quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A culpa é das escolhas!

Soubesse eu que aquele acordo me traria certo dissabor, passada mais de uma década, talvez não tivesse o feito. Pois, lhes conto. Nos idos do terceiro ano do ensino médio ou segundo grau, como queiram, as provas de língua inglesa eram sempre em dupla. Sempre. Mesma característica experimentada pelos testes de física. Eu detestava as aulas de inglês. Por alguma razão, nunca gostei do método da professora, uma vez que não tenho nada contra a língua em si, pelo contrário.Já o Rodrigão, nosso eterno colaborador, embora se desse bem em todas as matérias, com especial destaque na língua inglesa, andava meio cansado e já não tinha muita paciência para as aulas de física. Por sorte, este que vos escreve tinha uma sorte incrível, e alguma facilidade (mais incrível ainda) com as matérias de física.

Foi então que surgiu um acordo pactuado sem qualquer necessidade de discussão de cláusulas, ante o mútuo e cristalino interesse entre as partes: como eram em dupla as provas, seria eu o responsável pelas provas de física e o Rodrigo, as de inglês. A culpa, ao fim e ao cabo, é das escolhas!

O parco interesse do Rodrigo para com as aulas de física, hoje, pouco ou nada lhe traz prejuízo. Não foi o caminho das ciências exatas que ele escolheu para a sua vida. Já da minha má vontade com as aulas de inglês, entretanto, não posso dizer o mesmo. Claro que não seria numa aulinha tosca de ensino médio que aprenderia uma língua estrangeira a ponto de sair falando fluentemente por este mundo afora. Mas, assim como até hoje ainda lembro de alguns cálculos de física ou de P.A e P.G, de matemática, alguma base, por mais rateira que fosse, talvez hoje me ajudasse a ver a minha realidade de forma diferente.

A cada dia que passa, ao acordar, dormir e, também, ao longo das manhãs e tardes, penso que viver por aqui, digo no Brasil, está cada vez mais difícil. Se paga a cada raiar do sol (que também anda meio escasso) mais impostos, taxas, penduricalhos e, quando esperamos que isso retorne em bons hospitais, educação de qualidade, estradas bem conservadas, ruas policiadas e cidades seguras, somos agraciados com outras tantas vergonhas e picaretagens, sustentadas pela corrupção desenfreada, institucional e vertical entre os poderes executivo e legislativo. Para piorar, nossa classe política há muito tempo já não mais sabe o que significa "representar o povo", quando, em verdade, representa - apenas e tão somente - seus próprios interesses e os dos seus, que são somente aqueles bem próximos.

Daí penso que talvez tivesse me dedicado a tentativa de aprendizado naquelas aulinhas purgantes de inglês, hoje seria tão mais fácil aprender a falar com um mínimo de entendimento e, então, eu poderia pensar seriamente na possibilidade de pegar mulher, filho e cachorros e partir rumo a uma vida menos tortuosa em um dos tantos bons paises que existem no mundo.

Mas, nesta curta vida que temos, somos senhores do nosso destino. A culpa, repisa-se, tanto para o bem ou para o mal, ao fim e ao cabo, é das escolhas!

Hoje, analisando com mais calma, talvez não tivesse formalizado o acordo tácito com o Rodrigo. Ao menos, da forma que foi. Se bem que passados mais de dez anos, criar expectativas em cima de uma aulinhas sem vergonhas de segundo grau é querer fugir da peleia pela porta dos fundos.

Preciso me reinventar, admito.

Abraço a todos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quanto a classe política, concordo plenamente. Ta feia a coisa. Tambem não sei se foi diferente um dia. Pega a primeira constituição feita e da uma lida. Podia-se fazer qualquer coisa, desde que o poderoso concordasse.
Quanto ao ingles, penso que é uma questão de dificuldade para aprender. Para alguns se tem menos, para outros mais. Quanto ao sair da terrinha, sem dúvida , está nos
faltando segurança. Mas cuidado,onde não falta segurança pode não ter uma paleta ou
costela de ovelha como a nossa, e certamente não terá uma paçoca de pinhão. E provalvemente não é qualquer joguinho de bola que já é motivo para assar uma carne
e tomar uma cervejada. Basta só um pouquinho de seriedade em nossos administradores
públicos, só um pouquinho, que esse nosso país fica uma maravilha. É apenas uma opinião.
Aristeu