Hoje amanheceu chovendo e, cada vez que isso ocorre, e a chuva é matreira como no caso presente, recordo da música "Dia de Chuva", brilhantemente cantada por Walther Moraes. Obviamente (e infelizmente) não sei trabalhar com corda, tal qual sugere a obra, mas por alguma razão resolvi trazer de volta a ideia de contar de alguns acontecimentos na minha vida de músico fandangueiro, por estes pagos do Rio Grande e além fronteira.
Voltamos, entonces, com os Causos de Fandango:
O baile da Cazuza
Por alguma razão que não sei bem ao certo, sempre quis tocar um baile na terra do meu pai, o distrito de Cazuza Ferreira, em São Chico. E o destino acabou por ser generoso comigo, apesar de todos os perrengues daquele dia.
Iniciara-se, recentemente, a história do grupo Fandangueiro e surgiu o convite, da querida Cláudia, para que tocássemos o baile que abriria o mês farroupilha. Somava-se, às comemorações de 70 anos da Escola Estadual Pe. Ritter, onde minha bisavó, minha avó e minha mãe deram aula. Enfim, um belo momento também para minha família.
O baile fora no dia 06/09/2008. Há quase 10 anos, portanto.
Os dias que antecederam o fandango foram de chuva e desta mesma forma amanheceu aquele sábado. Partimos de caminhão com o equipamento o Airton (a lenda da gaita e dono até hoje do mesmo caminhão), o Maurinho (hoje baterista dos Irmãos Machado) e Eu, que era o único que conhecia o caminho.
A viagem seguia em sua normalidade até que pouco depois da velha e boa Várzea do Cedro o Airton passou a reclamar que o caminhão estava ruim de freio. E dali em diante começou a epopeia. Aos trancos e barrancos conseguimos chegar ao distrito de Lajeado Grande, também São Chico, onde perdemos um bom tempo, primeiro, para encontrar o mecânico e, segundo, para convencê-lo a dar um jeito de garantir que pudéssemos seguir à Cazuza.
Depois de isolar o lado que tinha vazamento, seguimos e chegamos ao nosso destino. Mais tarde, vieram os demais integrantes do grupo Fandangueiro (o saudoso Mauro, o Lauri, o Betinho, o São Borja, o Juarez e o Xiru - que nem tava previsto, mas foi de grande valia) e passamos a tarde entre a montagem do equipamento e a sonorização do evento.
Nos foi cedida a casa canônica, para que pudéssemos tomar banho e aprumar as pilchas para o fandango. O São Borja encasquetou com os quadros de santo na parede e foto dos Papas, sendo o assunto até a hora que subimos ao palco para começar o baile.
Sobre o baile, uma das noites mais frias em que toquei. Geadão pingando no salão de zinco do salão paroquial, o que não impediu o povo da Cazuza e região de comparecer em peso. Não fosse a chuva e o frio, teria sido um fandango de botar povo para fora.
Um grande baile. Terminei totalmente sem voz. Que cousa buenacha!
Voltei de caminhão com o Airton e dessa vez com o São Borja. Era um meio dia de sol quando cheguei de volta em casa.
Uma bela lembrança que me dá saudade daqueles tempos de galhardia pelos palcos.
Abraço a Cláudia, ao Chico e os parceiros de canto e lida que me acompanharam naquela empreitada.
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Bom final de semana.
Abraço a todos!
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