sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

A música e a fé

 Não deve haver alguém no mundo que um dia, um único mísero dia, não tenha questionado a sua fé. Do mesmo modo, há os que dizem que sequer tem fé em alguma coisa. A fé é um sujeito abstrato, subjetivo, e sua existência, ou intensidade, depende de cada um. Mas será mesmo que existe alguém que não tenha fé em nada? 

O próprio agir, no dia a dia, não é um exercício de fé? Vejamos, se você está prestes a realizar uma tarefa que vai mudar sua vida para todo o sempre, daquelas que não há margem para qualquer tipo de erro, não há aí um exercício de fé, ainda que intrínseco, em si próprio? 

Logicamente não faltarão os que dirão que a fé a que se referem é aquela galgada em um ser superior, mais precisamente em Deus, ou suas derivações religiosas. Tem gente que não crê em algo superior. Eu mesmo, obrigo-me a admitir que nos últimos anos passei a ver a religião com bastante ceticismo. Tento continuamente retomar a minha fé e creio estar cada vez mais perto disso. Não ando sem rumo, todavia.

Tenho alguma hombridade para reconhecer os meus erros e rever as minhas decisões. As vezes, um recuo estratégico é sempre importante para acertar o caminho. Um passo atrás pode não significar um atraso no destino, mas sim, uma forma de chegar lá de maneira mais rápida. As decisões, devem ser tomadas de cabeça fria, bem pensadas e dirimidas. Assim - parar, pensar e voltar - pode ser bem mais inteligente do que seguir uma viajem a esmo. Acredite, nem sempre as melancias se ajeitam no andar da carroça.

A fé, contudo, não deve ser sui generis. Se você acha que a fé faz milagres, bom, a tendência é virar um cético como fui por algum tempo. O milagre é você mesmo que faz: o de acreditar Junto a fé certamente será mais fácil ultrapassar um caminho de espinhos, mas nunca, sem sentir um pouco de dor. Do mesmo modo, tenho que tomar cuidado com as minhas palavras, a uma que não sou um bom exemplo de fé . 

O saudoso Leonardo, já cantava em “O Homem do Pala Branco” que “Eu não sou um pregador, não sou padre, nem pastor. Sou apenas um autor, que canta a sua verdade”. De fato a música é uma expressão de fé. Fé na vida, no bem, nos semelhantes, na história, na tradição e naquilo que se escreve. Se pensar que cada vez que componho a fé está ali impregnada, a partir de hoje serei uma pessoa melhor, eis que saberei que a fé, de fato, nunca deixou de me acompanhar.

Quando penso não saber pra onde ir, é na música que me reencontro. Quando já não sei mais o que pensar, é na música que busco um rumo.

Música e fé andam juntas. Graças a Deus!

Bom final de semana a todos.

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