terça-feira, 31 de julho de 2018

Dias cinza

Mais um mês que fecha as cancelas. Se vai julho e se vem agosto, que outrora já foi meu desgosto mas hoje eu muito comemoro. Mas sobre o mês vindouro ainda temos bastante tempo para tratar, então, é sobre julho e algumas considerações que falarei neste derradeiro texto do mês que entrega os pontos.

Quem bem me conhece sabe o quanto gosto de Londres. É uma cidade que me encanta. Tanto que no escritório tenho três quadros alusivos à cidade e mais umas parafernálias em alusão a capital inglesa. Mas, e como na vida sempre tem um deles, Londres também é conhecida por uma cidade cinza. Não por sua arquitetura enfarruscada ou algo assim, mas porque o sol lá por vezes custa a aparecer.

Com isso me surgiu um paradoxo. Este mês de julho teve cerca de 25 dos seus dias de chuva ou sem a presença do sol. Foram vinte e cinco dias cinza, pois. E para mim foram dias de irritação e desilusão. Dias cinzentos, portanto, mais escuros, a verdade é que não trazem muita alegria para ninguém.

Então como poderei eu gostar tanto de Londres?

De fato há uma certa controvérsia nessa realidade que vos escrevo. Mas, a verdade é que outras tantas coisas me cativam em Londres, de modo que a questão meteorológica fica em segundo plano. É bem verdade, também, que nunca me imaginei morando lá. É, contudo, uma cidade que pretendo visitar. Assim como grande parte da Europa.

Voltando a nossa realidade, é preciso referir que a questão do clima úmido, que tanto nos assola, piora a sensação de passar tantos dias sem ver o sol. Ora, o banheiro, só para dar um exemplo, parece uma vertente d'água. Como dizia uma vizinha, dos tempos de São Chico: "não dá pra ser feliz".

E não dá para ser feliz em dias de cinza. Exceção para Londres, obviamente. Espero.

Boa semana a todos.  

terça-feira, 24 de julho de 2018

Causos de Fandango II

Sei que deveria usar minha nostalgia a serviço deste blogue, relembrando mais fatos acerca das vivências que eu tive pelo Rio Grande afora, tocando baile. E acreditem, foram muitas as histórias que se criaram e creio que eu já possa contar por aqui.

Então, vamos para mais uma:

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O geadão

Era o mês de julho de 2009, mais perto de agosto, e tinha um baile para tocar em Estância Velha, nas antigas dependências do CTG Gaudérios da Saudade. Naquela época, o CTG possuía um galpão acanhado (se comparado com o atual), numa ruazinha transversal à lateral da BR 116. Era uma bela noite de inverno, fria, como se imagina, mas com um bom público. Aliás, não sei se não era um popular baile da linguiça.

Faziam poucos dias que eu tinha comprado o meu primeiro carro zero km. Um Celta preto, todo embonecado, e já estava preocupado como pagaria as prestações. Não lembro se já tínhamos o ônibus naquele tempo, mas eu quase todos os bailes que toquei fui com meu carro. Estacionei próximo à entrada do CTG, na rua mesmo, e fomos ao baile. 

Antes, contudo, enquanto passávamos o som, tive o primeiro dissabor com meus sócios. Dali para frente foram muitos outros, culminando na minha saída em 2011. Pensávamos bastante diferente acerca da administração do grupo e, principalmente, montagem de repertório. Mas, estes detalhes são dum passado que não vale a pena recordar.

Baile véio pegado, na metade, pessoal começando indo embora porque o frio cada vez apertava mais, e lá por 4h da madrugada saio na rua e meu carro, novinho, estava branco de geada. Que loucura. E que aflição! Não é incomum gear na região dos vales, mas são poucas as experiências mesmo ao longo do inverno. Então, era aquela uma madrugada gelada, branca e rara.

Foi só a primeira das ruins que o Celtinha tomou. Veio coisa muito pior dali para frente.

Importante é que foi um bom baile e me bateu uma saudade dos bons tempos de fandango que já vivi.

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Boa semana a todos.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Inverno e eu

Por muito tempo eu fui um entusiasta do inverno. Propaguei por aqui, inclusive, meu gosto pessoal pela estação e meu de, desalento/ira, pelo verão. Mas aí os dias foram passando e aos poucos fui mudando de opinião, o que acho extremamente válido. Afinal, "eu tenho a minha opinião até eu mudar de ideia", conforme preconizou Sócrates.

E a vida é isso. Viver, aprender e construir coisas úteis disso tudo.

Vieram os meus cabelos brancos (e não são poucos) e hoje já não detesto mais o versão como antigamente, bem como já não mais gosto do inverno como já foi.

