terça-feira, 3 de março de 2020

Cada vez mais cinza

Nunca escondi de ninguém por aqui da minha relação com Novo Hamburgo, esta que já foi uma das cidades mais pujantes do Rio Grande do Sul, muito porque nela desembarquei ainda com 09 anos e até hoje detenho uma particular relação. As vezes mais, outras menos, mas segue fazendo parte da minha vida.

Pois estes dias, aleatoriamente, me vi olhando um grupo no facebook (tem sido raro eu entrar lá) que fala de Novo Hamburgo de antigamente. Acredito que devem ter grupos variados destes, falando de inúmeras cidades, mas de Novo Hamburgo eu posso dizer que vi determinadas coisas que já não existem mais, afinal, são quase 24 anos de relação. Engraçado, que o que mais se vê lá é "quem lembra disso?" ou "quem lembra daquilo?". 

No fundo as pessoas são mais que saudosistas, são tristes com o que a cidade vem se transformando. Não só Novo Hamburgo, mas a maioria das cidades por aí. Perdem suas essências, suas histórias, suas cicatrizes. Óbvio que tem pessoas piegas, que se apegam a recordar de coisas banais, mas a grande maioria sente falta daquilo que lhe marcou e que o tempo quase esqueceu.

Lembrei agora das livrarias Flama e Globo. Não temos mais livrarias na boca da calçada e, a bem da verdade, estamos é perdendo um pouco da nossa cultura a cada dia que passa.

É uma pena.

Há quase 05 anos escrevi aqui um texto chamado "Gentileza", amparado na bela música cantada por Marisa Monte e que muito bem descrevia (leia aqui) aquilo que enxergava, ao caminhar pelas ruas da cidade: "apagaram tudo, pintaram tudo de cinza".

E a bem da verdade é que a cidade está cada vez mais cinza, pois, por mais que se busque retomar algo que era parte da história da sociedade hamburguense, o seu entorno é um mundo efêmero que muda de tempos em tempos, com a máxima brevidade.

O que resta, por fim, é o saudosismo do "quem lembra disso?" ou "quem lembra daquilo?". 

Feliz, ainda, da cidade, que não se perde na memória de sua gente.

Boa semana a todos.

Nenhum comentário: