terça-feira, 28 de setembro de 2021

Vivemos de fama!

 Vez ou outra acompanho o jornalismo de economia aqui do Rio Grande do Sul. Sei que a maioria sequer dá bola para esse tipo de informação, mas deveria. Aliás, o volume das notícias e também o perfil das mesmas, diz muito do que é o Rio Grande do Sul hoje em dia; e o que o futuro reserva para este estado.

De início, obviamente, não posso deixar de reconhecer que o agronegócio ainda é o carro chefe da economia gaúcha; talvez nunca tenha deixado de ser, ainda que o polo metal mecânico tenha representado ou ainda represente uma parcela significativa do Rio Grande industrial. A indústria coureiro calçadista também teve lá sua importância, que parece ser menor hoje em dia.

Mas a verdade é que quando olhamos a região metropolitana, que é onde se concentra a maior densidade populacional, a situação muda drasticamente e, daí, chego onde quero chegar: a rigor, os investimentos no RS são apenas no setor de comércio e serviços. Apenas e tão somente. No últimos tempos, o que mais se vê é expansão de empresas do comércio de alimentos, chegada destas também oriundas de outros estados, principalmente de Santa Catarina. Na prática, é como se os gaúchos hoje em dia trabalhassem só para comer e beber.

Não sou especialista na área, tampouco estudo mais para entender o significado disso, porém não parece muito sugestivo ao futuro do Rio Grande do Sul uma economia baseada em comércio e serviços, que vê a indústria minguar e suas estruturas virarem cobiça dos grandes varejistas. Ontem mesmo, surgiu a notícia de que antiga área de empresa famosa - a Máquinas Condor, na zona norte de Porto Alegre, virará um shopping com cerca de 300 lojas. Aliás, a zona norte de Porto Alegre, que já foi o berço industrial da cidade, há muito vem se reinventando, sendo socorrida pelo comércio e serviços.

Todavia, até aonde comércio e serviços são efetivamente capazes de movimentar a economia quando a indústria, a rigor, vira mera coadjuvante?

Algum tempo atrás, assustei-me com uma notícia que dava conta que, no mesmo período de tempo, o estado de Santa cataria tinha aberto 20x mais empresas que o Rio Grande do Sul. Isso é sintomático e preocupante.

E é aí que chego ao título deste: vivemos de fama!

O Rio Grande do Sul vive da fama de ter a melhor educação do país quando, sucateada a educação (prova disso é que a Escola do meu filho vai fechar as portas no final deste ano - infelizmente), já não detemos números e estatísticas que sequer nos coloquem perto do topo. O Rio Grande do Sul vive da fama de ser o estado mais politizado do país, quando algum tempo não conseguimos eleger governadores progressistas ou que, ao menos, consigam apresentar algo de construtivo sem vender patrimônio, aumentar impostos e privatizar empresas públicas (não estou entrando no mérito de concordância, pois em alguns casos sou favorável e noutros não). O Rio Grande do Sul vive da fama de sociedade civilizada, quando a prática e mesmo a criminalidade talvez não mostre bem isso. E por aí vai.

Enfim, talvez tenhamos de descer do pedestal, entender que de fama não se vive e efetivamente entender que precisamos resgatar a tal virtude que falei na última manifestação por aqui. Afinal, é para frente que se anda e que se deve olhar.

Setembro também é um mês pertinente para dizer disso que ora trago.

E findou setembro. Boa semana a todos.


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