segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Das saudades que tenho

Hoje eu acordei nem um pouco propenso a levantar discussões aqui neste blog. Ainda que este quesito esteja em alta em nossas vidas, em diversas camadas da sociedade brasileira e mundial, não surgiu-me a inspiração necessária para aumentar ou diminuir toda ou qualquer polêmica que eu julgasse interessante dialogar por aqui. Mas então, sobre o que escrever hoje então? A caminho deste lugar em que me encontro neste momento, andava por uma rua de Ivoti e ao chegar no topo de uma pequena ladeira deparei-me com duas crianças, com não muito mais do que dez anos de idade, lado a lado com suas mochilas nas costas dirigindo-se a escola, em torno de duas quadras dali. Conscientemente diminui a velocidade em que me encontrava, por questão de segurança mas também para relembrar o meu tempo de colégio. Ambos pareciam contentes ao cumprir o trajeto fadado, tanto que o da esquerda a certa altura deu um breve “tapinha” nas costas do amigo, como se fosse abraça-lo. Um gesto puro certamente, numa sociedade hoje em dia tão mergulhada em preconceitos e esteriótipos absurdos e desnecessários. Ao ver e acompanhar por breves instantes aquela cena, fez-me por segundos voltar no tempo e relembrar das tantas vezes que percorri o caminho rumando a escola. Neste momento em que escrevo este texto sinto meu corpo tomado por um sentimento de saudade de um tempo bom que infelizmente não há de voltar mais.
Enquanto somos jovens e com pensamentos de certa forma até inconseqüentes, tratamos de execrar a escola, professores colegas e tudo em torno. Lembro que a certa altura do do segundo ano do ensino médio eu não via a hora daquilo tudo acabar de uma vez. Depois, com o passar do tempo, a gente passa a compreender o real significado da necessidade de estudar, de ir para o colégio, enfim. Há uma noção distorcida da nossa mente ainda criança ou no máximo adolescente, de que ir pra escola é uma obrigação quando na verdade, é uma satisfação que se mostra muito tempo depois em nossas ações, idéias e vontades. Muito além de aprender a ler, escrever, e a familiarizar-se com o português, a matemática, física, química, história e geografia, a escola nos proporciona o verdadeiro sentido de integração com a sociedade, a inserção política e a noção real da importância do convívio em grupo. Falando em grupo, como não se lembrar dos colegas e inevitavelmente, dos amigos que fizemos durante esta importante passagem das nossas vidas? Pois é. Pena, contudo, que com o andar dos anos esta proximidade vai se limitando a troca de e-mails e olhe lá. As pessoas acabam adquirindo novas responsabilidades, dando novo foco para vida e as relações do tempo de colégio acabam se perdendo por aí. Perduram-se as amizades ainda que de forma aquém do que se gostaria.
No parágrafo anterior eu disse que a certa altura do segundo ano do ensino médio eu já estava cansado daquela rotina diária na escola. No terceiro ano, porém, este sentimento de saudade que sinto hoje começou a se manifestar dentro de mim, ainda que eu não compreendesse o que significava. Talvez por não compreender isso é que eu tenha desistido na última hora de fazer minha cerimônia de formatura, o que, me arrependo hoje em dia. Perdi a oportunidade de ter comigo uma grande lembrança, algo que ficaria comigo para todo o sempre, mas enfim, esta é mais uma decisão daquelas que passado o tempo a gente não sabe porque tomou. Hoje, ao ver os dois meninos se encaminhando a escola lado a lado, vi brotar dentro de mim um sentimento de saudade de um tempo em que a única responsabilidade que eu tinha era estudar. Saudade dos tempos em que ficava três meses de férias em São Chico, saudade dos tempos em que jogava futebol todos os dias, saudade do melhor tempo de minha vida até agora. Por incrível que pareça já se vão mais de cinco anos em que me formei e ainda tenho laços de afeto com o Santa, o colégio que mais tempo fiquei e onde realmente fiz os meus laços de amizade. Se você que está lendo este texto, ainda estuda e tem a oportunidade de freqüentar a escola, leia com atenção este meu relato, pois ainda dá tempo de repensar o verdadeiro sentido de ir para o colégio. Passado este tempo, você terá tantas responsabilidades que esquecerá de tudo que a vida é capaz de proporcionar-lhe. Não esqueça também de estudar bastante, porque no fim das contas, o aprendizado é a única coisa que acompanhará-lhe até o fim de sua vida.
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Bom retorno as aulas a todos os estudantes.
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Abraço e uma boa semana a vocês leitores.

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