quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Os duzentos do 7

 Alcançamos a incrível marca de 200 anos da independência do Brasil. Falo incrível, pois muitas vezes já quiseram devolver ela à monarquia que nem existe mais; noutras, pareceu-me até justo que devolvêssemos mesmo é para os índios. Enfim.

Minha relação com o Brasil é complicada e estranha. De muitos, aliás. Obviamente, condiz com minha realidade de gaúcho e aqui a história do separatismo nunca morre, embora também não passe de centelha de chama. Não deixaremos de ser Brasil e isso é assunto encerrado. Mas é uma relação tortuosa, admito.

Escrevi o que vem a seguir, creio eu, no já longínquo ano de 2017. Mas segue atual e por isso replico:


"Há alguns anos, por aqui escrevi da dificuldade do brasileiro expor seu patriotismo, afora manifestações ligadas ao esporte. Abro um parenteses, aqui, para tirar fora o futebol, pois, neste, há uma paixão própria enraizada. As pessoas não amam o futebol por ser o Brasil, mas por ser futebol, mesmo.

Parece-me que fosse o brasileiro um patriota, não teríamos chego mais uma vez ao fundo do poço da democracia. Nossa jovem democracia, outrora manifesta e pujante, agora sucumbe na esperança de que novos dias virão, quando, se for analisado os personagens que através da política tentam desenhar o futuro, nossa esperança é utópica, demonstrando que o fundo do poço é mesmo profundo.

Hoje é 7 de setembro, dia da independência do Brasil. Mas que independência é esta, alguém sabe me responder? Ser independente é conquistar a façanha de impedir o prosseguimento de mandato de dos presidentes da república em menos de três décadas de democracia? Ser independente é fazer com que o povo sofra na fila dos hospitais? Ser independente é ter uma educação ruim ou péssima? Ser independente é atochar o povo com uma das maiores cargas tributárias do mundo?

Não sei responder nenhum dos meus questionamentos. Simplesmente porque nós, os brasileiros, somos independentes na teoria, mas, não sabemos o que isso representa na prática.

Vejamos que há cada dois anos, através da independência democrática do voto, podemos exercer a livre manifestação da independência, elegendo nossos representantes. Pasmem, em pleno século 21, continuamos elegendo corruptos e reelegendo pessoas que não tem a mínima preocupação com o interesse público, mas com seus próprios interesses.

Esta é a nossa independência?

O que é ser independente, afinal?

Num Brasil cada vez mais velho, questões que nunca deixam de ser novas.

Vamos crescer, algum dia?

Às margens do riacho Ipiranga, lá em 1822, Dom Pedro gritou para quem lá estivesse e quisesse ouvir: independência ou morte? Optamos pela primeira, embora eu me pergunte o que teria acontecido de nós se tivéssemos tomado o caminho da segunda opção.

Quem sabe das cinzas da suposta morte, com fênix, teria ressurgido um novo Brasil, realmente independente. Nas cinzas, novamente, estamos, imperioso compreender. Então, que alguém (de conduta ilibada e idônea) volte ao Riacho Ipiranga e grite novamente: "Independência ou morte?".

A partir de então, ou aprendemos o que significa independência ou que morramos de vez.

Triste, mas verdadeiro".

***

Que os duzentos, enfim, sejam relevantes como devem ser. E que sirvam para dar um nosso sentido à história desse país.

Independência sempre!

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