sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Chasque do fim de outubro

O ensaio à volta dos fandangos (e eventos em geral) tem coincidido, infelizmente, com o aumento gradual no número de casos de covid. Obviamente, que a culpa não é dos bailes, tampouco dos conjuntos, (nem voltou mesmo efetivamente, vamos combinar) mas na prática parece que é. Claro que a questão tem a ver com aglomerações e tal, mas o brasileiro nunca foi padrão algum para cumprimento de nada. Conheço pessoas que tem comércio e nunca usaram máscara, nunca fecharam seus estabelecimentos e por aí vai. Enfim.

Duvido que o impacto das aglomerações vinculados às eleições seja menos pernicioso que os eventos.

Mas é uma matéria espinhosa, admito, que pelo visto tem motivado paixões para este ou aquele lado.

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Chegamos ao fim do mês de outubro com o ano claramente se arrastando para que chegue ao final. Muito mais pela ideia lúdica que no natal a coisa vai estar melhor do que por perspectiva real de que dias melhores virão.  

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Vêm um feriadão por aí, com finados na segunda feira, e a promessa é de litoral lotado. Felizmente não com a minha presença. Não devo aliás, sequer sair de casa algum desses próximos dias.

Coisa minha, é preciso dizer. Cada pessoa sabe que cabe e importa a si.

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Sinceramente?

As eleições já podiam ser domingo agora. Ninguém (ou quase) tá nem aí para política e para o que vai mudar ou não na próxima eleição (ou a partir do resultado dela).

Simples assim.


Bom final de semana a todos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Mais de eleição

De quando em vez tenho ido a São Chico, muito em função da questão profissional e pouco para aproveitar os benefícios e encantos da minha cidade natal. Dias atrás, inclusive, falei que o destino reservava para lá o mesmo que temos visto em todos os lugares: o velho sendo desmanchado para dar lugar ao novo, não necessariamente melhor e quase sempre mais feio. O preço dos novos tempos, talvez. Mas, um preço caro, convenhamos. Veja-se que desta vez excepcionalmente entrei num supermercado, quando na maioria das vezes fico o máximo por casa que posso. A cidade ganha novos contornos e também resguarda velhos problemas, alguns crônicos.

Ou seja, passam os governos e os problemas persistem. 

No caso de São Chico, muito disso decorre da falta de arrecadação suficiente para administrar um dos maiores municípios em extensão territorial. Só que, em grande parte, o que falta é vontade mesmo. Enfim, não culpo esse ou aquele. O que quero é que a cidade evolua, independente de nome ou partido.

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O mesmo vale para Sapiranga onde vivo; o mesmo vale para Novo Hamburgo onde passo grande parte dos meus dias.

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É claro que a campanha eleitoral está comedida em função da pandemia. Mas a verdade é que a população, como um todo, também está muito incrédula. Mudam-se as caras, a forma de argumentar, mas se apresenta a rigor um mais do mesmo.

Por isso que concordo com quem diz que os candidatos, antes de tudo, tem que convencer o eleitor a ir votar, antes mesmo de depositar o voto neles. Tendência é de abstenção recorde.

E você, vai votar?

Sei que já prometi aqui não falar mais de política. Tenho evitado o assunto, ainda que não sou cego para sua importância. É algo que impacta muito, afinal, quatro anos custam muito a passar quando uma gestão é ineficaz.

Boa semana a todos. 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Voltarão os fandangos(?)

A perspectiva nunca foi muito animadora, convenhamos. Mesmo os músicos e empresários do entretenimento já estavam jogando a toalha, imaginando que em 2020 não subiriam mais ao palco (ao menos no jeito mais tradicional). Uma realidade preocupante, de se admitir, afinal, muitos grupos e bandas podem deixar até mesmo de existir, já que o mercado já não estava bom antes e dificilmente se recupera antes de 2022. É isso mesmo. E se der tudo certo, ainda.

Aí o Paraná liberou a volta de eventos e casas de espetáculo. Não sei se no estado inteiro, mas já teve baile gaudério por lá, pelo que soube.

Agora, a questão chegou no Rio Grande.

