o mundo vai voltando ao normal. Inclusive as notícias quanto ao aumento dos casos de covid, que já vinham transparecendo na maioria dos lugares, mas com pouca divulgação na mídia, afinal, não era esse o interesse. 

Mas, afinal, já temos prefeitos e vereadores em todas as cidades da localização acima descrita, já que não há eleitos "sob judice".

De antemão, aproveito para parabenizar todos os eleitos.

No tocante aos cargos de prefeito, a principal mudança se dá na cidade de Taquara, onde houve uma ruptura com a gestão atual e os cidadãos elegeram a Professora Sirlei, a primeira mulher a ocupar o posto de prefeita cidade. Em Três Coroas, também o atual prefeito não conquistou o eleitorado para mais um mandato.

Ademais, ou houveram reeleições ou os candidatos indicados pelas atuais gestões se sagraram vitoriosos. Isso demonstra, pois, que de regra a população tem entendido que a continuidade dos projetos tem sido o melhor caminho, o que tem certa lógica quando parece claro que mudanças abruptas sempre trazem certos problemas. Primeiro é o do tempo, já que quem entra terá de se inteirar de tudo primeiro para somente depois passar a agir. Segundo que diferenças ideológicas muitas vezes impõe a descontinuação de benfeitorias interessantes e importantes ao munícipes.

Mas, enfim, é apenas uma análise superficial deste que vos escreve.

Das cidades que mais convivo, Sapiranga, Novo Hamburgo e São Francisco de Paula, vai a minha felicitação aos eleitos, respectivamente: Carina Nath, Fátima Daudt e Marcos Aguzolli. Estendo também, aos vereadores e vereadoras.

No mais, desejo sucesso a todos os eleitos, afinal, o povo quer ser feliz!

Novos dias pela frente. Quatro anos é bastante tempo e uma cidade pode progredir ou involuir no período. Acho pouco provável a segunda afirmação, nos tempos de hoje, mas isso não significa que os prefeitos e prefeitas tenham margem de erro. Não tem!

De agora em diante é arregaçar as mangas e trabalhar. Vocês foram eleitos para isso. O povo, repiso-me, quer ser feliz.

Ser feliz!

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Chegou a hora!

Da maior festa da democracia. É através do poder do voto, caros cidadãos, que cada um de vocês manifesta a sua vontade e elege aqueles que irão lhe representar para fazer tudo aquilo que a sua cidade precisa, para buscar o desenvolvimento da sociedade e para que vocês possam ser felizes onde moram.

Chegou a hora de ser feliz!

Durante 45 dias muitos bateram a sua porta, quer pessoalmente (embora não recomendado) ou através das suas redes sociais, apresentaram propostas e programas de governo, tudo como escopo de um novo tempo para o seu município.`

É na cidade que tudo acontece. Costumo falar abertamente que uma proposta de reforma tribuária verdadeira passa, a rigor, pela inversão da pirâmide, restando aos municípios a maior parte do bolo. Sabe porquê? Pois a prefeitura na maioria das vezes faz por você meu senhor e também a você minha senhora, coisas que sequer a lei lhe exige. E faz isso para o bem estar do seu povo. 

Diante dessa realidade, pense na responsabilidade que é depositar o seu voto em alguém. Não devemos votar no amigo ou na indicação, mas sim naqueles que efetivamente demonstram respeito para com você. Para com aquilo que a cidade precisa e, principalmente, para com o respeito a coisa pública e ao cargo que almeja.

Chegou a hora de mudar a sua vida!

Sim, pois é através do seu voto que melhoramos a qualidade dos nossos políticos e, com isso, melhoramos nossas ruas, praças, postos de saúde, escolas e tudo mais. Veja só, portanto, a importância do seu voto. 

A importância do seu voto.

Se a eleição é a festa da democracia, não tenha dúvida que você é convidado de honra.

Chegou a hora minha gente. De ser feliz!

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Chasque pré eleições

O processo desta vez está sendo diferente (ou deveria, ao menos) quer por causa da capacidade financeira diminuída dos candidatos e partidos, mas, principalmente, devido à pandemia que proibiu determinadas ações até então tradicionais. Não credito a essa proibição, todavia, a ausência de comícios, pois, esse passou a ser um evento cada vez mais restrito com o passar dos anos. O que é uma pena. Tantos bons comícios tive o privilégio de assistir.

