segunda-feira, 29 de março de 2010

Hombridade

Eu podia estar aqui hoje relatando os meus anseios. Ou então, podia tratar de relatar o porque do meu desencantamento com as coisas que a vida tem me proporcionado. Há, porém, coisas que impedem que eu faça isso. Primeiro, porque este espaço aqui não é e nem será transformado em um muro de lamentações, e, segundo, porque concluí estes dias que devo cuidar um pouco mais na hora de transparecer a minha sinceridade. Por vezes o silêncio é melhor do que abrir a boca e revelar as mágoas. Talvez como tempero pode haver uma ponta de indiferença, porém, não muita para não magoar quem não precisa ser magoado. Assim, em face da não existência de um assunto específico para abordagem aqui neste blog nesta manhã de segunda-feira, de uma semana que é mais curta por causa de um feriado santo, saio falando a esmo. Aliás, esta semana tudo leva crer que a postagem será feita na quinta-feira ao invés de sexta-feira. Muito mais pelo que representa a data do que pelo feriado em si. Neste caso, poderia então tratar de falar sobre a semana santa, e a páscoa, enfim, no dia de hoje. Não sei, todavia, se tenho inspiração tamanha para tanto.
Já fui uma pessoa mais religiosa. Fiz catequese, primeira comunhão e também a crisma. Frequentava a missa também, ainda que com uma regularidade pequena. As dúvidas sempre pairaram em minha cabeça, mas fui tocando minha vida mesmo assim. Até que um certo dia, a descrença tomou conta de minha cabeça de tal forma que eu abandonei tudo. Não frequentei mais a missa e parei até de rezar antes de dormir. Eu simplesmente não consigo mais, perdi a crença, a fantasia da coisa. Falo em fantasia pois todos nós sabemos que a história toda contada de um “Ser Superior” foi escrita por mãos humanas e assim sendo, baseada em seus juízos de valores. Ou quem sabe a suas imagens e semelhanças? Em suma, a verdadeira história não sabemos mesmo e é bem possível que nunca viemos a saber. Eu, um ateu? Apesar da rima, eu diria que não sou um ateu. Ainda tenho fé, esperança. O que não entendo, contudo, é como achar o tão fadado ponto de equilíbrio, aquele que fará de mim uma pessoa um pouco mais crente e com olhos abertos para o caminho certo. Se o culto a seres superiores é uma tradição milenar e de povos distintos, quem será eu, um ser insignificante, para duvidar da existência de Deus?
Será alguém capaz de dizer que eu falo isso porque não preciso de nada e certamente, quando inverter-se a situação, eu lembrarei que Deus, Jesus Cristo, enfim, existem. Pode ser. Porém, até nisso eu sou um pouco coerente com o fato de que existe fé dentro de mim, apenas ela não está se demonstrando. Ora, se eu evito evocar algum tipo de graça divina, é porque sei que esta divindade pode e deve ter responsabilidades maiores neste exato momento. Tenho que ser humilde ao ponto de reconhecer que o meu problema não deve ser maior que o do outro. E o do outro não maior do que o seu próximo. O que falta a humanidade é hombridade. O que falta a humanidade é vergonha na cara. O que falta na humanidade é bom senso. O que falta na humanidade falta a mim também. E o que nos falta é a percepção de que, o que está ruim hoje, sempre pode ficar pior amanhã.
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Abraço e boa semana a todos.

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