domingo, 20 de setembro de 2009

De bota e bombacha

Porque eu sou gaúcho? Algum mais desavisado ou brincalhão logo vai me responder que é porque eu nasci no estado do Rio Grande do Sul e quem aqui nasce é chamado de gaúcho. Minha pergunta, contudo, vai além dos limites civis da unidade federada do nascimento, pois, fiz a pergunta baseado no sentimento ser gaúcho, algo muito mais profundo que uma simples questão de geografia. Ao longo dos últimos tempos tenho me tornado uma pessoa ainda mais ferrenha na defesa da nossa tradição e é por isso que eu fiz tal questionamento na abertura deste texto e refaço agora: Por que eu sou gaúcho? O fato de ter nascido neste estado não me causa obrigação de gostar das nossas raízes. Ter nascido na cidade considerada a mais gaúcha da nossa região serrana, São Francisco de Paula, também não carimba a resposta a tal questionamento. Talvez eu nem tenha uma resposta clara e objetiva para a pergunta que eu mesmo fiz, mas ouso dizer que a chave para a possibilidade do suprimento frente a pergunta seja uma palavra: sentimento. Nascer no estado do Rio Grande do Sul te faz simplesmente um gaúcho, assim como nascer no estado de São Paulo te faz um paulista, agora, o gaúcho de fato é aquele que tem um sentimento gaúcho que rompe toda ou qualquer fronteira. Supera todo ou qualquer obstáculo.
Tenho nas minhas mãos uma grande responsabilidade frente a este texto que os amigos e amigas lêem neste momento. Estamos no dia mais importante, da semana mais importante, do mês mais importante, dos anos que vão correndo pela nossa vida. Não basta vir aqui e dizer que o vinte de setembro é o precursor da liberdade e que graças a peleadores como Bento Gonçalves, Davi Canabarro, Antônio Netto, Giuseppe Garibaldi e tantos outros é que hoje podemos andar de cabeça erguida batendo forte no peito dizendo que somos riograndenses. É preciso, em primeiro lugar, firmar uma posição sobre o tema, pois, gaúcho que é gaúcho, sempre sabe o que quer. Ou foi chimango ou maragato; ou é colorado ou é gremista. Nossa cultura é assim. Ou se gosta do tradicionalismo ou não se gosta. Hoje ainda temos uma via alternativa de simpatizantes, e isso de certa forma é importante pois oxigena o pensamento sem precisar mudar o que é nosso. Bom, voltando a mim, minha posição é clara: sou um gaúcho tradicionalista que preza por tudo que é do Rio Grande. Me orgulha ser gaúcho e poder transmitir meus ideais as demais pessoas. Faço isso ao meu modo e tenho a consciência tranqüila de que, se não estou certo, ando bem próximo a ele.
Hoje é vinte de setembro, e a cento e setenta e quatro anos atrás tinha início a revolução farroupilha que veio gerar a República Riograndense e culminou com a grandeza deste povo, que mostrou ao Brasil que jamais iríamos e iremos aceitar uma situação de submissão a quem quer que seja. Desde então, forjou-se um legado e uma história de luta pela igualdade, fraternidade e humanidade, fazendo de todo um povo uma só bandeira na peleia pela união de todos. Eu sou gaúcho porque tenho orgulho desta bandeira e porque tenho orgulho do nosso passado de peleias e glórias. Eu sou gaúcho porque o meu peito bate mais forte quando trato das coisas do Rio Grande do Sul. Eu sou gaúcho porque ser gaúcho me basta. Eu sou gaúcho de bota e bombacha. E que baita orgulho eu tenho de tudo isso. Mil gracias meu Rio Grande!
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Forte abraço e bom domingo a todos.
São Francisco de Paula/Rio Grande do Sul, 20 de setembro de 2009

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