terça-feira, 11 de abril de 2017

Orgulho Gaúcho

Esperei baixar a poeira para tocar no assunto. A verdade é que vi muitas críticas ao nosso pequeno notável, o guri Thomas Machado. Tudo por causa das músicas que ele cantou no programa The Voice Kids, onde se sagrou campeão dias atrás. Cantou ele músicas de raiz sertanejas e algumas de MPB e nenhuma gaúcha. 

É claro que como tradicionalista e defensor das coisas do nosso Rio Grande, gostaria de ver o rapaz cantando e enaltecendo as coisas do nosso chão. Mas sei que o programa segue diretrizes da sua produtora e é bem possível que o Thomas não deteve o livre arbítrio para escolher as musicas que cantou. Também, era capitaneado pela cantora Ivete Sangalo que deveria ter ingerência sobre o repertório de seu pupilo.

Outrossim, e o que mais me preocupa, é que a bem da verdade nossas músicas tradicionais não são bem vistas além fronteiras. Afora a região Oeste dos Estados do Mato Grosso e Paraná, além do estado de Santa Catarina e comunidades do norte do País, a realidade é que não temos entrada nos principais mercados, como os da região sudeste. As músicas nordestinas, por exemplo, tem mais amplitude que as Gaudérias. Mas porquê isso?

Objetivamente, não sei. Palpito que nossos músicos, décadas atrás, entenderam que o mercado nacional não lhes era favorável. Nesse quesito, cumpre referir que Luiz Gonzaga, por exemplo, resolveu tocar a música nordestina para o centro do país e, em que pese tenha passado grande dificuldade, conseguiu seu lugar ao sol e assim afirmar seu talento e sua cultura. A música sertaneja, dada a natureza caipira do interior de São Paulo, acabou ultrapassando as fronteiras do cerrado e ganhou destaque quando passou a falar de amor.

Nossa música, com raras exceções, fala do campo, do cavalo e da lida do gaúcho.

Não me queixo e nem aqui quero ser bairrista. Tivemos na pessoa de Victor Mateus Teixeira, o Teixeirinha, alguém que rompeu estas fronteiras e ganhou o Brasil. Mas ele foi um dos únicos. O próprio Gaúcho da Fronteira, conhecido nacionalmente, hoje em dia se dedica mais ao nosso mercado do que o do país.

Nós nunca escondemos que gostamos de valorizar o que é nosso e ter a posse disso. Arrumamos normativas até para deixar os nossos patrícios frequentarem o nosso CTG. Talvez não é o Brasil que não quer ouvir a nossa música, mas sim, nós que não queremos que nossa música ganhe o Brasil. O polêmico projeto do "Tchê Music" ta aí para não me deixar mentir. Somente o Tchê Garotos segue no mercado nacional, os demais, voltaram as origens, tiraram as bombachas do armário e estão tocando fandangos. 

O Thomas não cantou música nossa, é verdade. Mas sua alma é e sempre será gaúcha. Tá no seu jeito de se vestir, sempre pilchado, e na sua forma de se apresentar.

Um guri simples. Como todo bom gaúcho.

Que me perdoem os críticos e a acidez que lhes acompanha, mas Thomas Machado é orgulho para a cultura do Rio Grande do Sul. E ponto.

Boa semana a todos.       

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