segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ordem e Progresso?

Recebi e-mails na semana que passou questionando-me, estes e-mails, por que eu não havia dedicado um texto ao dia da independência, comemorado (ou sofrido, depende da visão de cada um) no último dia sete. Confesso que hesitei muito em falar do tema, combinado com a minha falta de inspiração para escrever, e por isso não postei na semana passada. Contudo, o fato de ter recebido estes e-mails me fez parar para pensar sobre o meu patriotismo frente a nação brasileira, ou, a falta dele. Todos os leitores deste blog, sem exceção, sabem que eu sou um profundo defendedor da república riograndense e pouco afeito aos demais costumes brasileiros. Nem a seleção de futebol me empolga muito, ainda que tenhamos um gaúcho no cargo de treinador da mesma. Creio que a cada dia que passa tenho me tornado ainda mais cético em relação ao ser gaúcho e a tradição que este estado nos proporciona. No entanto, em momento algum direi aqui que tenho ódio de ser brasileiro, porque isso certamente não ocorre. Até por que, quando você é obrigado a vivenciar algo rotineiramente, acaba se acostumando com tal situação e deixa de se queixar da vida, pois afinal, reclamar de nada adiantará mesmo. Enfim, me considero um brasileiro feliz, gaúcho acima de tudo. Acima de tudo mesmo.
Em uma época da minha vida eu pensei em seguir a carreira militar, na aeronáutica mais precisamente. Sempre admirei e respeitei os militares, e acredito que deve ser uma honra muito grande vestir uma farda, mesmo estando as nossas forças armadas num estado precário e sucateado. Antes que me perguntem, antecipo minha posição: sim, sou totalmente a favor da compra dos caças, helicópteros e submarinos por parte do governo brasileiro. Me abstenho, no entanto, de comentar sobre qual proposta deve ser aceita, uma vez que o meu conhecimento técnico sobre o equipamento a ser adquirido é muito generalizado, e por que não dizer: infimo. Mas como vocês podem ver, eu acabei não indo para a aeronáutica. Tive a oportunidade de ir pro exército aos dezoito anos, porém, eu não queria ir para o exército e, felizmente, fui dispensado. Talvez se eu seguisse a carreira militar hoje já tivesse patente e estivesse bem encaminhado, todavia, certamente a música teria de ser deixada de lado da minha vida e isso, sim, seria lamentável. No fim, creio que tomei a decisão certa e hoje estou parcialmente satisfeito.
Retornando ao nosso dia da pátria, reparei ao longo da semana que passou, que na nossa bandeira estão os dizeres: Ordem e Progresso. Aí, comecei a refletir o quanto isso reflete na nossa realidade atual. A ordem nada mais é que a pacificação de um povo, que acata as leis presentes no seu ordenamento e quando discorda utiliza-se do diálogo como o principal instrumento para o feito. Não há guerra, motim ou algo do gênero. Vejamos o Brasil: na quarta-feira, enquanto praticamente todo o batalhão de polícia militar do estado da Bahia dava suporte de segurança e assistia ao show de gols do colorado Nilmar no jogo entre a seleção brasileira de futebol e a seleção chilena, cerca de seis ônibus do transporte coletivo de Salvador eram queimados e tantos outros depredados pela bandidagem em represália a transferência do chefe baiano do tráfico de entorpecentes para um presídio do estado do Mato Grosso. Já o progresso, é um acontecimento derivado principalmente do enriquecimento cultural da população que, ao progredir intelectualmente, propicia a toda a sociedade em que vive um desenvolvimento capaz de melhorar a vida de todos. Vejamos o Brasil: na última quinta-feira que passou o ministro da fazenda disse que não estamos mais em recessão econômica e o tal de pré-sal virou a galinha dos ovos de ouro do nosso país. Chegaria a ser emocionante tudo isso, não fosse a realidade tão mais cruel. Temos professores ganhando salários deploráveis e deputados ganhando rios de dinheiro. Temos escolas em estado precário e um congresso nacional lindo, maravilhoso e que dá exemplo de ética e trabalho pelo povo (momento ironia semanal).
Assim sendo, é muito complicado empunharmos a nossa bandeira nacional, simbolo democrático brasileiro garantido inclusive pela nossa constituição, uma vez que o nosso lema, na prática, não vêm ganhando um verdadeiro destaque real. Diz uma propaganda não sei de quem na televisão (que vi em um dos raros momentos em que assisto televisão) que não são as certezas que movem o mundo e sim as dúvidas. Concordo plenamente com tal afirmação e complemento dizendo que é por causa da dúvida que continuamos acreditando no amanhã. É nessa hora que a dúvida e a esperança se confundem e dão forças para cada um de nós seguirmos nossas jornadas pensando sempre que o amanhã vai ser melhor. Uma busca, contudo, as vezes infinita se pensarmos que há vida após a morte. Será que há? Pois é, são as dúvidas que movem o mundo. Sexta-feira foi o último capítulo da novela velha e hoje é o primeiro capítulo da novela nova. Certamente um acontecimento cultural para o país. E é por aí que caminha a nossa Ordem e o nosso Progresso.
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Abraço a todos e uma boa semana.

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