"Tenho saudade do meu tempo de guri
Quando cedinho eu saía pra escola
De calça curta, pé no chão e bem faceiro
Do lado esquerdo pendurado uma sacola
Quando cedinho eu saía pra escola
De calça curta, pé no chão e bem faceiro
Do lado esquerdo pendurado uma sacola
E dentro dela meus livros para estudar
E um bonezinho para poder jogar bola
E na saída com minha namoradinha
Pela estrada eu voltava bem pachola"
E um bonezinho para poder jogar bola
E na saída com minha namoradinha
Pela estrada eu voltava bem pachola"
Embora o trecho da brilhante
música d’Os Mirins não condiz completamente com o que vivi na infância, uma
coisa é certo: tenho saudade do meu tempo de guri. Mas afinal, quem não tem?
Difícil é achar alguém que não se lembre da infância com carinho e saudade. As
longas férias de verão, a despreocupação com as mazelas e dificuldades do dia a
dia, enfim, não quero generalizar, mas que a maioria sente falta, a sente.
Quando se é criança, sonha-se com a liberdade de ser adulto. Quando se é adulto,
lamenta-se a falta da liberdade de ser criança. Não é nostalgia nem rancor, mas
sim, uma constatação clara de que a melhor fase da vida é sim a infância e, por
mais que tenhamos bons momentos depois, até o dia de partir para outra
querência, nada será igual a felicidade de criança, pura e sem
constrangimentos. De qualquer sorte, o bom da vida hoje é relembrar. E disso,
seguir por diante, tentando ao menos igualar um pouco os tempos bons de
outrora, os de guri.
Neste exato momento vos
escrevo da sala de casa da vó Frida, nos altos e mais verdes campos dobrados de
São Francisco de Paula. Após algumas semanas de intensivo na faculdade, vou
curtir uns dias de férias e assim, aproveitando umas horas extras no
trabalho, tirei uma folguinha pra enganar este corpo velho, que nem é tão
velho assim mas tá aparentando como tal. Por aqui, a vida é diferente, mais pacata
(as vezes até demais) e alguns assuntos ganham proporção maior que numa cidade
tipo Novo Hamburgo, por exemplo. Nas rodas de charla em frente à rodoviária, no
ponto de táxi ou no supermercado o assunto principal, nesta altura do ano, é a
política que, assim como nas demais cidades, está surpreendentemente bem
parada. Mas não vou escrever da política de São Chico, não se preocupem. Vou
mesmo é relembrar, ainda que superficialmente, dos tempos em que nesta época,
já estava por aqui curtindo o recesso escolar de inverno. No inverno e verão eu
me “bandiava” pra cá, pra rever os avós, familiares e os patrícios. Dos tempos
em que o futebol fazia parte da minha vida, noite e dia. Bahh tchê, que
saudade!
Hoje o futebol me largou, a
gurizada foi cada um para um canto diferente e nos tornamos conhecidos,
daqueles que se avistam lá de vez em quando e perguntam como anda a vida.
Depois se despedem e seguem cada um para um canto, cada um para a sua vida.
Além da visita as vós e a familiares, hoje o que me trás a São Chico também são
os negócios. No fim das contas, depois de um tempo a gente se coaduna à
realidade da cidade grande e transforma o capitalismo em uma espécie de
filosofia de vida. Não deveria ser assim, mas acabamos por nos tornar reféns de
algumas coisas meio ingratas. Os negócios, contudo, não vão atrapalhar o meu
maior objetivo de estar aqui: o descanso. Vou sim recarregar as baterias, com
este friozito macanudo, com o minuano velho assobiando pelas frestas, trazendo
consigo o ar mais puro dos verdes campos dobrados da serra. É, tenho saudade
do meu tempo de guri. Mas que saudade!
De São Chico de Paula, um
forte abraço e bom final de semana a todos.
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