quarta-feira, 26 de maio de 2010

Projeto e Execução

Deixa a vida me levar, vida leva eu”. Foi com uma música contendo esta frase que o sambista carioca Zeca Pagodinho consolidou-se como um artista reconhecidamente popular em todo o Brasil, isso, no “longínquo” ano de 2002. Por coincidência, em meio a uma copa do mundo de futebol que a nossa seleção nacional sagrou-se campeã. Numa busca rápida pelo google pude descobrir que o compositor desta obra chama-se Serginho Meriti, que, convenhamos, foi extremamente feliz na colocação das palavras desta música. “Deixa a vida me levar, vida leva eu, pode-se dizer que serve como lema de grande parte da população brasileira, que vive sim, de forma mais descompromissada, que aceita aquilo que a vida lhe impõe e que com isso aprende a ir sobrevivendo no dia-a-dia. A palavra descompromissada nada tem haver com vagabundagem. Por favor não me interpretem mal. Por certo é que o restante do mundo, principalmente a parte mais desenvolvida, admira o nosso povo por estar sempre alegre, com boa disposição e por saber “lidar” bem com a adversidade. Sob este aspecto resta-me concordar com esta facilidade tupiniquim de comprimir a parte mais difícil da vida em detrimento a mais fácil. Isso não quer dizer, contudo, que eu concorde com essa realidade ou que eu viva dentro deste círculo. Portanto, não é nada difícil, para quem me acompanha semanalmente, dizer que realmente sou uma pessoa do contra.
Planejamento é uma palavra que está bastante presente em minha vida. Não sou um acadêmico ligado ao meu ramo de atividade “profissional”, ou seja, a arquitetura e engenharia, no entanto, tracei e traço constantemente projetos para o meu viver. Há bastante tempo venho trabalhando com algumas metas pessoais que até têm se concretizado, ainda que muitas vezes de forma distinta ao projeto original. O problema, pelo menos para mim é um problema, é quando a execução deste projeto foge completamente do seu curso inicial de modo que a decisão mais sensata é parar de vez a obra sob pena dela sair totalmente diferente daquilo que foi sonhado. É a hora que surge uma frustração tremenda que, sinceramente meus caros amigos e leitores, atrapalha e muito o continuísmo das outras atividades do dia-a-dia. Soube eu ter sempre a ponderação na ponta dos cascos, mas admito neste momento, estar totalmente entregue às indefinições e mazelas que parte da vida tem apresentado-me. Por ser um artista sempre catequizei-me a tratar o insucesso como parte importante ao meu desenvolvimento e ao meu aprimoramento como tal. Ouso dizer que consegui com extrema maestria distinguir o Campeiro do Bruno, pois, como uma pessoa normal, longe dos palcos, estou perdendo a batalha para o insucesso que vêm batendo a minha porta dia após dias nestes últimos seis meses.
No próximo dia três de junho celebra-se por alguns e aproveita-se para todos o feriado cristão de Corpus Christi (grafia correta?). Neste mesmo dia completo cinqüenta meses de trabalho junto ao conselho regional de engenharia, arquitetura e agronomia do RS. Data a comemorar? Acho que não. Sei muito bem que há muitos por aí dando tudo para trabalhar aonde eu trabalho, porém, nunca fui hipócrita e não começaria a ser agora. Também não deixaria de ser sincero agora. Meu projeto de vida neste exato momento está parado sob pena da execução do mesmo criar uma obra irreversível. Como a frustração me toma conta, acabo por atingir as coisas boas da vida e a entristecer quem nada tem a ver com os meus problemas. Sim eu sou uma pessoa do contra mesmo. Não consigo viver a esmo. Porém, neste exato momento, nada mais me resta a não ser deixar a vida me levar, o vida, vida leva eu...
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Forte abraço a todos.

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