segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O vento e o tempo

Há três dias que já venta, afinal, finados sem vento não é finados. Já abordei o assunto por aqui mais de uma vez. Sequer vou adentrar no mérito da importância da data, afinal, não é feriado por acaso. Quanto a questão do vento, não sei se há uma mística em torno do tema, se os mortos transitam mesmo por aqui por estes dias, mas, na dúvida, assista ao filme de animação chamado "Viva - a vida é uma festa". Além de restar nele uma excelente lição de vida (e da morte), serve para criar uma ideia (em perspectiva) de como poderia ser a questão (afinal, vivemos muito mais em dúvida que na certeza), além de ser um excelente filme como um todo.

E se a vida é uma festa, aproveite isso e viva a sua bem, respeitando quem já foi. Dúvida não há, todavia, que vivemos aqui é de passagem.

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E é esse contexto do tempo, que quis abordar também. Até para não tornar o tema do vendo de finados piegas, requentando a cada ano por aqui.

Dei-me conta, felizmente sozinho, que as complicações da minha vida na grande maioria do tempo são patrocinadas por mim mesmo. 

Por exemplo, na última década criei uma mística acerca da virada do ano. Tinha que ser daquele jeito e ponto final. Uma bobagem. Pouco importa onde vou estar, e sim o que farei para que o ano vindouro passa ser efetivamente melhor e mais produtivo que o anterior. Não é muito diferente disso, afinal. Então, acho que esse ano sequer vou cogitar repetir os anteriores. Sei que é cedo para discutir isso e até parece que já quero o final do ano 60 dias antes, mas eu sou uma pessoa difícil - admito; tenho lá meus ranços e minhas convicções (muitas tolas - também admito). Assim, melhor eu mesmo ir me preparando com antecedência, até para eu mesmo não cair na contradição de fazer a mesma coisa de sempre, esperando resultados diferentes para o futuro.

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O tempo, convenhamos é implacável. Meu filho, o Bernardo, já não fala mais "ombinus" ao invés de ônibus, afora outra tantas palavras que eram diferentes e soavam tão 'bonitinho'. Ele vem crescendo e compreendendo o mundo muitas vezes sozinho, já que praticamente não teve escola neste ano.

E eu como pai, as vezes, mal consigo enxergar que não vai muito ele já terá ainda mais vontades e eu não criei um tempo para ver, justamente, este tempo passar. Redundante, assim como é a vida.

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Perdi momentos únicos de vida ao só com o passar do 'tempo', entender que eu sou advogado e vivo disso, mas não posso viver para isso. Quantas férias eu abri mão? Ou quantas vezes fui correndo para algum lugar, só que com a cabeça aqui, imaginando como estariam meus clientes e o que eles pensariam caso precisasse e eu estivesse fora "passeando".

Cara... como realmente eu sou um tolo.

Menos mal que, enfim, eu me dei conta disso.

Preciso me dar conta que a vida eu preciso viver de forma mais leve e que as coisas vão acabar acontecendo se for este o destino.

Preciso sentir o vento bater na minha cara. Preciso entender que o tempo não volta e cada parte dele que eu perco foi um período precioso que ficou para trás.

O vento e o tempo. Tão parecidos, afinal. 

Boa semana a todos.  

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