terça-feira, 7 de julho de 2015

O Politicamente (In)Correto

O politicamente correto é um córrego. Seu ego está com sede, você quer uma opinião, você quer ver pessoas concordando com você. Então você bebe goles generosos de politicamente correto e ideias rasas como aquele córrego aparecem. Basta dizer “sou neutro, não gosto de radicalismos“ ou “o assaltante é uma vitima da sociedade” ou que “o certo e o errado são relativos” e você ganhará elogios, curtidas e a sede do seu ego será saciada pela superioridade moral fajuta que só a opinião politicamente correta proporciona. Pensa-se que este é um fenômeno recente. Ledo engano; se olharmos para um personagem histórico, veremos que o politicamente correto é mais antigo do que você jamais imaginou.

Assim como Pelé foi talhado para o futebol, o general americano George Smith Patton Jr. foi talhado para guerra. Patton lutou nos Estados Unidos, vencendo as tropas de Pancho Villa. Lutou na 1ª guerra mundial e, não raro, tomava a frente de seu batalhão em plena ofensiva para inspirar seus homens, sendo – inclusive – ferido em combate. Finalmente, participou da 2ª guerra mundial já como general, entre 1942 e 1944. Ali, Patton quase foi derrotado pelo seu inimigo mais cruel: o Politicamente Correto.

Patton era o principal responsável pelas vitórias a favor dos aliados no norte da África e na Itália. Era um lider extremamente disciplinado, confiante, sério e tinha cara de brabo, o que também era importante. E nada deixava Patton mais enfurecido que um soldado hesitante, sendo exatamente isso o que ele encontrou num hospital, durante uma campanha. Ao perguntar a um jovem sem ferimentos a razão dele estar ali, ouviu como resposta “fatiga de guerra” e “nervos”. Nas duas vezes em que isso aconteceu, Patton fez a mesma coisa: deu uns dois ou três tapas na cara do soldado, disse que sentia vergonha de ver alguém que estava com medo junto de homens baleados e os obrigou a voltar ao campo de batalha.

A história se espalhou na imprensa e foi aí que o politicamente correto atacou. A opinião pública, muito longe de qualquer campo de batalha, reprovou o ato de Patton. As pessoas ficaram horrorizadas ao saber que soldados mais sensíveis haviam sido esbofeteados por um homem tão rude. Não importava que o general estivesse ganhando a guerra, não importava pensar na catástrofe que seria se todos os soldados pensassem da mesma maneira. Nada disso importava. O general Patton, que assim como Erasmo Carlos da Jovem Guarda, tinha fama de mau, acabou sendo transferido para Inglaterra para funções de treinamento. Veja o poder do politicamente correto.

Pois Hitler não acreditou nisso. Achou que os americanos estavam blefando e falou “Bem capaz!” em alemão. Direcionou um enorme contingente para a cidade belga de Pas de Calais, pensando que um ataque viria da Inglaterra. Lógico, o General Patton, o cara mais casca-grossa do exercito aliado estava por lá. Mas os americanos, sempre muito astutos, fizeram seu ataque pelas praias da Normandia, pela França, no famoso “dia D”. Não pegaram a Alemanha totalmente desprevenida, mas fragilizada. Hitler na sua teimosia de alemão, manteve seu exercito na Bélgica, esperando Patton e seus bofetões, mas ninguém apareceu. O resto é história.


Perceba a antiga influência do politicamente correto. Tirou de cena um bravo general e quase decidiu uma guerra. E hoje a situação continua bastante similar. Mudam os problemas, mudam as polêmicas, mas o politicamente correto esta sempre ali, com suas preocupações vazias, trocando “negro” por “afro-descendente” e nunca resolvendo nada. Portanto, cuidado com este córrego raso na hora de construir suas opiniões. A aparência é bonitinha, mas a água é imprópria para consumo. 


Por Rodrigo de Bem Nunes, de Houston - Texas - EUA.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sabendo como sei que todos somos potencialmente lobos e potencialmente chapeuzinho-vermelho, também acho o politicamente correto uma farsa... as vezes necessária... mas ainda assim uma farsa.