sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Saudade do palco

Foram-se os dias de conformidade com a distância do palco. Amanhã já faz quatorze meses que não canto mais, que deixei a música fandangueira. Na realidade eu não deixei a música, mas sim, me ausentei por um período afim de me dedicar a outro projeto, tão importante quanto. Mas é que a música é um vício, uma canha da boa, daquelas de Santo Antônio: tu até consegue viver um tempo longe dela, mas uma hora a seca da garganta vai ser latente. Pois bem eis que a saudade dos palcos me é latente. Ando com o pé que é um leque, embora admita para mim mesmo que um retorno, neste exato momento, é difícil. Não só por falta de opção, ou pela dificuldade que é remontar uma banda, mas sim, pelo tempo escasso que tem permeado a minha vida. A semana farroupilha está aí e eu me vejo um pouco distante do contato direto. Talvez alguma apresentação num sábado ou domingo, mas a semana toda mesmo é complicado. Enfim, a saudade que me assola talvez ganhe mais algum tempo de devaneio.

Dá música eu tenho muitas recordações valorosas. Bailes nos confins do Rio Grande, peculiaridades em cada lugar que toquei e bastante sucesso, felizmente. Alguns percalços? Claro! Mas insucesso eu posso dizer com clareza que nunca tive. As dificuldades servem de aprendizado e conhecimento. Lembro-me do dia que surgiu o antigo Alma de Campo (sempre continuarei usando este nome, afinal, quando fui proprietário da marca não havia registro em nome de ninguém – depois, o grupo não existe mais e também não retornaria a utilizá-lo independente de disponibilidade), estava na Várzea do Cedro, numa das suas festas tradicionais, quando o grande Airton me veio com a idéia, me apresentando o Deinisson, que depois constatei ser um gaiteiro de ouro. Lá na Várzea mesmo ficou fechado o primeiro baile, depois vieram os ensaios, montagem de repertório e outros quarenta bailes ou bailantas. Isso mesmo, uma carreira meteória. Que saudade daquele tempo, do conjunto formado por: Bruno Campeiro – Voz, Airton de Lima e Silva – Gaita, Deinisson Morales – Gaita, Cirilo Barcelos (meu grande Compadre) – Guitarra e Voz, Juliano Lima (figuraça) – Baixo e Voz e Lázaro Falkoski – Bateria. Gurizada buenacha em quantia. Depois o Deini resolveu seguir outro caminho, longe da gaita e o grupo encerrou as atividades.

Pouco tempo depois surgiu o Fandangueiro. Com outra proposta musical, mas com o mesmo anseio que era levar a música gaúcha pelo Rio Grande afora. Participaram comigo o Airton, o Mauro e o Lauri. Depois o Airton resolveu parar e eu continuei, por quatro anos. Quando saí, fiquei chateado com a forma como foi conduzida a situação. Hoje faço uma mea culpa, afinal, passei a deixar a música em segundo plano e subjetivamente acabei abandonando o grupo, e não o contrário. Tava lá de corpo e alma a meio pau. No palco mantinha o profissionalismo, mas só o profissionalismo, eis que já estava me faltando o tesão. Faltou um pouco de diálogo, as coisas foram tomando um rumo de distanciamento e enfim, toquei meu último baile a frente do Fandangueiro no dia 11/06/2011, nas dependências do CTG Palanques da Tradição em Campo Bom. Foi um bom baile. Saí de lá com um sentimento que demoraria a subir no palco novamente, só não achei que fosse tanto tempo.

Enfim, a saudade hoje me é latente. Sinto falta da gauchada, do ambiente dos CTG’s, em suma, onde me criei e de onde sou filho. Há cerca de dois meses recebi uma sondagem de volta e dei uma resposta negativa. Hoje não faço mais isso. Falta-me tempo, mas me sobra entusiasmo e vontade. Senhoras e Senhoras me chamam de Campeiro e esse tal aí eu serei sempre. Cantador do Rio Grande, como muito orgulho por sinal. E o Rio Grande pode ter consciência que não tarda eu volto, bem louco de faceiro, por sinal!



Abraço e bom final semana a todos.

PS.: BLOG DO CAMPEIRO em festa! Esta é a postagem de n° 400. Mas que barbaridade!

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