segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Carminha é o máximo!

Impressionante como a televisão no Brasil influencia a vida das pessoas. Sexta-feira a noite, acompanhando um ciclo de palestras em Porto Alegre, fui surpreendido pela última palestrante que agradeceu a todos por ali estar, ao invés de assistindo a “Carminha”. Lógico que a esta altura do campeonato eu já sei quem é a Carminha, um personagem da novela das 21h, ainda que nunca tenha assistido a mesma. Nem o farei, embora a propaganda gratuita da palestrante. Aliás, por situação similar eu já tinha passado no segundo dia de aula, quando determinado professor já havia feito uma “brincadeira” do tipo, também utilizando o mesmo personagem. Como sou bem pouco afoito a novela, para não dizer que detesto, me ocupei em descobrir algumas coisas sobre a novela, até pra entender o porque do exemplo. Confesso-lhes que não vi nada demais. Aliás, os meus pesquisados ainda disseram que a novela é bem ruim. Logo, constatei que aquilo que o povo utiliza como paradigma cultural é ineficiente e ruim, tudo graças a promiscuidade do povão, é claro.


No sábado, ao chegar em casa vindo da Capital, depois de mais um dia de palestras, liguei a televisão no noticiário e ali deixei, afinal, queria saber informações sobre a edição 2012 da Expointer. Passou o noticiário e começou a novela das 19h. Como não estava dando muita bola para televisão, foi ficando ali até que me surpreendi com uma personagem caricata, pouco convencional. Aí a Mariana me disse: essa é a homenagem que fizeram para a Joelma, do Calypso. Senhoras e Senhores, achei aquilo o máximo. Homenagem perfeita. Uma pessoa que usa roupas extravagantes, ridículas e ainda por cima, canta mal. Como disse, se é homenagem mesmo, perfeita. Brincadeiras à parte, preocupa-me a ocupação que o brasileiro dá às futilidades em sua vida. Não se aproveita quase nada das novelas, que apresenta-nos o surrealismo como realidade e acaba por catequizar erroneamente o povo. Como vamos reclamar de um político corrupto, de um governo ineficaz e da nossa própria inércia se a novela é balizadora dos nossos atos? Sim, a Carminha virou ponto de referência, inclusive, para professores universitários. Pasmem.


Na contramão, ou não, vivemos a mercê não da maior carga de impostos do mundo, mas sim, do Estado mais ineficaz proporcionalmente falando. E o pior, é que ao assistir pela televisão o horário eleitoral gratuito (que de gratuito não tem nada. Sim, nós mesmo é que pagamos) ou então ao ouvir pelo rádio, chego a conclusão que não temos futuro nenhum pela frente. Os anseios dos políticos não são o do povo e sim, os seus próprios, dos correligionários, enfim. No fim das contas o que se verifica é que a culpa toda por isso estar acontecendo é nossa mesma. Enquanto roubam do nosso dinheiro, estamos achando o máximo ver a Carminha na televisão. Enquanto a saúde é horrível e a educação preocupante, estamos achando o máximo ver a Carminha barbarizar (ou não) na novela das 21h. A Carminha é o máximo e o povo o mínimo. Isso, senhoras e senhores, é Brasil. O que esperar então do nosso país?




Abraço e boa semana a todos.

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