segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O país do carnaval

A má fama do Brasil chegou a tanto que tem até propaganda de carro tratando do fato de por aqui, o ano começar somente após o carnaval. Sinceramente, deveríamos ter um pouco mais de vergonha na cara. Remeto a isso, pois creio que já é passada a hora de voltar aos assuntos rotineiros aqui no blog, ou seja, menos charla e mais conversa de galpão, se é que me entendem. Creio ser o ano de 2011 de mudanças. Por algum motivo que não sei bem explicar, do primeiro dia deste ano corrente para cá tenho a impressão que é chegada a hora de minha vida dar uma guinada, me preocupar mais com ela e com minha felicidade e menos com os bens materiais. É hora de trabalhar para viver e não viver para trabalhar, ou então, para suprir eventual ganância consumista. Não posso dizer que sou infeliz, apenas que não ando vivendo em felicidade comigo mesmo, e neste constante, com os demais que me cercam. A situação estava de tal forma, que pensei seriamente em deixar a música. Não somente o Fandangueiro, mas os palcos propriamente ditos. Mas 2011 não. Este ano está sendo diferente. Eu não só não quero mais abandonar a música, como não vejo a hora de subir novamente aos palcos e cantar este nosso Rio Grande. Parece que aquilo que puxava-me para atrás já não caminha mais junto comigo. Agora vou para frente. Deste forma, resolvi valorizar mais minha carreira e deixar de lado aquilo que acha-se no direito de me usar em contraprestação a uns míseros vinténs.
Quem me acompanha com freqüência deve lembrar que a poucos dias atrás falei do velho Alma de Campo e da vontade que eu tenho de voltar a tocar com meus amigos. Este é um episódio que ilustra muito bem o sentimento da saudade. Quando a gente para para pensar no passado, e traçando um breve comparativo com o presente persiste este sentimento, é porque o hoje não está sendo tão bom como foi o ontem. Eu esperei tanto pelo hoje e quando finalmente ele chegou parece que não é tão bom quanto se parecia. Todavia, voltar a viver o ontem é impossível e assim, resta-me aproveitar as oportunidades que a vida nos proporciona e tentar um recomeço, ainda que aos poucos. Como a vida é curta, ao passar o cavalo encilhado, temos que montar ainda que meio desajeitados. Muito mais difícil que arriscar no que é incerto é passar a vida infeliz pelo que se acha que é certo.
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Prometi para mim mesmo que não trataria mais de assuntos deste tipo, mas tem coisas que não dá pra deixar para trás. Há um novo fenômeno na música brasileira. Não vou tratar de nomes aqui, mas certamente trata-se de uma assumidade. As duas maiores redes de televisão do Brasil já colocaram este “cantor” nos seus maiores programas de auditório. Também pudera: sua música fez sucesso mesmo tendo apenas meia dúzia de palavras. E a coreografia então? Algo digno das melhores academias de dança. Bandas, cantoras e cantores famosos já dispõe o estrondoso sucesso em seus shows.
Realmente não é à toa que nosso país é conhecido como o “do carnaval”. Também não é à toa que mundialmente já se sabe que o ano por aqui só começa depois desta festa pagã (no bom sentido). Primeiro, porque a grande fonte de entretenimento e cultura do nosso povo chama-se vulgarmente de televisão. Segundo, porque qualquer lixo que chamam de música vira sucesso. Tais palavras não remetem dor de cotovelo. Quem me conhece sabe que a minha opinião independe da naturalidade, estilo ou jeito de músicos ou bandas. Se o trabalho é bom eu elogio e se não... O detalhe, é que já há um processo de plágio em torno da melodia desta “música” maravilhosa. E pasmem, o plágio é em cima de uma musiquinha infantil, para crianças. O Brasil, deixarás maltratar tuas criancinhas?
Eu um dia tive esperança de que a minha cidade tinha evoluído politico e socialmente falando. Descobri que me enganei quatro anos depois. Eu um dia tive esperança que o parlamento brasileiro tomaria jeito e passaria a defender realmente os interesses do nosso povo. Tenho descoberto que me enganei dia após dia. Eu um dia tive a esperança de que alguns sucessos meteóricos do “ramo musical” brasileiro fossem apenas coisas restritas, de momento mesmo. Aí surge um atrás do outro, todos aparecem na televisão, e, o povo, continua dando atenção.
Dizem que muitos saem da vila mais a vila não sai desses muitos. Nosso país deixou de ser colônia, mas o povo nunca deixará de ser colonizado.
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Forte abraço a todos e uma boa semana.

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