segunda-feira, 14 de abril de 2008

Caminhos

Eu sempre fui um fã do Tchê Barbaridade. Juntamente com Garotos de Ouro ( o precursor), e Tchê Garotos, principalmente. Estes três grupo meio que reinventaram os bailes, deixando os fandangos mais animados, com uma batida de percussão diferenciada. O Tchê Barbaridade tem sucessos memoráveis, dos quais não poderia deixar de citar: Sábado o Dia, Gaita do Belizário, Apaixonado e a milonga, Ausência. Isso sem contar os outros tantos sucessos. Eu disse no começo deste parágrafo que fui um fã do Tchê Barbaridade, no passado. Respeito a decisão de todos, pois cada um faz da vida o que quer, mas o meu gosto pela música Tchê Barbaridade, esta na mesma gaveta em que eles amontoaram as bombachas que não usam mais.
Esses dias tive vendo um vídeo na internet do Tchê Garotos interpretando um grande sucesso do grupo Os Mirins. Estupendo. Musicalmente os integrantes do Tchê Garotos sempre foram de grande qualidade, fazendo um conjunto equilibrado e harmônico. Uma pena que resolveram seguir outro caminho. Eles sempre interpretaram músicas dos Mirins como ninguém, assim como todos os outros. Outros grupos também se desvirtuaram da nossa autenticidade, dentre eles os Garotos de Ouro, Minuano, Tchê Guri e Candieiro.
As vezes me pergunto: Por que? Cansados de trabalhar apenas para o sul do Brasil? Ver bandas como o Tradição estourarem nas paradas de sucesso com as nossas músicas? Não ter o retorno financeiro esperado?
Por outro lado entendo estes colegas músicos. Trabalhar pelo sucesso de outros é desanimador. E outra, os músicos gaúchos sempre foram desprezados (aliás, não só os músicos, o gaúcho é desprezado pelo restante do Brasil). Para tocarmos pelos quatro cantos deste país, temos que atravessar as piores estradas possíveis de ônibus. Temos que cobrar valores insignificantes, comparados com artistas do norte, nordeste e sudeste, e ainda assim não somos valorizados. Enquanto uma dupla sertaneja mediana (ainda engatinhando no cenário musical) ganha R$ 30 mil pra fazer um show de no máximo duas horas, nós ganhamos no máximo a metade pra fazer um baile de cinco horas, e ainda temos que ouvir patrões de CTG dizer que estamos explorando.
Sei que muita gente acha que músico é vagabundo. Que é músico quem não quer trabalhar. Não recrimino ninguém. Eu mesmo pensava assim dos bancários até trabalhar num banco. Lhes garanto que as aparências enganam. A música é gratificante e arduamente trabalhosa. Na música gaúcha, vivemos dentro de um ônibus, longe da família e dos amigos. Passamos pelas situação mais inusitadas possíveis.
Por isso não condeno os Tchês. Eles resolveram mudar de vida e se judiar menos. Mas será que precisava ser assim? Os Serranos e Os Monarcas, por exemplo, estão a quarenta anos na estrada e nunca rebolaram pra ganhar dinheiro.
Na dúvida, prefiro ser e permanecer Campeiro, mesmo que precise trabalhar a vida inteira para ser reconhecido.

Forte abraço a todos e uma boa semana.

Nenhum comentário: