sábado, 2 de novembro de 2019

Finados e o vento

Faz algum tempo que não publicava justamente no dia de finados. O dia "de los muertos". A cultura latina parece não ter a mesma amplitude por aqui, enfim. Mas neste ano para minha família e a mim, tem. Finados que tem um rito sempre muito parecido, desta vez, parece ganhar alguns contornos mais reais. Ainda trás uma coincidência (infeliz, diria até), pois marca o primeiro mês de falecimento da Vovó.

Enfim.

Gosto de algo que escrevi e já até requentei neste espaço. Seguirei fazendo enquanto encontrar no meu escrito a simbologia dessa data. Coincidência ou não a publicação original entrou no top 5 das mais acessadas no mês passado e está hoje em primeiro lugar. Sinal que merece minha boa vontade para com ela.


"O vento de Finados" (02/11/2016)


Cresci com a ideia de que finados é sempre um dia de fortes ventos. De quando lembro, dirigindo-me à Cazuza Ferreira, onde lá se encontravam os entes que já partiram, um dia bonito de sol, daqueles com o céu chamado de brigadeiro, e vento. Um vento implacável.

Seria a manifestação dos mortos de que por ali estavam?

Não sou muito adepto a questões que ultrapassam a realidade concreta. Não duvido da vida abstrata, respeito, só que não penso muito nisso.

Nunca mais fui à Cazuza no dia de finados. Nunca fui no cemitério de São Chico em dia de finados, ainda que lá esteja repousando o querido Vô Netto.

A bem da verdade não sou apegado a crenças e religiões. Tenho as minhas, é claro, mas são tão particulares que não se apegam as que por aí estão e são reconhecidas. Já fui diferente, como talvez o seja ali na frente. O barato da vida está justamente em não criar muitos estigmas. Certo? Não sei, mas foi o que me veio a cabeça neste momento. Cada um deve falar por si e viver da mesma fora, talvez.

Agora, no que tange ao vento de finados, este parece que tem sempre. Semana passada alguns dias pareciam finados: bonitos e ventosos. O grande e imortal Érico Veríssimo falou do vento de finados em alguma das obras da saga "O Tempo e o Vento". Ninguém como ele retratava passagens do tipo com tamanha precisão e comedimento, ao mesmo tempo. Um Mestre!

Me encanta a vida do interior e suas particularidades. Não consigo, pois, pensar em viver isso mais de perto. A ideia de sociedade subjetiva que existe em Novo Hamburgo e cidades de maior porte me instiga bem mais. Tento sair daqui, mas sempre retorno.

Seria um carma? É carma o vendaval de finados?

Não gosto de vento, logo, não gosto de finados. Simples assim. A razão? Não sei."

***

Sigo sem gostar de vento e, pois, de finados. Menos ainda neste fatídico 2019.

Mais, não digo!

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