sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Bochincho

Causos de Fandango


“ Há um bochincho certa feita, eu fui chegando de curioso
Que o vício é que nem sarnoso, nunca pára e nem se ajeita
Baile de gente direita, eu vi de pronto que não era...” (Jayme Caetano Braum)

Hehehehe, só de me lembrar já me desato a rir. Sei que rir da desgraça dos outros além de feio é covardia, mas o episódio foi engraçado, e inevitavelmente tenho que rir, fazer o que?

A data era vinte e três de janeiro do ano de 2005, um domingo. A gloriosa festa da Várzea do Cedro, brilhantemente animada por Os Monarcas, estava chegando ao fim, e eu e meu primo e amigo Antônio resolvemos combinar de ir num evento no sábado seguinte, o Planeta Tchê. O Planeta Tchê surgiu da idéia de uma rádio de Caxias do Sul, que no embalo do outro planeta famoso, o Atlântida, resolveu fazer uma versão “gaudéria” do evento. A primeira edição, em Caxias do Sul, um sucesso, e, sendo assim, a rádio achou por bem levar para outras cidades da região. E assim foi que o evento chegou em São Francisco de Paula, onde ocorreu o caso que vou contar.
Combinado no fim da festa da Várzea, entre eu e o Antônio, a nossa participação no evento em São Chico, rumamos para nossos respectivos lares. Sábado, vinte e nove de janeiro do mesmo ano, na hora e no local combinado ( a casa da minha avó), me chega o meu amigo Toninho (como fala o meu sogro, o Zezão) pontualmente. Se não me engano, o mesmo estava de bombacha, bota e uma camisa azul e sem guaica. Imaginem um gauderião sem guaica? Não pode! Tratei de emprestar uma guaica pro meu primo. Nos trinques, nos dirigimos para o CTG Rodeio Serrano, o local do evento.
Chegamos lá, avistamos alguns conhecidos na porta do CTG, compramos as entradas e entramos, obviamente. Já dentro do salão, lembro muito bem, que durante quase todo o tempo, permanecemos de pé no canto inferior direito da pista de dança do Rodeio Serrano. As atrações da noite eram: o Grupo Quero-Quero (Porto Alegre), a acordeonista e cantora catarinense Cássia Abreu e o Grupo Cia Gaúcha, de Caxias do Sul. Exatamente nesta ordem foi que os artistas se apresentaram.
Começado o baile, o Antônio logo se engatou na dança. Eu, como já tava de compromisso com a Ana, apenas acompanhava o fandango. Aí veio a primeira situação da noite. O Antônio, se engraçou com uma morena, senão me engano, e esta tinha uma amiga. Feia, esta amiga. Não, to sendo bonzinho, terrível esta amiga (pelamordeDeus!). Acontece que a morena só dançava com o meu primo, se eu dançasse com a amiga dela. O que não faz um amigo né? Fui dançar com a tal da amiga. Uma experiência emocionalmente terrível. Dei umas duas voltas no salão para fazer a média, e aleguei não sei o que para parar de dançar (hehehe).
Já recomposto do susto, opa, da dança (hehehe), falava com o Antônio (que nesta altura também já tinha parado de dançar), sobre o porte físico dos seguranças. O mais forte deles, juntando os dois braços, não dava o tamanho de um braço meu. Os mesmos, foram trazidos pela organização do evento de Caxias do Sul.
Lá pelas tantas, já de madrugada, duas mulheres resolveram disputar o mesmo par de dança. Bahh, dois toques e voou pena pra tudo quanto era lado. Foram necessários quatro seguranças pra tirar as duas mulheres pra rua. Apaziguado os ânimos novamente, seguiu-se o surungo. Nesta altura, a Cássia Abreu já se esguelava cantando o seu sucesso, Temporal (aliás, grande composição). Encerrou-se e apresentação da cantora, subiu ao palco o grupo Cia Gaúcha para fechar a noite. Acho que tocaram uma hora e daí fechou o tempo. O temporal foi outro (hehehe).
O motivo principal do bochincho eu não sei, mas sei que os “gaúchos” de Canela estavam envolvidos. Quebrou o pau entre eles e o pessoal de São Chico. Os seguranças num primeiro momento colocaram todos pra fora. _E segue o baile gritou um, lá num canto_ Daqui a pouco eu só vi um barulho, parecia um estouro de tropa xucra, sem cerca que acudisse.
Eram os seguranças voltando correndo. Os brigões se revoltaram contra os seguranças e meteram braço. Minha gente, nunca vi nada igual. Eu nunca vi seguranças apanharem tanto na vida. E dê-lhe mango pra cá, e dê-lhe mango pra lá. Era cadeira estourando nas costas dos seguranças, coitados. Com essa o baile chegou ao fim. Na saída, tinha uma poça de sangue. A Brigada já tava lá, a ambulância dos bombeiros também. E eu e o Antônio voltamos rapidamente pra casa, pois afinal, nem sempre é bom comprar peleia dos outros.
Já na casa da minha avó, nos sentamos no sofá e repassamos a noite. Por fim, caímos em gargalhadas lembrando do embate do CTG. Pobre dos seguranças. O coisa triste ficar rindo da desgraça dos outros né? Mas foi hilário minha gente, nunca me diverti tanto num baile.
Que meu grande amigo e primo Antônio, ateste este meu relato e não me deixe mentir. (hehehe). E este é mais um causo de fandango, vivido por este taura que vos escreve.

Um forte abraço a todos, e um bom final de semana.

Um comentário:

Antônio Dutra Jr. disse...

Não só atesto, como te parabenizo por este belo relato, primo velho.
Foi nesse baile que ratificamos nossa amizade que dura até hoje, e guardo na lembrança esse entrevero, as gurias apertando nossas mãos de medo, a gente indo pro lado do palco pra se proteger e, claro, as gaitadas que demos depois, relembrando o ocorrido.
De lá pra cá, vale lembrar, nunca mais esqueci minha guaiaca, hehehehehe.

Grande abraço!