sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Encilhando a sorte

Comemoramos a independência do Brasil no meio desta semana. No pretérito, é claro. Não sei se há muito que comemorar, mas enfim, é uma data que deve ser vangloriada pelo contexto republicano e democrático do nosso povo, até porque na teoria somos um país livre. Não saberia dizer se na prática essa liberdade funciona na sua plenitude. Ao meu ver liberdade é um conceito subjetivo e como tal, adepto de formas distintas de ponto de vista. Posso estar encarcerado me sentindo liberto? Sim. Posso estar andando livre me sentindo preso? Também. No fim, vai da concepção de cada um. No caso em questão, do povo brasileiro como um todo, somos um país livre e o seu povo é carregado de direitos e de deveres, é claro. Por uma época só tínhamos a segunda opção e então, sob este ponto de vista, é de se valorar ao máximo a situação de conforto em que vivemos hoje. A questão da independência é bem peculiar. O processo não precisa só ser como nação, mas sim como povo e sociedade. Como pessoa da mesma forma. Vejam por exemplo o meu caso, pretendo declarar a minha independência, passando a ser um visitante da casa dos meus pais e não mais um morador. Não será nada fácil, mas se eu não me arriscar vou seguir sempre imaginando como seria. Aliás, este ano corrente tem sido de mudanças e de riscos para mim. Quando o objetivo é maior, o conforto vem se dissipando. E acreditem, às vezes é necessário sim se colher verde para comer maduro.
Imaginem que cada um de vocês tivessem um cavalo, gateado de estima, parceiro de estrada e bueno de tranco, porém, já velho e cansado. Muito embora não passe pela sua cabeça perdê-lo, sabe que uma hora ou outra ele não vai mas suportar a lida. É preciso buscar um novo cavalo que, certamente, será um redomão precisando perder a balda. A busca da confiança mútua é diária e não garantida. Ou então, imagine se você se criou a vida inteira na estância e por advento da modernidade uma barragem será construída no rio, aquele mesmo que você tomava banho quando criança, e a fazenda será toda inundada. Sei que o primeiro passo é tentar não chorar, mas o segundo é guardar as recordações e seguir por diante. A vida é assim e não temos muitas opções as vezes. Há cerca de sete anos atrás eu estava festando na Várzea do Cedro quando fui convidado para voltar pra música de baile num projeto que já começava fadado ao insucesso. Arrisquei e não mais parei. Não pensem que estou parado neste momento. Um dia eu volto. Enfim, muitas vezes o cavalo passa encilhado uma vez só. Nas outras, é só botar a encilha. A sorte não precisa só bater à porta, nós podemos seguir o rastro dela.
No mais é esperar pra ver o que acontece. É bem mais preferível se arrepender por ter tentado a passar o resto da vida imaginando como poderia ter sido. Sei que cada caso é um caso. No meu, por exemplo, a questão financeira sobrepeja de forma circunstancial e preponderante. Mas do jeito que a coisa anda, com os pilas escassos na guaiaca, esperar pela loteria se torna a única chance que tenho. É rezar ou botar o pingo na estrada. Melhor eu ir aprumando os pelegos.

Abraço e bom final de semana a todos.

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