sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Dose de saudade.

Dias atrás refiz um caminho que há muito não fazia. Cruzei o bairro que me recebeu quando vim morar em Novo Hamburgo, há 21 anos - completados ontem. Logicamente não raro eu passo por lá, mas sempre no mesmo caminho, sem cortar voltas ou tomar coragem de entrar em ruas que, de alguma forma, marcaram o começo da minha trajetória que culminou na vida adulta. Olhando tudo que passou, como um filme ao cobrir as vistas, concluo que eu saí de São Chico para ganhar o mundo e me tornar gente. Teria feito o mesmo se permanecesse por lá, mas quis o destino me afastar de casa.

Desci a rua da ladeira em Hamburgo Velho, tomei o trajeto do Vila Nova. Antes de adentrar na rua Porto Alegre, olhei para minha esquerda e por segundos contemplei o Santa Catarina, colégio que me fez criar boas lembranças e me deu um grande amigo. Segui meu percurso e a leve curva me colocou na Aloísio de Azevedo, rua que me recebeu quando por aqui cheguei. 

Diminuí mais uma vez a velocidade para poder contemplar o velho prédio na esquina com a Luis de Camões, que há um bom tempo sei que não tem mais aquele rosa chamativo, que transformou o edifício em ponto de referência. Era mais fácil, afinal, dizer que eu morava no prédio rosa "cheguei" da esquina do que referir que residia na esquina da Bebidas Cassel, que aquela época já não mais vivia seus dias de glória e hoje já nem existe. 

Fui até o fim da rua, onde hoje (finalmente!) existe uma rótula no cruzamento com a General Daltro Filho. Mas antes de seguir no rumo de Ivoti, paro onde eu iria, uma coisa dentro de mim fez eu fazer a rótula no sentido do retorno à Aloísio de Azevedo, para o fim de virar naquela ruela em que por muitas tardes da minha vida joguei futebol. Hoje asfaltada, naquele velho e bom tempo era de saibro, sendo que cada tombo rendia noites de ardência com o mertiolate que, na minha infância, era "raiz" e ardia. Lá morava o Felipe, o Diego, o Ernesto e outros tantos. Desci a rua devagar e quando cheguei na velha casa de madeira quase parei, com a esperança de enxergar o meu velho e bom amigo Beto, pai do Diego, que me fez aguentar as pontas como Colorado, já que meu time não ganhava nada naqueles tempos.

Foi na sala da casa do Beto que vi meu time ser campeão pela primeira vez, isso entendendo o que o que representava, naquele 1x0 com gol do Uhh Fabiano, em 1997. Foi na tv do Beto que vi meu time fazer 5x2 no maior rival. Mas não quis o destino fazer eu enxergar o Beto. Nem sei se ainda mora lá ou se vive. Torço para que sim. Grande pessoa.

Fiz a volta para, enfim, tomar meu rumo em definitivo. Ainda enxerguei o velho campo de futebol que fizemos quando não deu mais para jogar na rua de saibro. Hoje, um bonito prédio no local. E assim, a vida vai passando como um filme em seus olhos. Mas antes de sair da rua, pela primeira vez na vida, olhei para a placa e descobri que se chama Henrique Dias.

E pensar que foi para a rua Henrique Dias que fui morar quando deixei Novo Hamburgo rumando a Ivoti. Meus pais, lá permanecem até hoje. É, meus caros amigos e amigas, parece que a vida, no fim das contas, marca o seu destino e por mais que você fuja, sempre volta para ele.

Como um bom nostálgico que sou, obviamente, escrevi tudo isso com uma boa dose de saudade. 

Com uma generosa dose de saudade!

Bom final de semana a todos.

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