sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O contrapondo do César Sanchez

O amigo César Sanchez é uma figura ímpar. Um grande músico, de alma guarani, defensor do nosso folclore e adepto da mais pura sinceridade, assim como eu. Essa sinceridade, aliás, restou evidenciada em seu comentário acerca da resposta do Luiz Cláudio. O amigo Sanchez traz a sua sinceridade ao extremo, sem mediação de palavras. O seu pensamento vai ao desencontro do meu, numa visão diferente do que é o uso da bombacha frente a nossa tradição, talvez. De qualquer sorte, necessário se faz, de minha parte, “abrir as portas” deste blog para a discussão. O que eu penso jamais será lei por aqui. Este é um espaço aberto ao diálogo, ao pensamento diverso, enfim, ao contraponto. Eis, portanto, o contraponto do grande amigo César Sanchez:

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“Bruno, querido amigo.

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Fazia tempo desta vontade. De te deixar umas linhas.
Opinião, cada um tem a sua, sem falar que é de graça. Aproveito a oportunidade e entro de mango na mão. Sabes, muito bem, do meu embasamento folclórico e do respeito que tenho por ele. Então, quando se diz que basta usar uma bombacha para ser tradicionalista, me revira as “tripa”. Cada um faz a música que quer. Tem público para todos e para tudo. Agora, não vamos entrar nessa de que basta uma bombacha para ser gaúcho. O furo é mais embaixo. Daqui a pouco, o pessoal do Chimarruts, vai vestir bombachas e poderá ser rotulado de tradicionalista, também (nunca fariam isso, são fieis ao seu reggae). Da mesma forma que tu, faço questão de fomentar a sinceridade. Entretanto, creio que essa forma de agir, politicamente correta, acarreta um elevado grau de permissividade dentro do nosso folclore, que de apouco, terminará por destruí-lo. Salve o Rio grande do Sul, suas tradições e seu folclore. Salve Xirú Antunes, João Sampaio, Gujo Teixeira, Colmar Duarte, Luiz Marenco, Lisandro Amaral e tantos outros iguais a eles, que mantêm viva e acesa a chama do telurismo campeiro.





Um baita abraço!!!
César Sanchez” .

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A bombacha é um símbolo, assim como poderia ser o lenço ou o chapéu. Ao meu ver, o que é realmente importante é tentar resgatar coisas importantes que foram se perdendo ao longo do tempo. A nossa tradição já não atrai mais o nosso povo e a culpa não é do Tchê Music. Onde estarão os nossos tradicionalistas, enquanto o que é nosso tem se perdido em meio a hipocrisia da nossa sociedade atual? Saudar o retorno dos Garotos de Ouro à nossa bombacha, é saudar a bagagem de serviços à nossa tradição que o grupo traz consigo, é valorizar o talento de cantor e compositor de Luiz Cláudio, que em parceria com João Alberto Pretto fez “Minha Bandeira” (sucesso de Os Monarcas); e em parceria com Elton Saldanha fez “Ela é uma flor, Eu sou um campeiro” (gravada por Os Tiranos) e “Eu sei que sou um bagual” – baita chamamé do último disco dos Garotos de Ouro. Isso sem falar em outros grandes sucessos da época de Os Campeiros e Tchê Garotos.
O nosso folclore jamais deixará de existir amigo César. Não enquanto nós o defendermos, cada qual à sua maneira. A bombacha, como já referido, é apenas um símbulo da tentativa de resgate a nossa tradição, tão judiada pela ação do tempo. É chegada a hora de somar, quiçá multiplicar; nunca diminuir ou dividir. É a nossa música a serviço do Rio Grande e do resgate às coisas da nossa gente. Enfim, é o resgate de nós mesmos.


Fraterno abraço a ti amigo César Sanchez. Logo faço aquela “visitinha” prometida.

Campeiro

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