quarta-feira, 7 de julho de 2010

Orgulho Charrua

Quando o General Bento Gonçalves fez um acordo bilateral com o país vizinho Uruguai ouve chiadeira das grandes por parte dos outros comandantes do exército farroupilha, dentre eles e com mais afinco, Davi Canabarro. A certa altura da história, o convívio entre o povo gaúcho e os castelhanos não era dos melhores, portanto, ao traçar tal acordo, Bento teve que sobrepor seu brios e controlar as conseqüências que surgiriam. O preço para mais alguns anos de luta, afinal, o nosso exército já tinha problemas de falta de armas, mantimentos, remédios entre outras coisas. No fim, todos sabem que não ganhamos a guerra e infelizmente (ou felizmente para alguns) continuamos fazendo parte do Brasil, porém, abriram se as portas para uma nova relação com o Uruguai, relação esta que nos dias de hoje é de extrema cordialidade, afinal, muito da história Riograndense confunde-se com os adventos culturais do estado federado vizinho. Nas oportunidades que tive em estar no lado uruguaio da fronteira, encontrei muito de nosso costumes, costumes que são deles também, uma região banhada por verdes pastagens e gado lembrando a nossa região da campanha, claro, resguardando as diferenças de vegetação e solo. No mais, o Uruguai me pareceu um pouco abandonado. Isso ainda em 2008, quando estive lá pela última vez. Mas isso foi em 2008. Agora, é outra história.
Confesso a todos que o selecionado de futebol do Uruguai nunca me encantou. Salvo algumas peças individuais, tal qual o zagueiro Lugano e o camisa dez Forlán (os quais queria vestindo o manto sagrado colorado), de resto nunca me animei com o time. Aí, veio o advento da copa do mundo e mais precisamente a segunda fase, quando não restava outra alternativa senão ganhar os jogos. A partir de então, o selecionado uruguaio que já havia conquistado destaque face a campanha da fase de grupos, ganhou mais notoriedade e pasmem, chegou as semi finais, coisa que a toda poderosa seleção brasileira, recheada de craques, não conseguiu. Uma questão de competência. E sorte também. Para um bom time de futebol só a competência não basta. Também tem que ter sorte. Como esquecer daquele lance no finalzinho do segundo tempo da prorrogação contra a seleção de Gana, quando o atacante Soarez num ato de coragem colocou a mão na bola dentro da área impedindo o que seria um gol da seleção africana. Sim, um ato de coragem e bravura. Ao cometer tal ato ele sacrificou a sua participação no jogo seguinte em prol do coletivo, do time. Como bola na mão é penalti, aí surgiu a questão da sorte pois o jogador africando chutou a bola no travessão. Para um bom time de futebol só a competência não basta. Também tem que ter sorte.
A Seleção Uruguai, contudo, não passa de um bom time. Talvez um dia volte a marcar seu nome na história, tal qual em 1950 quando ganhou do Brasil em pleno Maracanã e sagrou-se campeã de mundo pela segunda e última vez. Mas não foi agora, não seria agora. O Uruguai chegou a semi final da copa do mundo e com minha torcida será terceiro colocado muito mais pelo brio de seus jogadores, pela humildade e pelo trabalho em equipe do que pela qualidade de seu futebol. A seleção uruguaia chegou até onde chegou porque é formada por homens que jamais fogem a luta, que não desistem da peleia jamais. Ontem, descontou aos 46 minutos do segundo tempo e se tivesse mais 5 minutos de jogo tinha empatado o jogo. E iria levar a melhor em cima da Holanda meus caros amigos e amigas. Sabe porque? Porque a Holanda não tem sangue charrua correndo em suas veias, nem de longe lembra a famosa laranja mecânica de 1974 e 1978 (que não ganhou, é bem verdade) e não esta preparada para ser campeã. Pode ser campeã? Pode! Merece? Acho que não. O certo, é que assim que os jogadores Uruguaios puserem os pés no seu país de origem, devem ser recebidos com festa pela torcida, desfilarem em carro de bombeiros e receberem uma medalha de bravura. Merecem por não ter baixado a cabeça jamais durante a peleia. São sim um orgulho. Orgulho charrua.
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Abraço a todos.

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