terça-feira, 16 de agosto de 2022

Há uma década (agosto)

 Há uma década no Blog do Campeiro é uma seção que deveria ter começado aqui já em 2020, mas acabou ficando para 2021. Fez sucesso e seguirá em 2022. Assim, uma vez a cada mês, trarei uma publicação do mês que estamos só que há 10 anos atrás.

Vamos ver o que mudou no meu pensamento de lá pra cá, na vida de todos nós, além de curiosidades e lembranças.

Se bandiamo:

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Abandonamos nossa cultura (sexta-feira, 17/08/2012)

Dia desses lia um texto sobre Direitos Humanos e em determinado ponto do mesmo, havia um lecionamento acerca da necessidade de garantir a preservação da cultura de cada povo e de cada indivíduo. No presente caso, tratava de exemplos de refugiados políticos, turistas, imigrantes, enfim, os que ao tomar contato com uma nova realidade, ao mesmo tempo tinham a necessidade de se adequar as condições do novo país, do povo que passariam a fazer parte sem, é claro, abdicar da sua própria cultura e de seus costumes ou religião. Aí entraria o papel dos Direitos Humanos, como instrumento garantidor para determinar que os direitos deste indivíduo sejam preservados. Mas meu assunto hoje não é sobre Direitos Humanos. Uma área ampla e interessante de ser discutida e abordada, porém, não aqui e não hoje. Utilizei o exemplo do que li para traçar um paralelo com a nossa realidade aqui pelo Rio Grande.


Pois bem. A cada sexta-feira que passa, quando abro a coluna da grande amiga Zelita Marina, junto ao Jornal NH, de Novo Hamburgo, me decepciono mais com a quantidade (ou a falta de) de fandangos e eventos tradicionalistas na região. E olha que bem conhecendo a Zelita, sei que ela vai atrás da informação, ou seja, não está faltando espaço para as entidades tradicionalistas, mas sim, que as entidades tradicionalistas promovam eventos. Mal comparando com outros tipos de música, vemos os bailões lotados, com festas todos os finais de semana e muito público. Mas o que está errado? Não há erro se admitirmos que fomos nós, os ditos tradicionalistas (vou fazer uma mea culpa pra não deixar patrício de a pé), que ajudamos a disseminar os bailões. Afastamos o povo dos nossos CTG’s, dado o nosso rompante, mania de grandeza, tentativa de elitizar a cultura gaúcha. Uma lástima. Se o que é belo é a simplicidade da nossa cultura gaúcha, porque transformar os CTG’s em clubes de luxo?

Utilizei o bailão mas podia ter dado qualquer outro exemplo. Que fique claro, não tenho nada contra aos bailões. Já fui em alguns e me diverti (pouco é verdade, mas fui). Poderia falar de uma danceteria, ou da moda do sertanejo universitário. Aliás, a música gaúcha perder até pra sertanejo universitário é algo constrangedor e preocupante. Que não me venham falar da mídia, que propaga a cultura dos outros e não a nossa. Nós mesmo abandonamos a nossa cultura. Nós, de dentro pra fora. O que é do Rio Grande é coisa simples e o CTG deveria ser a segunda casa de cada gaúcho e gaúcha deste mundão sem fronteira. Mas não é. O CTG é a casa de uma minoria, dos mesmos de sempre, daqueles que almejam “status” social. Status num CTG é o fim da picada! O povo primeiro foi banido e hoje ele nos bane. A culpa é nossa senhores, só nossa. Mas ainda dá tempo de resgatar o passado e recolher as ovelhas perdidas que estão por aí, sedentas para voltar para o aconchego do galpão. Local aliás que sempre conheceram por casa. A nossa casa.

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Tá certo que a pandemia ajudou a afastar o povo do CTG's, mas a verdade é que em 10 anos tudo que disse acima só piorou. Seguimos afastando e nos afastando da "nossa casa".

Boa sequencia de semana a todos.

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