sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Tempo e o Vento - o filme

Dizem que para fazer crítica de cinema é preciso se despir de qualquer sentimento de emoção e analisar o filme, como um todo, com a razão. Ouso dizer que concordo, em parte. Além de um roteiro compatível, atores bem desempenhando o papel que lhe fora conferido, belas fotografias e uma trilha sonora que motiva o espectador, um bom filme tem que emocionar quem lhe assiste; fazer você sair da sala do cinema agradecendo por não ter experimentado o gosto da avareza e da falta de tempo; sair com a certeza que o filme valeu cada centavo que você teve de pagar pelo ingresso.

Pois na quarta-feira última, desliguei meus dois telefones e fui assistir o filme "O Tempo e o Vento", de Jayme Monjardim, baseado na magnífica obra de Érico Veríssimo. Como sou muito fã do autor gaúcho, tratei de ler todas as críticas do filme antes, para chegar já sabendo e buscando não deixar me influenciar somente pela emoção, que referi acima. Ouvi dizer que o diretor atropelou a história, ao tratar de três livros num filme só; que caiu no cacoete das novelas, por ser oriundo daquelas e etc e tal. Amantes de Harry Potter e Senhor dos Anéis nas suas versões escritas também criticam, e muito, as adaptações para o cinema.

Primeiro, concordo que a história poderia ter sido dividida em mais de uma parte. Contudo, entendi que no anseio de trazer a história por completo, o roteiro deve de ser adaptado para que a história fizesse sentido, ao ser contada pela personagem Bibiana. Na obra de Érico, a história é narrada em terceira pessoa e não por um personagem específico, daí a primeira diferença. Quanto ao fato de ser um novelão, permito-me discordar. Não suporto novelas e acharia bastante ruim ter que achar qualquer comparativo com elas em um filme tão esperado. O que não se pode negar, entretanto, é que filmes brasileiros são realizados por atores daqui que, inegavelmente, algum dia ou outro já passaram por novelas. Logo, o problema não está no filme mas sim na cultura de nosso povo.

Nesse sentido, vou exemplificar pela atuação do ator Thiago Lacerda, como o Capitão Rodrigo Cambará: para mim, não haveria outro ator no nosso cenário capaz de fazer o papel com tamanha maestria. Soube expressar bem a raça gaúcha e, principalmente, o humor sádico do personagem. Muitas gargalhadas surgiram durante o filme com suas "tiradas". Fernanda Montenegro, como Bibiana já velha, foi a tão festejada Fernanda Montenegro de sempre: sóbria e competente. Concordo com quem diz que muitos bons atores foram relegados a papeis secundários, mas nem todos podem ser protagonistas num filme de duas horas. Destaco também a atuação de Luis Carlos Vasconcelos que é o ator nordestino mais gaúcho que já vi. Impressionante!

Por fim, embora tenha alguns problemas, como todos filmes nacionais tem, para mim "O Tempo e o Vento - o filme" é uma baita película. Confesso-lhes que me emocionei de verdade. Ansiei poder ter vivido aquele tempo, de peleias, guerras e gente de brio, que forjaram o que é o nosso Rio Grande a ferro e fogo. Este é daqueles filmes que, tivesse tempo, adoraria assistir de novo em tela grande. Duvido que Érico Veríssimo teria lamentado a adaptação de sua obra para o cinema.

Portanto, meus caros e minhas caras, "O Tempo e o Vento" é um filme que EU RECOMENDO. Acredite, ao fim e ao cabo, você concordará comigo que é um investimento válido, alguns punhados de reais para assistir no cinema. A fotografia? Dispensa comentários. Quem conhece o Rio Grande sabe que não poderia se esperar nada diferente. É coisa de Deus, não duvido.

Abraço e bom final de semana a todos.

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