Faltam, enfim, 5 dias para as eleições. 

É o momento de buscar os últimos votos. É o momento derradeiro, também, para convencer os eleitores da importância de votar, afinal, a pandemia irá afastar muitas pessoas das suas seções eleitorais.

Boa sorte a todos. Mas, lembrem-se: não serão 5 dias apenas que suprirão uma campanha até então vazia.

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Tenho uma relação aproximada com algumas cidades, por razões diversas. No domingo, dia 15, logo, estarei acompanhando os resultados atentamente. Torcendo para o melhor de cada uma delas.

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Também tenho alguns amigos e clientes candidatos. Partidos e ideologias diversas. Também desejo sorte a todos. No jogo democrático, a pluralidade de ideias também é muito pertinente quando há uma tentativa de se criar maioria burra.

Oposição é saudável pois não deixa a zona de conforto ganhar asas.

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Mantenho minha posição absolutamente contrária à reeleição. 

Boa reta final de campanha a todos. E acima de tudo, paz!

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O vento e o tempo

Há três dias que já venta, afinal, finados sem vento não é finados. Já abordei o assunto por aqui mais de uma vez. Sequer vou adentrar no mérito da importância da data, afinal, não é feriado por acaso. Quanto a questão do vento, não sei se há uma mística em torno do tema, se os mortos transitam mesmo por aqui por estes dias, mas, na dúvida, assista ao filme de animação chamado "Viva - a vida é uma festa". Além de restar nele uma excelente lição de vida (e da morte), serve para criar uma ideia (em perspectiva) de como poderia ser a questão (afinal, vivemos muito mais em dúvida que na certeza), além de ser um excelente filme como um todo.

E se a vida é uma festa, aproveite isso e viva a sua bem, respeitando quem já foi. Dúvida não há, todavia, que vivemos aqui é de passagem.

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E é esse contexto do tempo, que quis abordar também. Até para não tornar o tema do vendo de finados piegas, requentando a cada ano por aqui.

Dei-me conta, felizmente sozinho, que as complicações da minha vida na grande maioria do tempo são patrocinadas por mim mesmo. 

Por exemplo, na última década criei uma mística acerca da virada do ano. Tinha que ser daquele jeito e ponto final. Uma bobagem. Pouco importa onde vou estar, e sim o que farei para que o ano vindouro passa ser efetivamente melhor e mais produtivo que o anterior. Não é muito diferente disso, afinal. Então, acho que esse ano sequer vou cogitar repetir os anteriores. Sei que é cedo para discutir isso e até parece que já quero o final do ano 60 dias antes, mas eu sou uma pessoa difícil - admito; tenho lá meus ranços e minhas convicções (muitas tolas - também admito). Assim, melhor eu mesmo ir me preparando com antecedência, até para eu mesmo não cair na contradição de fazer a mesma coisa de sempre, esperando resultados diferentes para o futuro.

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O tempo, convenhamos é implacável. Meu filho, o Bernardo, já não fala mais "ombinus" ao invés de ônibus, afora outra tantas palavras que eram diferentes e soavam tão 'bonitinho'. Ele vem crescendo e compreendendo o mundo muitas vezes sozinho, já que praticamente não teve escola neste ano.

E eu como pai, as vezes, mal consigo enxergar que não vai muito ele já terá ainda mais vontades e eu não criei um tempo para ver, justamente, este tempo passar. Redundante, assim como é a vida.

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Perdi momentos únicos de vida ao só com o passar do 'tempo', entender que eu sou advogado e vivo disso, mas não posso viver para isso. Quantas férias eu abri mão? Ou quantas vezes fui correndo para algum lugar, só que com a cabeça aqui, imaginando como estariam meus clientes e o que eles pensariam caso precisasse e eu estivesse fora "passeando".

Cara... como realmente eu sou um tolo.

Menos mal que, enfim, eu me dei conta disso.

Preciso me dar conta que a vida eu preciso viver de forma mais leve e que as coisas vão acabar acontecendo se for este o destino.

Preciso sentir o vento bater na minha cara. Preciso entender que o tempo não volta e cada parte dele que eu perco foi um período precioso que ficou para trás.

O vento e o tempo. Tão parecidos, afinal. 

Boa semana a todos.