Ontem, a Prefeitura de Porto Alegre autorizou a reabertura de CTG's para a realização de eventos. Também os demais locais do gênero, preciso pontuar. Por enquanto, limitado a lotação de 100 pessoas sentadas, o que sugere restar proibido dançar.

Tanto por isso a interrogação no título, afinal, fandango mesmo tem povo dançando.

Mas (e eles são a maioria na vida), já é um grande avanço, convenhamos.

Denota-se que em alguns lugares do interior parece que não foi determinada a limitação de público e proibição da dança. Em Sapiranga, por exemplo, onde resido atualmente, o maior clube (privado) da cidade, anuncia retomada dos eventos para a próxima sexta-feira (23), sem que para tanto anuncie limitação de capacidade ou mesmo proibição de dança.

A ver. No meu caso ficar sabendo, já que nunca fui no local - em razão do perfil de música que toca lá, para esclarecer. A verdade que para me tirar de casa, praticamente só música gaúcha mesmo. Se isso é bom ou ruim, não sei. Mas tem sido a minha realidade nos últimos anos.

Enfim.

É um começo. Vamos torcer para que aqueles que dizem (desde o início) que ficar confinado em casa não resolve o problema do vírus tenham do razão. Do contrário, os bailes, fandangos, festas e etc., serão eternos vilões.

Sucesso aos colegas músicos nessa retomada.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Diminuir é crescer

Certa feita, quando ainda era funcionário público (sim, eu fui funcionário público por quase uma década), um diretor da época dizia que não era papel do poder publico acumular patrimônio e que a política administrativa pública deveria privilegiar uma ideia mínima de bens imóveis, focando e canalizando recursos na prestação do serviço público a que se destinava a repartição/ente.

Na oportunidade confesso que eu achei que a história era meio sem nexo, pois a política de pagamento de aluguéis também não era uma ideia lá muito vantajosa. Lembrava, por exemplo, da prefeitura de Novo Hamburgo quando o meu pai passou a lá trabalhar que, por incapacidade física do então prédio principal da mesma, locava diversos prédios nas quadras do entorno para poder alocar todos os serviços; situação esta que restara suprimida com a inauguração do novo centro administrativo da cidade onde se concentraram todas as secretarias.

Hoje, todavia, percebo um pouco o entendimento do referido diretor.

Não vai muito, li uma notícia acerca de leilão de imóveis dos Correios, em algumas cidades do Rio Grande do Sul, com destaque para um na Capital, um terreno com 51 mil m² e um prédio do tempo do "epa" construído em meio a um descampado: sim, no meio praticamente do nada. Inclusive ruas foram feitas e asfaltadas só para chegar nele. Incrível!

Qual a lógica, afinal, de ser dono de um imóvel com estas características?

Recordo-me, ademais, do prédio do IPE (Instituto de Previdência do RS) em Novo Hamburgo. Não é no centro nem centralizado, mas também não é tão ruim de chegar. Só que parou no tempo, ficou velho e obsoleto. Aí o IPE alugou um local mais adequada, novo e reformado, e o prédio velho tá lá, uma tapera abandonada. Qual o sentido disso, afinal?

Ademais, repartições públicas nunca foram bem planejadas, parecendo um sequencia de "puxadinhos" internos. 

Os tempos hoje são outros. É preciso se adequar a realidade e parar de colocar dinheiro fora. Onde eu trabalhei, numa das cidades que estive lotado, se usavam salas próprias (eram duas) e por vontade política do então gestor local se adquiriu um novo imóvel. Até hoje (quase uma década), pelo que sei, todas as reformas necessárias não foram realizadas no imóvel atual, de modo que parte dele se encontra inutilizado. As salas anteriores, por sua vez, seguem ociosas porque todas as tentativas de leilão ou mesmo de venda direta foram fracassadas. Ou seja, um retumbante prejuízo.

É preciso gerir a coisa pública de forma mais séria, convenhamos. O dinheiro público, embora pareça uma fonte inesgotável de recurso, tem na sua origem o bolso suado de trabalhadores, pessoas que muitas vezes não tem nem um imóvel para chamar de seu.

