sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A vida segue

Exatamente hoje, 03 de agosto, completa-se 22 anos que deixei São Chico no rumo de Novo Hamburgo e dali ainda cruzei por alguns lugares, entre idas e vindas. Menos para São Chico. Apesar de por um breve período ter retomado uma relação mais próximo, em razão de compromissos profissionais, a verdade é que nunca voltei a morar em São Chico. Já sonhei mais com isso e hoje não consigo pensar bem como seria.

Haverá de ocorrer um dia. Mas não agora.

Relembro do que escrevi há dois anos, quando duas décadas se fizeram marca na minha vida.

E o tempo passa e a gente não aprende a aproveitar certos momentos. Ou eu não aprendo, enfim:

***

"ACABRUNHADO, MAS SEGUINDO A VIDA


Me parece que era um belo sábado de sol, há exatos 20 (vinte) anos. Naquele dia subi no ônibus e fiz o caminho definitivo para a minha nova morada: deixava a minha São Francisco de Paula para desbravar outra querência, Novo Hamburgo.

Não posso, contudo, dizer que deixei São Chico triste. Triste lá ficaram os que eu deixei e lamentaram a minha partida. Principalmente os avós. Não, eu não estava triste, afinal, como um guri que era, imaginava uma nova vida e que eu seria muito "mais importante" se eu passasse a referir que morava numa cidade grande e não no meu pequeno berço de origem.

Pouco tempo depois, e garanto que não demorou muito, a saudade de casa, a minha verdadeira, começou a bater. Desde então, passados exatos 20 (vinte) anos, não tem um dia sequer que eu não deixe de lembrar que no dia 3 de agosto de 1996 eu saía de São Chico vindo embora para Novo Hamburgo.

Nostalgia não é uma palavra que eu possa usar com garbo entono neste momento, afinal, em Novo Hamburgo, de fato, fixei minha vida, conheci a minha esposa e foi onde nasceu o meu filho. Devo bastante coisa, portanto, para Novo Hamburgo. Tanto que aqui fixei residência e me estabeleci profissionalmente.

Com o tempo, parei de culpar o mês de agosto pela minha saída de São Chico. Muita coisa boa aconteceu em agosto: o mês da minha formatura, o mês do meu casamento o mês que nasceu o Bernardo, o maior presente que a vida me deu até este momento que vos escrevo. 

Com este mesmo tempo aprendi que a vida é assim mesmo. Um perde e ganha a cada dia que passa. Não se pode, ao fim e ao cabo, querer ser dono de tudo. Perdi uma relação enraizada com São Francisco de Paula, mas ganhei uma família linda, outros tantos amigos e pessoas que me respeitam e me querem bem.

A bem da verdade, nunca deixarei São Chico. Aquilo é parte de mim e sempre será. Quando posso apruma as malas, encilho o pingo (o moderno, aquele com motor e quatro rodas - risos) e boleio a perna para o seio da minha gente. Depois de amanhã mesmo estarei por lá, vendo a gaita serrana gaúcha roncar mais forte. Sou um eleitor de São Chico. Lá votei pela primeira vez e ainda não tomei coragem de mudar. Talvez seja preciso, afinal, minha morada já não é mais São Chico.

São Chico nunca sairá de mim e eu nunca abandonarei São Chico. Com maestria, os Irmãos Bertussi, na magistral obra "São Chico é Terra Boa", definiram:

"Quando estou longe dos pagos, a saudade é de matar
  Eu me sinto acabrunhado, com vontade de voltar.
  O serrano é um homem triste, vivendo em outra terra
  O serrano só morre feliz, morrendo em cima da serra."

Sempre acabrunhado, mas seguindo a vida por diante.

São Chico, que saudade!

Abraço a todos.

Novo Hamburgo, 03 de agosto de 2016."

***

O tempo vai passando e me dou conta de que preciso fazer algumas coisas por aqui, para quando voltar, que seja para ficar.

Mas não agora.

E a vida segue.

Bom final de semana a todos!

Nenhum comentário: