terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Divagando...

Não vai muito, bradei em desfavor daqueles que pregavam o retorno da ditadura ao comando deste país. Jamais serei conivente com a regressão de direitos que afronta a democracia. Mas, e sempre tem um "mas" em tudo nesta vida, fiquei a refletir quais seriam os reais motivos para tamanho descontentamento com a nossa democracia atual, ao ponto de se pleitear a volta do cerceamento parcial da liberdade. Tá certo que muito das pessoas que manifestaram, o fizeram sem saber o que tudo aqui representava. Sequer se deram conta, a meu ver, que se estivéssemos sob a égide de um governo ditatorial, sequer o direito de manifestação haveria de existir.

Talvez, e me parece a explicação mais plausível, a população associa o governo militar a austeridade administrativa, divorciada da corrupção, pois, mesmo estando o Exército sucateado, todos os serviços que presta à Nação ainda são infinitamente superiores aos demais, quer pelo poder público ou pela iniciativa privada. Exemplo disso é a transposição do Rio São Francisco. Sabe qual é única parte quase finalizada da obra? Pois é, onde o Exército administra. Isso gerou queixas por parte das empresas da construção civil, afinal, como justificar os seus "serviços" (e o preço deles!) em comparação com o os realizados pelo Exército?

Todavia, permito-me divergir daqueles que acham que não havia corrupção quando da ditadura. A questão é que ela talvez fosse irrisória, comparada com a de agora. Muitos dos partidos que aí estão lutaram tanto para a volta da democracia que agora, quando a tem, não sabem o que fazer com ela. Muitos dos políticos que aí estão foram tão reprimidos que agora, a qualquer custo, querem ser "ressarcidos" pelos cofres públicos. Canalhas! Como se alguém tenha obrigado eles a se candidatarem. Ouvi hoje numa rádio da Capital um comentarista da área política dizer ter pena de nosso Governador, ante a situação financeira calamitosa do Estado. Alguém obrigou ele a ser candidato? É um fardo ter sido eleito? Olha, não me pareceu isso ao longo da campanha. Então, que se vire para pagar as contas, coisa que 90% dos brasileiros tem de fazer todo o mês sem pestanejar ou com a benevolência de poder 'suspender' pagamentos até segunda ordem.

Não difere do governo federal. Precisa tapar o rombo das contas públicas? Começa cortando custos. Para quê serve 39 ministérios, alguém explica? Mas daí quem tem que pagar a conta da má gestão pública é a classe média brasileira, aquela que produz e não tem bolsa disso ou daquilo. Tão mais fácil né? Onde estão aqueles que manifestaram há pouco mais de um ano por R$ 0,20 da passagem de ônibus? Vocês sabiam que a passagem vai aumentar de novo? Ora, somos uma sociedade hipócrita, descansada e dormente. No popular: cordeirinhos!

Começo a achar que se conseguíssemos unir o útil ao agradável, este país poderia até tomar jeito. Poderíamos, por exemplo, delegar o controle da aviação civil, do planejamento e das cidades (mantendo a estrutura como está) ao Exército. Garanto que acabava o trenzinho da alegria nas obras públicas. O país iria andar com muito menos dinheiro. Outra medida excepcional, seria acabar com o Senado Federal que, convenhamos, não tem muita utilidade. Por fim, uma reforma política apta à diminuição dos deputados proporcionalmente mantendo por volta de trezentos parlamentares na Câmara, 'apenas'. Em linha vertical diminuiríamos os deputados estaduais e acabaríamos com o salário dos vereadores. No máximo, uma ajuda de custo.

Bom né? Deixaria Thomas Morus com inveja... Acho que vou parar por aqui, antes que minhas divagações se tornem devaneios por completo.

Abraço a todos.

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