Certa feita, ainda no velho messenger, travei uma discussão com meu amigo Antônio Dutra Jr., acerca desta questão, eu defendendo tolamente e ele com argumentos bastante razoáveis falando porque era contra o inverno. Teimoso, não lembro de entregar os pontos.

Mas o hoje o faço!

Estamos diante de um dos invernos mais chuvosos dos últimos tempos. Ver o sol tem sido raro, o que, convenhamos, deprime a qualquer um. Tampouco o frio, embora nos apresente belas paisagens, tem me deixado muito satisfeito. Em terra de extrema umidade, tal qual a nossa, com o passar do tempo começa a ficar pernicioso enfrentar certas realidades diárias, em dias de muito frio.

Não sei, talvez eu esteja ficando um chato (mais do que sempre fui).

Já não me oporia em viver em um local com índices de calor mais constantes. Com isso, admito publicamente pela primeira vez que já não me oporia, em sendo uma possibilidade boa para mim e minha família, de deixar o Rio Grande do Sul.

Como disse, já não me apego mais a mudar de opinião. E que bom. Tendo a ser menos tolo.

Quanto o inverno e eu, já tivemos melhores dias. Hoje, já não lhe cultuo como no passado. Mas também não morro de amores pelo versão. Sou mais tolerante.

Logo, talvez seja tolerância que me falte.

Boa semana a todos.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Tempos difíceis

Não dá para fazer da vida uma rede social, tais quais as que existem por aí, mas admito que por vezes elas são de interessante valor. As idas e vindas das coisas do tradicionalismo gaúcho consigo tomar conhecimento, muitas vezes, pelas páginas de determinados artistas ou percussores do tradicionalismo.

E o que tenho visto tem me deixado preocupado.

Sei que estou me repetindo, mas dias atrás referi aqui sobre o encontro que tive com o Patrão de um dos CTG's de Sapiranga, outrora onde toquei grandes fandangos, e que já está recorrendo a duplas para otimizar custos.

Pois, do que tenho visto, os grupos da região que ainda se seguram o fazem animando fandangos fora da região, principalmente na região da serra, onde as cidades parecem sofrer menos com os adventos do desgoverno que há muito assola este país. Bailes pela volta estão minguados. A própria Sociedade Gaúcha de Lomba Grande já teve seus melhores dias, ainda que grandes nomes somente lá.

Quando comecei a vida fandangueira também eram tempos difíceis, cachês minguados, mas sempre teve lugar para tocar. Recordo-me que o velho Alma de Campo fez mais de 40 apresentações em um ano. Já hoje em dia tem grupo que não toca uma vez por mês; CTG que faz um evento por ano.

Além do mais, principalmente em Novo Hamburgo, notei que há o grupo da moda. Só eles são contratados o que, convenhamos, não é bom para ninguém. Logo, as pessoas vão enjoar e as patronagens também, enfim.

Tempos difíceis para os grupos de fandango. Bastante, por sinal. Assunto pertinente para uma sexta-feira 13. Que coisa!

Bom final de semana a todos.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Seguir em frente

Chegou o mês de julho e com ele a óbvia certeza de que já se foi metade do ano corrente. A cada dia que passa eu tenho mais impressão de que o mundo tem girado cada vez mais rápido e isso não é lá uma coisa a ser comemorada. Há pouco ainda via umas fotos antigas de Porto Alegre e com isso se vê como muita coisa mudou para pior.

Por ser um nostálgico por convicção, logicamente vejo algumas coisas dos tempos de hoje com muito desalento. Mas também sei que ficar sofrendo por algo do passado que nem conheci e só acho que era melhor também não me ajuda em nada.

Então, tenho de seguir em frente. Todos temos, aliás.

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Estava eu e o Bernardo na fila do açougue, domingo, em busca do almoço, quando cruzei com um velho amigo patrão de CTG. 

Nossa conversa foi breve, mas um certo ar de melancolia eu vi em seu rosto quando me contava dos percalços que seu Galpão vem vivendo.

Disse-me que bailes são escassos e que para não deixar a "coisa cair", tem feito evento com duplas.

E eu ao ouvir isso fiquei a lamentar junto.

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Hoje na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande tem lançamento do disco do Roger Morais e grupo Pátria Gaúcha. O Roger para quem ainda não sabe, é o responsável pelos programas gaudérios da rádio 88.7 FM, de Novo Hamburgo.

Ainda tem Tchê Barbaridade para fechar a noite.

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Sei que ando meio ausente por aqui, situação esta que será normalizada de agora em diante. Peço desculpas aos meus fiéis leitores, apesar de que, o mês de junho tradicionalmente, sempre foi devagar por aqui.

Mas temos que seguir em frente!