segunda-feira, 22 de março de 2010

Cinco minutos

Cinco minutos é tempo suficiente para mudar uma vida, acreditem. Ainda que pareça um tempo escasso, creio que cinco minutos seja o suficiente realmente para darmos um novo sentido a qualquer coisa em nossa vida, por mais banal que seja. Vou dar um exemplo, este que norteará o texto desta segunda-feira: quando saio pontualmente as sete horas da manha de casa, a saber situada na cidade de Ivoti que distante mais ou menos 6 km de Novo Hamburgo) geralmente não pego engarrafamento em virtude da sinaleira do bairro Roselândia em Novo Hamburgo, no máximo, um fluxo mais intenso próximo ao dito semáfaro. Se eu sair cinco minutos depois, exatamente cinco minutos depois, eu já devo parar distante cerca de 1 km da sinaleira. Ou seja, cinco minutos é tempo suficiente para causar novecentos metros de congestionamento. Se considerarmos três metros para cada carro ( comprimento do carro mais distância entre carros) e não levarmos em consideração ônibus e caminhões, cinco minutos é tempo suficiente para aumentar o fluxo de cerca de trinta para trezentos automóveis. Vejam bem, é um aumento de dez vezes em apenas cinco minutos, ou trezentos segundos. Um veículo por segundo. É muito fluxo. Aliás, vale salientar que este trecho da BR 116 não é o mais crítico. Viajar para Porto Alegre todo o início de manhã, é uma das exceções em que, cinco minutos, em nada adianta para mudar uma vida.
No ano passado eu passei cerca de duas semanas viajando intermitentemente a Porto Alegre todos os dias pela manhã. Como tinha compromisso de horário, no primeiro dia em que desloquei-me a capital saí as seis horas da manhã de casa, pasmem, três horas antes de dar início ao fim que me aguardava. Com o passar dos dias, fui retardando este horário de saída com base na curta experiência que tinha adquirido. No último dia em que desloquei-me a Porto Alegre, saí de casa por volta de seis horas e quarenta e cinco minutos. No entanto, passados cerca de dez meses do feito, ao acompanhar todas as manhãs o noticiário de rádio, percebo que o engarrafamento na BR 116 sentido interior capital tem ficado cada vez maior e tem começado cada vez mais cedo. Nesta madrugada, tombou um caminhão contendo uma carga de ferros na altura do município de Esteio. Esta manhã, por volta de sete horas e vinte minutos, devido a curiosidade dos motoristas que quase paravam para ver o caminhão tombado, ouve um engavetamento e dois carros se chocaram. Pronto. O que que já estava ruim, degringolou de vez. Com base nos fatos, posso tratar sob a ótica de dois pontos: capacidade humana e estrutura rodoviária. Vejam só, como o ser humano é mesquinho e ridículo ao mesmo tempo: por curiosidade, de, de repente ver alguém esmigalhado por debaixo da carga de ferro do caminhão, os motoristas chegam a quase parar seus carros. Ora, convenhamos, é chegada a hora de pararmos de nos preocupar com a desgraça alheia e sim com a nossa realidade. Neste caso, a realidade é que estou numa rodovia de fluxo intenso e tenho que olhar pra frente, dirigir com atenção e manter o fluxo horário da estrada! Quanto a estrutura, bem, é visível e notório a necessidade de construção da dita Rodovia do Parque que teoricamente vai escoar o tráfego de modo a torná-lo menos intenso na BR 116. Mas enquanto não fica pronta esta nova rodovia? A solução direta é proibir o tráfego de caminhões e carretas nos horários de pico: entre seis e oito horas da manhã e dezessete e dezenove horas da tarde/noite. Ia dar chiadeira no início? Sim, mas com o tempo os caminhoneiros e carreteiros se acostumam.
Infelizmente, o pensamento provinciano de alguns dos nosso governantes passados acaba por acarretar em um problema emblemático em nossas vidas. Se vivemos num país subdesenvolvido, dar ênfase ao transporte rodoviário em detrimento ao ferroviário é no mínimo um saudosismo para não taxar de burrice logo de cara. Quanto custa para manter uma ferrovia e uma estrada pavimentada? Alguém de vocês, meus nobre leitores, sabe quanto custa 1 km de pavimentação asfáltica? Segundo um conhecido que trabalha na duplicação da BR 101, é necessário R$ 40.000,00 para pavimentar um trecho desta distância. Acho que não precisa nem fazer o cálculo do que custa menos não é? Pensamento arcaico, misturado com o desejo de favorecer uma minoria já bem rica, fizeram deste nosso país um lodo de prejuízo. O que fazer senão correr atrás dele então? Por favor, dêem-me cinco minutos. Talvez com este tempo eu possa pensar em alguma alternativa, ou então, rezar uma novena para Santo Expedito, o santo das causas Urgentes!
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Abraço e uma boa semana a todos.

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