terça-feira, 18 de janeiro de 2022

O cavalo Baio

 Se teve alguém que conheci que não era muito apegado às coisas materiais da vida era o Sr. Afonso Gil da Silva, meu avô. O Vovô como chamávamos e sempre será lembrado com saudosismo e saudade, afinal, era uma figura ímpar em todos os sentidos. Sobre a falta de apego, veja-se, de quando eu me conheci por gente teve sempre o mesmo carro: um Chevette Ouro Preto 1982. Suas vestes eram bombachas sem floreios, camisa sempre de manga comprida e arremangada no calor (mania que peguei já que não uso camisa de manga curta). Um chapéu pra lida, mais judiado, e outro pra andar na cidade. Mas sempre os mesmos e iguais. 

Enfim, um homem que tinha tudo o que realmente importava e que detinha valor, sem precisar se aparecer para ninguém.

Mas a coisa mudava um pouco de figura quando se tratava do cavalo dele, nomeado pelo mesmo de Baio. Era o seu xodó. Tinha uma estrebaria somente sua e nunca dormia ao relento. Era um animal bom de lida e muitíssimo bem cuidado. Eu e o Maicon, meu primo, tínhamos medo até de chegar perto dele. E o Baio parecia também em nada gostar que alguém lhe encilhasse à montaria, senão o próprio Vovô. Ambos tinham uma sintonia fina e sabiam o que era preciso fazer a cada nova campereada.

Depois do falecimento do Vovô, há quase 16 anos, poucos se aventuraram a montá-lo. Seu destino acabou sendo vagar pelos campos do Boqueirão a esperar o fim de sua jornada.

Pois bem.



Soube agora, pasmem, que o Baio ainda está vivo! Esta foto, dele já não tão dourado como era, afinal, o tempo é implacável com todos nós, inclusive com ele, foi tirada pelo Tobias, meu outro primo. Mas foi o Maicon que me mandou, lembrando de algumas boas histórias daquele tempo bom, poxa, e que tempo maravilhoso mesmo foi aquele que, infelizmente, não voltará mais.

Mas vendo sua imagem, deu pra matar um pouco da saudade do Vovô.

Quantos anos vive um cavalo? Eu achei que era por volta de 30. Mas, o Baio tem que ter bem mais que isso. Engraçado é que quando éramos pequenos tinha também a Baia, uma égua que nem dava mais montaria de tão velha que estava. Morreu com muito mais de 30 anos também.

Seria a água ou aqueles campos da Fazenda Boqueirão que tornam a vida mais longeva?

Não sei! Só sei que quem passou por lá certamente será eterno!


Saudade lá de Fora...

Boa semana a todos.

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