segunda-feira, 17 de maio de 2010

Segue o baile na base 'das' cordeona




Ala pucha tchê, mas as vezes a vida nos pega de soslaio. O que passo a contar em instantes é uma história que tem um final médio. É feliz por um lado e triste pelo outro. Isso, aliás, é coisa que ocorre constantemente neste nosso viver, pois nem sempre as coisas são boas, ou más, por completo. Um meio termo é o que surge. É possível que até o fim deste texto eu mude de idéia e fixe uma posição definitiva, saia de cima do muro. Mas também pode que isso não aconteça. Enfim, há uma porção de possibilidades frente um fato que já está consumado e a princípio não mais mudará. Se estou triste? Um pouco. Se estou feliz? Um pouco também. Agora, neste exato momento eu devo ter deixado o mais compreensivo leitor deste blog com a pulga atrás da orelha. Ou então, os mais diretos devem ter pensado: agora ele realmente enlouqueceu de vez. Acalmem-se amigos ainda estou dispondo da faculdade de meus atos. Por falar em amigo, é de um amigo que falarei em seguida. Destes que um belo dia a gente conhece e desde então é como se o conhecesse a uma eternidade. Um amigo desde sempre. Falarei em seguida de um amigo que não conheço desde de sempre mas que será sim, meu amigo para eternidade.
Meu amigo Jack. O Jackson Melo é uma cria lá de São Borja, filho de gente boa e simples. Um certo dia deixou os lados da fronteira e se bandeou pros lados de cá fixando residência em Campo Bom. O Jackson Melo, ou São Borja, é gaiteiro e foi por isso que eu o conheci. A história... Não me recordo bem o dia, mas sei que era um sábado. Fim de maio, início de junho, ensaiávamos na casa do Tio Manuel, pai do saudoso “Airtão” (forte abraço meu caro) às vésperas de lançar um novo grupo no mercado: o Fandangueiro. Nas gaitas tínhamos o Airton e o Miro, que, inexplicavelmente, um belo dia desistiu. Tínhamos pouco mais de vinte dias para a estréia do grupo e precisávamos de um gaiteiro. Depois de várias ligações chegamos ao Jackson. Lembro bem dele chegando no ensaio com sua moto sem conhecer ninguém (nem gaita ele tinha). Mesmo assim, topou a parada e tornou-se nosso sócio, inclusive. Três semanas depois, subíamos ao palco para tocar pela primeira vez e desde então, mais de setenta bailes parceriando em cima do palco. Sempre bem disposto, com um mate velho crinudo nos divertimos bastante até agora. A música acima de tudo é uma diversão. Das melhores, por sinal. No início deste ano, comprei a parte que cabia ao Jackson no grupo. Não para substituir-lhe, ou tirar-lhe da banda, mas para dar uma mão já que o mesmo queria comprar um carro. E comprou.
Quis o destino, porém, abreviar esta nossa parceria neste momento. Não para sempre, pois tenho certeza que ainda voltaremos a dividir o palco, mas por agora. Meu amigo Jackson comunicou-me na sexta-feira última estar deixando a família do grupo Fandangueiro. Vai respirar novos ares e tocar juntamente com os amigos do grupo Chão Gaúcho. O Jackson é tão meu amigo que me perguntou antes se eu não iria ficar chateado. Como poderei ficar chateado com o reconhecimento do teu trabalho? – respondi. Não, não será tão simples não mais vê-lo ao meu lado no palco. Não, não será tão simples não ter o cara mais engraçado perto da gente. Não, não será tão simples ter este amigo distante. Mas é confortante saber que ele está indo para um grupo com gente de bem e que o Patrão Velho permita que ele cresça ainda mais como gaiteiro.
Meu amigo São Borja, ficam aqui tristes os teus velhos parceiros do Fandangueiro. Meu amigo Jack, fica aqui um amigo que estará sempre torcendo pelo teu sucesso e pela tua felicidade.


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Em meu nome e do Fandangueiro, agradeço ao Jackson pela alegria, amizade, companheirismo, ensinamentos, parceria e pelos dias de peleia.
Boa sorte! E segue o baile na base “das” cordeona.


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Campeiro


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Abraço a todos e uma boa semana

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