sexta-feira, 23 de junho de 2017

Viver para viver

Alguns de nós, humanos, com o passar do tempo vão considerando que a vida só tem felicidade plena com a ampliação de bens materiais. Um carro melhor, uma casa maior e mais bonita. Pior ainda é quando começamos a olhar o que o outro tem e passamos a querer também, mal esse que não padeço, graças a Deus.

Mas, de fato, me perdi em algumas voltas da vida. Passei a me dedicar a coisas que não são tão importantes.

Há dez anos atrás eu trabalhava por menos que um salário mínimo. Tinha um Fusca que até hoje é a minha maior paixão em termos de carro. Quase todos os finais de semana saia a tocar baile, por uns vinténs, paleteando caixas de som antes e depois de cada evento.

Hoje tenho uma renda bem maior. O meu carro é mais moderno e mais caro que o Fusca. Já não tenho mais tocado baile e quando faço chego um pouco antes para passar o som e quando acaba volto pra casa. O peso maior que carrego é o de uma velha pasta com letras de música que cisma em me acompanhar.

A vida é mais fácil hoje, sem dúvidas.

Mas a verdade é que eu sinto uma boa saudade do que acontecia há dez anos atrás.

Mantendo-se o Bernardo e a Mariana, voltaria a andar de Fusca, ganhando pouco, paleteando caixa de som a cada final de semana.

Não é saudosismo ou hipocrisia o que aqui escrevo. Apenas me dou conta de que tenho hoje a oportunidade de voltar a fazer coisas simples, mas que sempre foram carregadas de felicidade.

Eu era um bobão naquela época. Hoje sou sério, o sorriso é pouco, me divirto menos ainda. Para dançar, num baile bem gaúcho, não vou há bastante tempo.

Vale a pena viver para sobreviver, apenas?

Viver para viver.

Vou tentar daqui para frente.

Texto bom para uma segunda-feira, fato. Mas achei que precisava ser hoje, então, aqui está.

Bom final de semana a todos.

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