segunda-feira, 30 de março de 2009

Começar de novo

Todo início de semana tem algum assunto sendo discutido na nossa imprensa. Pode ser até meio banal este assunto, mas está sendo discutido, afinal, alguma coisa eles tem que fazer não é verdade? Explorar a notícia até ela se esgotar é o que tem feito nossos repórteres, comentaristas e apresentadores, principalmente no rádio. A notícia do momento, que esta gerando polêmica, é a idéia do governo do estado de terceirizar os serviços de administração das penitenciarias gaúchas. Segundo o mesmo, o ônus dos presídios é muito grande e o estado não tem condições de arcar com os mesmos, nem com manutenção e nem com construção de novos estabelecimentos do gênero. Confesso a todos que não tenho uma opinião formada a respeito, pois vejo com ressalvas toda ou qualquer terceirização de serviço público. Lamento contudo, que o motivo que gera tal discussão não seja a construção de novas escolas, ou contratação de novos professores. Pelo que se vê, construir e discutir sobre presídios é mais importante que investir em educação.
Todos podem ver que eu realmente tenho batido muito na questão da educação nos últimos tempos. Sou neto de professora, e filho de ex-professora (desanimada e desestimulada, minha mãe deixou de dar aula há cerca de quinze anos) e tenho extrema simpatia pelo magistério. Gosto muito de História, e ainda pretendo um dia cursar e poder dar aula da mesma. No entanto, os últimos acontecimentos têm deixado não só eu, mas todos preocupados. Há uma imensa falta de segurança nos pátios escolares, já não se pode mais ter a confiança de outrora, quando os pais sabiam que na escola os seus filhos estariam protegidos. Nos nossos dias, parte-se do pressuposto que a escola não é mais um estabelecimento formador de cidadãos e sim de gangues de delinqüentes. Não podemos generalizar, é claro, a sim as gratas exceções, porém não mais tão freqüentes.
O poder público, a mídia e a população em geral, de tão acostumados com o descaso com a educação deste país como um todo, acaba esquecendo destes questionamentos: É mais importante uma nova escola ou uma nova penitenciária? O presídio é realmente um local de ressocialização de criminosos? Pelo que se por aí, respondendo a segunda pergunta, o que se vê é o surgimento de bandidos mais fortes dentro da cadeia. Por que não se discute o retorno das escolas de tempo integral, tão defendidas por Leonel de Moura Brizola? Por que não se discute novos paradigmas para o programa PROUNI, permitindo que todos possam ser beneficiados com o mesmo? Por que não se discute o retorno do antigo Crédito Educativo, que permitia a todos o acesso a uma universidade? Essas e outras questões é que deveriam estar no foco das mesas de debate e na pauta das reportagens da nossa imprensa. Construir novos presídios? Terceirizar os já existentes? Uma discussão social pertinente sim, admito, mas no fim, qualquer que for a decisão, o ônus acarretará no contribuinte mesmo. Sendo assim, que pelo menos usem o nosso dinheiro para que o retorno seja diretamente para nós.
Estes dias li um texto dum economista querendo que fosse gerado um Novo Estado, capaz este, de regular de forma imparcial e dinâmica as situações de mercado. Acho que no nosso caso, não seria só uma questão de refundar o estado, mas sim reaprender o conceito de valor. Valor moral, valor ético, valor cívico e tantos outros. Precisamos começar de novo no quesito respeito ao próximo, na convivência harmônica em sociedade, na verdadeira percepção de realidade. E a realidade nos mostra que investir em bandido não é a melhor forma de fazer um novo começo.

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Abraço e boa semana.

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