segunda-feira, 25 de abril de 2011

Desgarrado

Tentar achar uma desculpa para a minha breve ausência é algo inócuo. Primeiro porque não há uma obrigatoriedade expressa de minha parte, mas sim, moral. Segundo, porque como todos vocês sabem imprevistos acontecem e neste caso, foi por um bom motivo. Na quinta-feira pela manhã subi a serra e fui rever os meus patrícios de São Chico. Depois de mais de dois meses fui lá para passear e não para trabalhar. Como agora não vou mais profissionalmente, a não ser que surja algum fandango por lá, resta-me voltar as origens de vez enquando para dar uma satisfação aos queridos familiares e amigos. Veio a calhar o fato deste meu regresso se dar justamente às vésperas da páscoa, mais uma data possível para a reflexão, a recuperação dos valores e, por que não, do verdadeiro sentido da vida. Aí, num contraponto, surge o comércio, o chocolate, a oportunidade de feriadão e tudo mais. Não me cabe julgar nada e nem ninguém. Seguimos todos o nosso destino que é traçado, inevitávelmente, por nós mesmos.
Resta-me, lógicamente, lamentar o resultado catastrófico das interpéries do tempo no feriado que vitimou pelo menos dez vidas. E nada mais me resta, afinal, não posso fazer nada. Imagino que nossos governantes devam pensar o mesmo pois não se vê nenhuma política para se previnir tais conseqüências. Como um agente fiscalizador de obras, entre outros, possuo uma habilidade considerável para “enxergar” as obras civis. Ainda que eu já não faça mais isso, a tal habilidade continua. Então vejamos: ao voltar de São Chico no sábado pela manhã pela estrada principal que liga RS020 à Igrejinha, caminho aliás que eu faço sempre, notei que à direita de quem desce está sendo construída uma casa. Esta casa está sendo construída não na encosta mas sim no morro propriamente dito. Se eu vi, provavelmente agentes públicos do município, com poder legal para impedir e embargar tal construção, também o fizeram. A obra, todavia, não pareceu-me embargada. Pelo contrário, pareceu-me bem em andamento. Assim, meus caros e minhas caras é que acontecem, ou pelo menos ajudam a acontecer desgraças como a de sábado. Resta-me lamentar e nada mais. Infelizmente.
São Francisco de Paula é realmente um paraíso. Eu pelo menos assim considero. Ainda que eu não tenha feito nada de mais por lá, considero muito produtivo o meu passeio. Parece que lá eu realmente descanso, o sono vêm e acordo no outro dia relaxado. Há muito não me sentia assim. Foi bom poder estar lá descompromissado, ou então, com o compromisso de atender aos parentes e amigos, apenas. Sei que este “apenas” parece depreciativo, mas por favor, não entedam assim. Tal compromisso é algo fácil de se resolver. Nunca é penoso estar no meio dos nossos. E é no meio dos nossos que a gente relembra do verdadeiro sentido que é a páscoa, ou então o próprio natal. Como é bom poder voltar para casa. Agora é saber ou lembrar que não há nada como a casa da gente. E que geralmente esta, está com as portas sempre abertas a um filho meio desgarrado.
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Um abraço a todos e uma boa semana.

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