Enfim, as vésperas de mais uma eleição, certamente meu voto será depositado (se eu realmente o praticar) naquele que, além de todas as demais premissas básicas, tocar no assunto da reforma administrativa, na política de enxugamento da máquina pública, na readequação do patrimônio para com a realidade atual. Ora, hoje em dia, quase tudo pode ser resolvido pela internet. Passou da hora de ir enxugando o tamanho da coisa.

Ou seja, diminuir é preciso. Para otimizar e crescer.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Campanha de verdade

Embora não tenha lá uma idade muito avançada, cresci vendo meu pai fazendo campanha política, num tempo quase que romântico, quando se pegava parelho na corrida do pleito muito mais em função da ideologia do que em razão do poder.

Hoje, convenhamos, os projetos são pelo poder e não para as cidades.

Veja-se que naquele tempo eu corria comício pelo interior de São Chico, sem exceção. Ou seja, até mesmo na Itagiba, tapado de mosquito borrachudo, o povo lá estava para ouvir os candidatos, muitas vezes na base do berro, já que sistema de som era precário.

Só que com o passar do tempo o povo da política perdeu o ânimo até para fazer campanha política. Comício de verdade eu não vejo há uma década; hoje virou moda fazer auê em rede social, fazer filmezinho bem produzido com com drone e sei lá mais o que, editado, ou seja, o vivente sequer precisa ser bom no discurso e na oratória.

A campanha política ficou glamourizada. 

Veja-se que a nova moda agora é fazer "adesivaço". 

Como se carro votasse ou superasse a velha forma de se divulgar o candidato.

Há limitação de contato e desnecessidade de aglomeração em função da pandemia?

Obviamente.

Mas alguém respeita isso por acaso aqui no Brasil?

Se fosse por este motivo, sequer eleição deveria ter, convenhamos.

Campanha de verdade ficou no passado. Assim como o comprometimento dos políticos para com o povo e a coisa pública.

Uma pena.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O velho e o novo

Esses dias, me peguei contando à minha esposa sobre como era Novo Hamburgo quando da minha chegada, em 1996. Claro, mais atento a rua onde eu morava, e aquelas da volta do bairro. Tudo, na verdade, para chegar a conclusão que a história aos poucos vai se apagando, a medida que a arquitetura (que é uma forma de arte e de contar história) vai mudando, ao passo que antigas casas estão dando lugar a, na sua maioria, prédios verticais para melhor aproveitar o espaço. Na Aloysio Azevedo, então, a rua da minha primeira morada, a fotografia hoje é muito, mas muito diferente mesmo.

É o claro conflito entre o velho e o novo.

O tema aliás, não é recente por aqui, pois já abordei do mesmo em outras oportunidades, ainda que falando sobre Novo Hamburgo, cidade que me acolheu quando saí de São Chico.

Só que São Chico, a bem da verdade e aos poucos, está seguindo um rumo parecido.

Dias atrás por lá estive e comecei a me deparar com casas que não existem mais, que estão sumindo para que novas casas ou novos prédios sejam construídos ou mesmo repaginados, maquiando parte da história bonita da cidade.

Sei que sou saudosista, mas algumas realidades são diferentes das outras. Tem casas que são eternas. Nesse mesmo período, falava com uma cliente que foi explicar onde era o comércio que trabalhava, dizendo que ser onde era a fulana de tal, quando antes mesmo dela encerrar eu completei: sim, onde era o Rei do Frango? Momento em que ela se assustou por eu saber da história de um dos mais icônicos estabelecimentos comerciais gastronômicos de São Chico, que cheguei a ver já em decadência, mas ainda com as portas abertas.

Se tu falar em Bar Xodó, outro ícone, a nova geração franciscana não faz ideia do que estou falando. O que me perturba é que se um estabelecimento atual fechar, destes que abriram recentemente, tanto fez tanto faz, as pessoas se preocupam com o que vai abrir no lugar. Mas o Xodó tem uma geração toda que sente falta, como o velho cinema, o café do Paulista, a farmácia da Dona Zilá ou a Discolândia.

Isso é história que o tempo está transformando em pó. 

A questão é que dentre o claro conflito entre o velho e o novo, o velho sempre terá histórias para contar. Mas o novo, conseguirá tal façanha?

Pois é. Pois é. Pois é.

Boa semana a todos.