sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Levanta Bugio

Não é segredo pra ninguém a minha predileção por bugios e, não raro, estou buscando gravações do ritmo gaúcho e serrano no YouTube. Mas sei também que o bugio não é mais tão comum em festivais afora o Ronco do Bugio, em São Francisco de Paula e no Querência do Bugio em São Francisco de Assis. Duas São Chico em prol do bugio!

Inclusive não vai muito falei com meu compadre e parceiro Cirilo Barcellos sobre mandar alguns bugios para outros festivais, para fomentar um pouco o ritmo e também sair do mais do mesmo (milonga, chamarra e etc).

Aí, pediu a palavra o grande Léo Ribeiro de Souza, reconhecido poeta, compositor, desenhista (um artista coompleto!) e eu vou me arriscar compartilhar do seu tratado, mesmo porque compartilho de sua ideia com afinco:



"SOU PARCEIRO NESTA EMPREITADA - Léo Ribeiro

Sim. O bugio é gaúcho, mas está virando lembrança, pois não se ouve mais seu ronco nos bailes, festivais, rádios e matas deste Rio Grande.

Nos bailes, com exceção de poucos grupos mais autênticos, só se toca vaneira. Nos festivais, a milonga dá o tom. Nas rádios, a moda é a sofrência. Nas matas, o ronco é o da motosserra.

O bugio é o único ritmo criado em nossa terra gaúcha pouco importando sua nascente e qualquer debate a respeito serve somente para alimentar o folclore. O bugio é de Paula, é de Assis, é do Rio Grande do Sul.

O forró e o repente nordestino se transformaram em Patrimônios Imateriais do Brasil. E nós, o que temos feito, de maneira oficial, no sentido de resguardar este compasso genuíno, ou seja, o bugio?

Felizmente começa um movimento neste sentido. Posteriormente traremos mais detalhes de cidades e pessoas envolvidas mas a iniciativa na busca deste reconhecimento, ao menos a nível estadual, já é um ponto positivo neste amplo e árduo processo.

Sou um soldado de mosquetão carregado até as goelas, nesta trincheira de preservação do que é 
nosso."

***

Reforço aqui as palavras do grande Léo Ribeiro.

Mas não é só nos festivais que estão faltando bugios. Nos fandangos e nos discos dos nossos músicos o ritmo também anda minguando.

É de se deixar registrado que o povo gaúcho, catarinense, paranaense e brasileiro, enfim, também gosta de dançar e ouvir bugio. Não é só de vaneira que se vive.

Portanto, aqui também tem um soldado nesta trincheira!

O Bugio não tá morto, levanta Bugio!

***

TCHÊ AGENDA:

- Neste final de semana tem o 42º Rodeio Nacional do CTG Manotaço, de Gramado/RS. Na programação, bailes com JJSV e grupo Bailaço;

- Sábado, no CTG Pedro Serrano (Sapiranga/Araricá), tem fandango com Moisés Oliveira e grupo Vozes do Campo.

 

E se bamo...
Abraço e bom final de semana a todos.

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