sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Rio Grande, Pátria e Querência

É, e o mundo 'véio' ta mudado. Hoje em dia as notícias correm em questão de segundos. É internet de alta velocidade, e-mail, messenger, orkut, celular. Tem os blogs e os blogueiros também. Para quem gosta de se esconder, na atualidade, está ficando difícil. O advento da globalização nos trouxe inúmeras benfeitorias, facilitou nossa vida em diversos pontos, mas, e não falta um mas em história alguma, eu acho que falta alguma coisa na nossa existência. Algo que nos faça relembrar sempre as nossas origens, nosso passado e a nossa simplicidade.
A história do Rio Grande do Sul, como todos sabem, foi forjada a ferro e fogo. Índios gaudérios se largaram aos quatro ventos, lutando por um ideal que envolvia a Liberdade, a Igualdade e a Humanidade. Todos livres e tratados como uma só pessoa. Todos donos de si, contudo vivendo e peleando por todos. Enfim, a República RioGrandense surgiu para unir um povo e transformá-lo em uma sociedade com um ideal. Ninguém me tira da cabeça, que se o Rio Grande fosse um país, hoje a história seria diferente. Certamente, seria diferente.
O Gaúcho, fez sua vida na simplicidade. Pulava cedo dos pelegos (o pessoal de fora ainda faz), camperiava e tocava a fazenda durante o dia, e à tardinha, reunia-se com a peonada no aconchego do galpão, e numa roda de chimarrão contavam causos de criaturas mal assombradas, que em noites enluaradas corriam gritando aos pagos e deixando os mais desavisados com medo até da própria sombra. Lá fora a vida era, e ainda é pra quem tem o privilégio de poder lá viver, por um lado maçante, afinal a lida de campo é pegada uma barbaridade, contudo também, prazerosa, pois a paz que lá impera e o cheiro do campo são inconfundíveis e inigualáveis. Vida dura, apertada, porém, feliz.
Quando batia a saudade dum ente querido que se bandeara para a cidade, ou da prenda linda que estava longe, era através de uma cartinha simples que a situação se resolvia. Quantas e quantas cartas recebemos da minha avó, que lá de fora nos mandava aqui pra cidade? Muitas. Sem perder o compasso, emendo a questão: Quem não tem uma velha carta guardada na gaveta do armário? Como disseram os irmãos Bertussi em uma das tantas obras de arte que escreveram, são estas, “Antigas cartas guardadas que o tempo amarelou. São lembranças do passado que no meu peito ficou.”
E quantas lembranças temos do passado não é? Eu lembro da minha infância seguidamente. Quando me dou por conta, o peito já está apertado e uma saudade profunda toma conta de mim. Se o Patrão Velho que nos guia, me desse a oportunidade de voltar no tempo e viver tudo de novo, eu voltava. Viveria cada segundo como se fosse o último da minha vida, pois só assim poderia aproveitar bem o suficiente, este que até agora, foi o melhor tempo de minha existência. Minha avó, D. Neuza, de vez em quando me conta como ela fazia pra ir nos bailes a cerca de trinta, quarenta anos atrás. Horas no lombo de um cavalo pra chegar ao salão da festa, depois amanheciam dançando e faziam o caminho de volta pra casa. Perguntada se faria e viveria tudo de novo se fosse possível, a resposta dela é curta e objetiva: _ “ Cada minuto!”.
Não sou contra o advento da globalização, à modernidade. Acredito que tudo que vir para o bem e para o conforto, deve ser usado por nós sem dúvida alguma. Não critico quem tem orkut (eu não tenho), msn, celular (estes eu tenho), mas acho que nos falta o contato direto, sentir a emoção que o amigo nos quer passar. O tempo é escasso? Sem dúvida, mas as vezes não vale a pena viver um pouco? Pra mim, a correria do dia a dia, não é vida!
Vamos aproveitar o progresso ao nosso benefício, mas nunca, repito, nunca, podemos esquecer da onde viemos e aonde queremos chegar. A simplicidade da vida gaúcha e do nosso jeito é a nossa maior conquista. Vamos manter firme a luta pelo nosso Rio Grande e pela nossa tradição. Evolução sim, modismo jamais!
Sinto falta das velhas cartas e dos causos de galpão. Ahhh tchê, os causos de galpão...

“ POVO QUE NÃO TEM VIRTUDE, ACABA POR SER ESCRAVO!”
“FOI O VINTE DE SETEMBRO O PRECURSOR DA LIBERDADE.”

PARABÉNS RIO GRANDE, PARABÉNS GAÚCHOS. Esta é a nossa data. É A DATA DO RIO GRANDE NOSSA PÁTRIA E QUERÊNCIA!
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Agenda GRUPO FANDANGUEIRO:

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BAILE CTG GARRÃO DA SERRA

DIAS: 19/09/2008 (SEXTA FEIRA) E 20/09/2008 (SÁBADO)
HORA: 20HS
VALOR: NÃO INFORMADO
LOCAL: MORRO REUTER/RS

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Um abraço a todos, e um bom final de semana.

Um comentário:

Antônio Dutra Jr. disse...

Sem dúvida, primo velho, um belíssimo texto. Gaúchos que nem tu me orgulham de fazer parte desta história.

Grande abraço!