terça-feira, 11 de setembro de 2012

A vida é como poesia


Desta vez foi premeditada a minha ausência ontem. Posso, inclusive, ser culpado por isso. Ocorre que a esta altura de minha vida, dada vista a proximidade com o fim da minha graduação, tenho que optar por algumas prioridades e a faculdade tem vencido a briga. Minha querida e amada São Chico tem sofrido as mazelas de minha ausência, creio eu. Aliás, acho que eu tenho sentido mais a saudade. Por vezes, me pego de olhos fechados a refletir sobre as belezas da minha terra, com aquele velho minuano parceiro, cortando o rosto e trazendo um ar puro, com cheiro de campo, de mato, de terra e de serra. Oh coisa boa. Num fim de tarde, arranchado num galpão meia parede de taipa, um mate velho parceiro vai passando de mão em mão, com a gauchada ao pé do fogo de chão vertendo também dali,  uma sapecada de pinhão das buenas. Vejam só que até rimou o meu conto. A vida, afinal é assim, quando pensamos e fazemos coisas que gostamos, soa como poesia.

***

Parece-me que o processo eleitoral parece ganhar ares de realidade, ainda que esteja longe de ser o que já fora outrora. Fazer política antigamente, principalmente em cidades como São Chico, também soava como poesia. Era um ambiente diferenciado, as pessoas pareciam que só respiravam política, nas rodas nas varandas das casas, nos escritórios, na rodoviária, em tudo, só se falava nisso. A expectativa era saber se o favorito ia mesmo confirmar na urna, ou se haveriam “força$ oculta$” capazes de reverter o pleito no último suspiro. Lembro de um vez, creio que em 1992, de um comício que fui no Lajeado Grande, distrito de São Francisco de Paula, com o salão paroquial lotado. Há certa altura do evento, o sistema de som parou de funcionar obrigando os candidatos a falarem gritando suas propostas para o povo. Bons tempo aqueles ou divertidos, ao menos. Hoje em dia, sequer se fazem mais comícios. Subir a um palanque eleitoral, no meio de milhares de pessoas e falar elas era facilidade de poucos. Daí que os comícios eram uma arte. Se fazia política como arte.

***

As vezes tento ser menos nostálgico. Procuro pensar que a realidade hoje é um reflexo dos adventos do novo mundo e que não dá mais para remar contra a maré. Mas até pensar e viver em nostalgia é uma espécie de poesia. Você já viu alguém escrever poesia ou mesmo música falando de algo que ainda não aconteceu? Que existe, existe, mas não é a regra. É dos tempos de outrora que surgem as boas recordações, as saudades e as passagens que já não voltam mais. Ontem, eu estava apenas adentrando na faculdade, como um jovem sonhador. Amanha, ou breve, estarei saindo com um diploma na mão e uma responsabilidade e tanto. Como era bom o tempo de criança em que a responsabilidade se limitava a respeitar os pais e avós, ir bem no colégio e no mais, a farra. Engana-se aquele que acha que a vida não é como a arte. A vida é sim como poesia, com começo, meio e fim. Tem também todo um encantamento recheado de emoções. E como encanta!

 

Abraço e boa semana a todos.

Nenhum comentário: