sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Briga de Bugia

Quando me bate uma falta de inspiração, o que convenhamos, não é muito raro ultimamente, eu tento seguir a linha de um escritor gaúcho chamado David Coimbra. Sim, o mesmo David Coimbra que é editor executivo de esportes da Zero Hora, colunista desta mesma e um dos participantes móveis do programa Pretinho Básico da Rádio Atlântida da capital. Aliás, fazendo um aparte, indico a todos este programa. Um humor renovado, diferente da mesmice, um festival de besteiras com nexo. Resumindo o PB em uma só palavra: Excelente. Mas retornando ao assunto que me proponho neste dia de hoje, a linha que segue o David Coimbra, é algo parecido com um baú de memórias, onde o mesmo relembra histórias suas já vividas e consegue deixá-las crentes à atualidade, ou então, compara-as com o universo do futebol.
Como eu mesmo já frisei em outras oportunidades, sempre gostei de ir a fandangos para ver o pessoal tocando. Sou um estudioso de fandangos, tenho que admitir. E em baile gaúcho pode acontecer de tudo. Desde peleia, até a prenda não tirando os olhos de ti. A prenda que olha pra ti pode ser bela ou uma desprovida de beleza, coitada. De tudo surge e tudo pode surgir. Mas tem algumas histórias incríveis também que acontecem em outros eventos, o festival Ronco do Bugio, por exemplo.
Aconteceu no 8º Ronco do Bugio, se não me engano no ano de 1993, um fato curioso. Eu, então com seis anos de idade, já demonstrava toda a sinceridade que hoje carrego como uma das principais bandeiras de luta, e por isso, quase apanhei da família do saudoso e irreverente Tio Nanato. O caso é que eu comecei a gritar aos quatro ventos que a música dele e que o próprio defendia era ruim e que ele era pior ainda (hehehe). Pobre Tio Nanato! A família invocada começou a me xingar e eu tratei de sair de fininho da historia, afinal, quem mandou ser linguarudo né? Anos depois é que consegui compreender o trabalho do Tio Nanato, que é sem dúvida nenhuma, um grande compositor.
E aquele Ronco estava cheio, meuDeusdocéu! Ta certo que antes daquilo eu não me lembro como era, mas no 8º festival, no 9º, no 10º e no 11º Ronco do Bugio, tinha muita gente. Pelo que meu pai fala, os anteriores tinham mais gente ainda. Voltando a 8ª edição, naquele ano, o vencedor foi o Rui Biriva, interpretando uma composição do Elton Saldanha. Certamente o bugio mais debochado que eu já ouvi. Aliás, o Elton Saldanha é o melhor compositor tradicionalista que conheço quando a matéria é letra com humor sarcástico. Quando ouvi a música pela primeira vez, tinha certeza que era àquela que eu queria que se consagrasse vencedora.
Pensei em falar nesta postagem das quatro edições do Ronco do Bugio que mencionei a cima, contudo, tenho que colocar a letra deste bugio do Elton para que todos possam conferir. Por isso, deixo os outros três para uma outra oportunidade. Quem sabe um dia eu consiga colocar este bugio pra tocar nos bailes:

Briga de Bugia – Elton Saldanha

Eu já tinha prometido nunca mais me entrometer
Em peleia de fandango nos bailes de CTG
Mas desta vez apartei um rebuliço danado
Entre a mulher do patrão e a noiva do delegado
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E a gaita velha, e o bugio grosso
E dê-lhe osso, era um gritedo
Larga, larga cabeluda, sai daqui mondongo azedo
Sem vergonha o papagaio criado no chinaredo


O motivo era vulgar, havia macho no meio
E não seria o patrão, que era um índio muito feio
Nem tão pouco o delegado, merecedor de respeito
Mas que em termos de “muié” não levava muito jeito

E a gaita velha e o bugio grosso
E dê-lhe osso, era um gritedo
Larga, larga, cabeluda, sai daqui mondongo azedo
Sem vergonha o papagaio criado no chinaredo

No calor do bate e boca um dedo duro surgiu
O gaiteiro era o culpado do rolo do “muieriu”
Por isso roncava a gaita bem alto pelo salão
Com medo do delegado e do mango do patrão

E a gaita velha, e o bugio grosso
E dê-lhe osso, era um gritedo
Larga, larga cabeluda, sai daqui mondongo azedo
Sem vergonha o papagaio criado no chinaredo

No CTG se paga pra ver toda aquela folia
Deixa que ronque a gaita que isto é briga de bugia



As vezes as peleias nos fandangos começam com as mulheres que brigam por qualquer coisa.
Briga de bugia, certamente.

Abraço e bom final de semana.
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Agenda do GRUPO FANDANGUEIRO:
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22/11/2008 (Sábado) - Baile CTG Garrão da Serra - Morro Reuter/RS
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e atenção!!!
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BAILE 21ª FESTA CAMPEIRA DE TAQUARA
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DIA: 19/12/2008 (SEXTA-FEIRA)
HORA: 22HS
VALOR: R$ 10,00 (PEÕES) e R$ 5,00 (PRENDAS)
LOCAL: CTG O FOGÃO GAÚCHO- RUA GENERAL FROTA, 2535 - CENTRO- TAQUARA/RS - INGRESSOS: 51 9125-8081 (c/ Bruno)

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