sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Um certo mestre Érico

A realização de mais uma edição da Feira do Livro de Porto Alegre, talvez a mais importante do país, me faz viajar pela literatura e pelo mundo dos livros de tal forma que, pasmem, me deu vontade de escrever. Posso transformar este texto em uma crônica de cotidiano, falando das mazelas minhas ou de outro, as coisas boas minhas ou de outro. Ou simplesmente, posso escrever sobre um assunto qualquer e ao cabo do texto contextualizar com algo que seja pertinente a este blog: a tradição gaúcha, por exemplo. Mesmo sendo um admirador dos livros, confesso que sou vadio de tal forma que leio muito pouco, agora, quando começo, não quero mais parar. Assim sendo, me apego a leitura cotidiana, em blogs, revistas e jornais. Destes últimos, destaco o talento indiscutível do colunista e diretor de Zero Hora, David Coimbra, um cronista como poucos. Aliás, diria que na atualidade é o melhor que há, pelo menos na nossa aldeia. Elevo o grande Luís Fernando Veríssimo a condição de escritor neste caso. Falando em Veríssimo, aproveito a deixa para ilustrar aqui a minha paixão pela literatura de Érico Veríssimo, nosso expoente mor tratando-se de romance. Uma virtuosa sensibilidade para falar das nossas coisas, ao longo da nossa história pelo nosso tempo. Alguém aí não leu “Um certo capitão Rodrigo”? Se não leu lamento, és certamente uma pessoa pobre em cultura.

A obra de Érico Veríssimo propicia-nos um desenvolvimento intelectual tamanho, que qualquer um que goste de escrever sente o gosto pela escrita de um romance. Eu mesmo por muitas vezes já pensei em escrever coisas do gênero, porém, esbarro numa obscuridade latente: tenho dificuldade em descrever com perfeição sobre algo que ainda não ocorreu,e, no caso da ficção, nem vai ocorrer. Diferentemente de coisas que ocorreram, que felizmente descrevo com facilidade. Não sei também se tenho o talento para este tipo de escrita. Escrever um livro, romance ou qualquer outro, é muito mais abrangente do que escrever redações nos tempos de colégio, ou então, talhar frases aqui neste blog. É claro que por admiração e respeito a vocês meus caros leitores, procuro sempre empenhar-me ao máximo afim de, trazer ao convívio de todos um bom texto propiciando uma boa leitura. Agora bandear-me para a literatura? Não sei, talvez não. De qualquer forma, é preciso que eu comece a ler mais, para, quem sabe, pegar embocadura e gosto pela coisa. Mas voltando ao mestre Érico Veríssimo: o Érico possui em sua biografia títulos memoráveis, como a saga o Tempo e o Vento. Aliás, Um certo Capitão Rodrigo, é um dos capítulos do livro Retrato I, parte integrante da saga. De tão bom que é, no início da década de noventa ganhou uma edição a parte do restante. O Capitão Rodrigo Cambará é o personagem celebre de Érico Veríssimo, ficando na memória de todos os que leram, a sua frase dita ao chegar no povoado de Santa Fé: “Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!” Não posso esquecer-me também de “Olhai os lírios do campo”, livro que está em minha cabeceira atualmente, e o seu último romance: Incidente em Antares. Aliás, este é mais um inesquecível, pois trata entre outros, de um causo sobrenatural em que sete personagens voltam a vida depois de mortos e como cadáveres passam a vagar a cidade revelando a podridão moral de parte de seus moradores.

Grande Érico Veríssimo. E pensar que alguns nem sabem da sua existência e outros que o conhecem, nunca tiveram a capacidade de lê-lo. Como seria bom se os livros tivessem seu merecido destaque na educação do povo brasileiro. Quem sabe aí não haveria tanta corrupção nso governos, nem tanta audiência em programas como o tal de bbb. Diz um ditado popular que em terra de cego quem tem um olho é rei. E por aqui é rei quem tem a sensibilidade pela leitura de mestres da literatura. Afinal, ler um bom livro faz mal pra alguém? Às tantas que andamos, é capaz de algum gaito dizer que sim. Pasmem Brasil, pasmem!

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Hoje tem Grupo Fandangueiro no CTG Terra Nativa em Novo Hamburgo. Amanhã, na mesma cidade, os gaúchos apreciadores da boa música campeira gaúcha poderão ter a oportunidade de ver de perto o maior intérprete vivo do nosso canto gaudério: José Cláudio Machado. Mas que momento!!

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Forte abraço a todos e um bom final de semana.

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