sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dois estilos no Rio Grande

Vai algum tempo que não principio uma discussão sobre os caminhos que o nosso regionalismo tem tomado. Talvez por comodidade, por falta de tempo, ou simplesmente para não querer ver o “circo” pegar fogo. Sim, porque como um bom gaudério que sou, tenho uma opinião formada a respeito, e certamente esta não agradará a todos vocês leitores. Contudo, na última terça-feira o tema voltou a tona em minha cabeça. Participando do programa Nosso Chão da Rádio Cinderela FM, comandado brilhantemente pelo meu amigo Diego Machado (também vocalista do Grupo Chão Gaúcho), surgiu como pauta os atuais “estilos” da nossa música gaúcha. Aí pergunto para vocês, meus digníssimos leitores: Quais os estilos da nossa música gaúcha?
Certa vez numa entrevista ao Segundo Caderno do jornal Zero Hora, o grande Gildinho dos Monarcas foi indagado sobre o que achava do dito Tchê Music, e o mesmo respondeu que respeitava os músicos que tinham seguido este caminho, pois afinal, “o sol nasceu pra todos”. Quando o meu amigo Diego me fez a mesma pergunta, não hesitei em dar a mesma resposta que o Gildinho. Isso porque eu realmente não tenho nada contra a estes colegas. Decidiram eles trilhar um caminho comercial ao cultural, e cabe a qualquer um de nós respeitar os seus motivos. Contudo, há uma diferença enfadonha de eu, por exemplo, respeitar os músicos do “estilo” tchê music e gostar dos serviços que os mesmos estão prestando à população, principalmente a nossa tradicionalista.
No complemento a resposta que dei ao Diego, salientei que a linha traçada pelo Grupo Fandangueiro era diferente. Venho de uma escola onde meus professores foram e ainda são, Irmãos Bertussi, Os Monarcas, Os Mirins, Os Serranos e tantos outros bons. Sou filho da cidade considerada a mais gaúcha de toda região serrana deste Rio Grande, São Francisco de Paula. Daí eu mesmo me pergunto: Com toda esta essência correndo em minhas veias eu poderia me bandear pro mexe-mexe e o bole-bole? A resposta é simples: Jamais! Sei que não faltarão argumentos tratando de me dizer que o mundo hoje é outro, que as coisa mudaram e que o jovem não gosta de música gaudéria autêntica. Será?
Vamos pegar novamente eu como exemplo. Ninguém precisou me ensinar a gostar do trancão dos Monarcas, a gostar de uma gaita, ou de um costado de violão. Tive meus momentos de descrença em face a musica gaúcha? Claro. Mas não posso bater muito nesta tecla porque foi um momento que eu estava descrente comigo mesmo. Hoje é diferente. Quando eu escuto o som fandangueiro, seja num baile, num show ou simplesmente num ensaio do Grupo Fandangueiro, um sentimento impar de alegria toma conta do meu ser e aquilo me motiva a cantar mais forte as coisas deste nosso estado. O regionalismo está no sangue de qualquer vivente nascido neste nosso estado, bastando as vezes, deixarmos que este viva no nosso cotidiano.
Mas por onde começar?
Esta na hora de fazermos um movimento de “re-fundação”(olha as frescuras da reforma ortográfica) do nosso tradicionalismo, começando pela a união das nossas entidades. Os CTG’s de hoje estão se perdendo na mesmice e assim, o público vai abandonando os seus galpões. Unidos, os CTG’s podem fazer promoções em conjunto, trabalhando muito menos e tendo uma resposta muito mais imediata. Está na hora de recuperarmos o público que perdemos pros bailões. Foi a fraqueza administrativa dos CTG’s que disseminou os bailões. Foram os bailões que abriram as portas pro tchê music. Portanto, meus caros amigos apreciadores deste blog, a culpa pelo surgimento dos “tchês” é nossa. Me incluo sim nesta culpa, não é hora de achar um verdadeiro culpado do tombo e sim trabalhar pelo levante de novo. Temos que ter consciência que evoluir é preciso, no entanto não podemos pautarmo-nos pelo modismo. Acompanhar os adventos da modernidade certamente não é fazer o que a mídia quer que façamos, pois afinal, o nosso caráter tradicionalista está acima de tudo.

E a resposta da pergunta sobre quais os estilos da música gaúcha?

Aprendi ao longo de minha vida que no nosso gauchismo tínhamos dois estilos: a música fandangueira ( musica autêntica, para dançar) e a música nativista. Na minha concepção continuam e sempre continuarão sendo estes dois os únicos estilos de nossa música. E aí um teatino grita: E a tal vaneira universitária? .... (hehe)... Bom, esta eu não conheço. Deve ser um estilo de música nordestina certamente. E o mesmo ainda pergunta? Mas e o Tchê Music? Bom, este, na modesta opinião deste que vos escreve, é mais um “estilo” fadado à sina do início, meio e fim. Aliás, o termo tchê é uma coisa tão nossa que não deveria ser usada em vão por aí.
Mas, e sempre tem um mas em tudo, não sejamos tão radicais, pois como disseste o Gildinho: O sol nasceu pra todos.
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Um forte abraço e bom final de semana a todos.

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