sexta-feira, 25 de julho de 2008

Quando o verso vai pras casas

Tenho que admitir que ando pouco inspirado. Aliás, muito pouco. Essa inspiração não envolve diretamente os textos que publico semanalmente neste espaço, mas tem haver com a profissão que escolhi: música. Sim, profissão. Digo a todos e pra quem quer ouvir, que sou músico por profissão e trabalho em outros fins por necessidade. No entanto, sou crente que muito em breve a música será capaz, sozinha, de me garantir na vida. Mas voltando ao “tormento” que me aflige, essa acíncope inspiracional que me atinge neste momento, vem de algum tempo, aliada a outras situações adversas do meu dia-a-dia.
Neste ano, estou completando doze anos de música. Ou melhor, na música. No início era um músico prático, apenas cantava. Com o passar do tempo, fui desenvolvendo uma habilidade considerável na arte de compor. Devo ter quase uma centena de letras escritas. Três delas gravadas. Por ironia do destino ainda não tive oportunidade de gravar outras. Sou meio ciumento, por isso, também não forneci nenhuma para outro colega gravar. Mas to aprendendo a lidar com isso e em breve alguma coisa minha estará brilhando na voz de algum amigo gaudério. O problema contudo é que não estou conseguindo compor nada. Fazem cerca de três meses desde a última que fiz, em parceria com meu irmão Cirilo Barcelos.
Comentei acima que situações diárias contribuem para este feito. Dentre tantas, posso citar o fim do Grupo Alma de Campo, a excessiva carga universitária, problemas no meu trabalho “alternativo” (e supridor também, hehehe) e outras ‘cositas’ más. Contudo, tem um motivo que eu acho que é o principal, e este é chamado de São Francisco de Paula.
Eu, sou um filho de São Chico apaixonado pela minha terra. Quer me ofender profundamente, é falar mal da minha gente. Por longos e memoráveis anos de colégio, passei minhas férias por lá. Bahh que saudade, que saudade! Em 1996, eu deixei os campos de cima da serra e vim morar em Novo Hamburgo. Na época com nove anos, não percebia o quão enorme é o meu amor por aquela terra. Não me arrependo, pois afinal foi importante para o meu desenvolvimento esta mudança, mas também nunca me senti inteiro por estes pagos. Uma parte de mim, nunca deixou São Chico de Paula.
Nos últimos meses tenho ido pouco a São Chico. Muito trabalho, pouco dinheiro. Não vou negar, são os principais motivos. Esse mês não fui ainda. Uma vergonha, pois afinal já estamos caminhando para agosto, o pior mês do ano(hehehe).
Mas, e sempre tem um mas eu tudo, tem horas que a gente tem que seguir o nosso coração e deixar os pensamentos capitalistas de lado. Não tenho um pila na guaiaca, mas hoje parto rumo a minha querência. O bolso ta vazio, mas a saudade ta cheia, e como a vida é curta, vou tratar de vive-la.
Cantou o grande Conjunto Os Mirins, entre tantas homenagens a sua terra São Chico:

"Eu vou me embora pra minha terra

Eu vou morar em cima da Serra

Fazer o que eu sempre quis

Voltar pra lá e ser feliz"

Um dia eu faço o caminho definitivo de volta, e estas palavras, vou chegar cantando em São Chico.


O pedágio para ir a São Chico: R$ 2,40; A gasolina para ir a São Chico: R$ 50; Poder sentir o ar dos mais puros (minuano) nos campos mais belos (dobrados) ao lado do patrícios (família e amigos): NÃO TEM PREÇO!
Vou buscar os meus versos, que eu sei que andam por lá. Lá na minha casa.

Um grande abraço e bom final de semana a todos.

Um comentário:

Antônio Dutra Jr. disse...

Podes crer que terás um primo e amigo ao teu lado para cantar esses versos, meu caro, pois também um dia voltarei à minha terra querida.
A situação é idêntica, simplesmente não consigo escrever bem quando fico muito tempo sem dar uma boa campereada. Te entendo perfeitamente.
E olha que ainda nem te convoquei para uma tarefa de extrema importância que ocorrerá em 2009...
Precisarei dos teus préstimos de músico e compositor.

Grande abraço e boa viagem! Talvez eu também respire aquele ar puro no domingo.